sábado, 8 de dezembro de 2012

Medvedev: oposição deve assumir responsabilidade política: Voz da Rússia

7.12.2012, 17:54, hora de Moscou
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Dmitri Medvedev, Entrevista, política, oposição, corrupção
RIA Novosti

O combate à corrupção, as relações com a oposição não sistêmica, as liberdades civis, a estratégia socioeconômica, as campanhas anti-tabagistica e anti-alcoólica, a modernização do sistema político constituem uma lista incompleta de assuntos abordados hoje pelo primeiro-ministro russo, Dmitri Medvedev, em entrevista televisiva concedida aos principais cinco canais de TV russos.

Uma das questões colocadas por jornalistas esteve relacionada com uma série inteira de processos anticorrupção contra os altos funcionários que continuam no foco da comunicação social russa e estrangeira. Segundo declarou a respeito, Dmitri Medvedev, será necessário prosseguir e intensificar esta campanha que tem um caráter sistêmico.
"Os atuais processos planejados contra altos governantes corruptos resultam das medidas aplicadas nessa área nos últimos anos. Acabamos de formar a respectiva legislação e aderimos aos convênios internacionais vigentes no domínio do combate à corrupção. Muitos qualificaram este passo como um gesto simbólico, porém, as decisões tomadas resultam da identidade de duas tendências: a imposição social patente e o respectivo quadro jurídico indispensável para o êxito da campanha. Além disso, deve haver uma vontade política. Este é um ambiente propício para iniciar o combate real à corrupção".
Dmitri Medvedev aproveitou a ocasião para advertir contra "a perseguição de funcionários e altos responsáveis como uma classe social". "Caso contrário, poderá surgir uma sensação de que em escalões dirigentes trabalhem apenas as pessoas desonestas e não leais. Mas isto não é verdade: a maioria esmagadora de altos governantes são pessoas decentes. Todavia, o reconhecimento pelo poder dos seus erros - como tem acontecido no decorrer da reforma pensionista é uma atitude normal para com a sua atividade", acentuou o primeiro-ministro.
Entretanto, o chefe do Gabinete denunciou as especulações sobre o alegado endurecimento de sanções e medidas relativas à adoção de algumas leis. Pedido para comentar a lei sobre a limitação do financiamento de entidades não governamentais por fundações estrangeiras, Medvedev asseverou que "ninguém tenciona proibir tais organizações, sendo necessário, contudo, normalizar a sua atividade".
"Seria, pelo menos, incorreto suspeitar o poder de uma tentativa de impedir a atividade de organizações não governamentais. Até hoje não aconteceu nada disso. Estamos procurando formas de regulamentação do seu trabalho. Para isso, aproveitamos um modelo praticado pelos EUA. Tem-se em vista a Lei de Agentes Estrangeiros, adotada nos anos 30 do século XX. Convém notar que os EUA não a revogaram nem pretendem fazê-lo. Mais do que isso, adicionam novas fórmulas. Não se trata da necessidade de proibir a atividade de agentes estrangeiros, nem de qualificar como ilícitas as organizações em causa. Deus nos livra disso. A questão que se coloca é a seguinte: os políticos que recebem dinheiro de outros Estados deverão obedecer às regras especiais. Assim, tais operações ficarão sob um controle especial, pois que a política interna é um assunto soberano de cada Estado concreto".
Em geral, a adoção de uma série inteira de projetos-lei, incluindo um anteprojeto sobre a realização de comícios não pode ser vista como um sinal de "esfriamento político" no país.
"Não acho serem reacionários estes projetos. É antes uma questão das expectativas que com freqüência não se combinam bem com os eventos reais que ocorrem no país. Há uma série de decisões legislativas que parecem duras demais. No entanto, seria normal apreciar os acontecimentos com base em ações concretas decorrentes das leis em vigor. As correções serão necessárias se surgirem fatos para comprovar a sua ineficácia ou o desrespeito pelos interesses de cidadãos".
No que se refere ao movimento oposicionista, este tem o futuro político no caso de os seus lideres se portarem como pessoas com o sentido da elevada responsabilidade. Os que assumem a liderança em ações de protesto devem explicar aos adeptos o que se pode fazer e o que não se pode. Com isso, os objetivos têm que ser alcançados por via legal e constitucional, frisou Medvedev, questionado sobre os distúrbios ocorridos na Praça Bolotnaya em Moscou a 6 de maio de 2012.
"O evoluir da situação demonstra que os nossos colegas que pretendem ter um determinado futuro político devem assumir a responsabilidade por aquilo que organizam. Se qualquer participante de comícios considera normal a possibilidade de agredir um policial deverá compreender que um castigo será inevitável. Não importa quem o chamará à responsabilidade - um partido governante ou oposicionista. Não se pode agredir os policiais. Em qualquer país, tal postura arrogante se qualifica como um crime, disse a finalizar o primeiro-ministro".

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