segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Guebuza responde aos tribalistas

Guebuza responde aos tribalistas
Escrito por Editorial
Segunda, 03 Dezembro 2012 07:26
-Â Â Â Naguib assina duas obras monumentais no Songo

-Â Â Â A Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB) comemorou, esta terça-feira, a passagem do 5º ano de reversão da maioria do capital da empresa de Portugal para Moçambique, um evento que teve lugar em Songo (Tete), a vila erguida no meio de pedregulhos e que começou por ser um dormitório para
trabalhadores envolvidos na construção do megaempreendimentoÂ
-Â Â Â A reversão para o Estado moçambicano de 67% dos 82% da HCB detidos por Portugal foi a 27 de Novembro de 2007, uma operação comemorada com pompa e considerada nos discursos políticos como a segunda independência de Moçambique. As negociações iniciaram-se ainda durante a presidência de Joaquim Chissano e o SAVANA sabe que elas foram deliberadamente prolongadas para fazer coincidir o momento da reversão com a ascensão de Armando Guebuza ao poder

-Â Â Â Actualmente, Moçambique controla 92.5% do capital do empreendimento, depois de recentemente os Governos moçambicano e português terem formalizado, em Maputo, a passagem de 7.5% dos 15% que Portugal ainda controlava. A passagem dos 7.5% foi feita a troco de USD42 milhões, bancados pelo Millennium bim, instituição financeira maioritariamente detida pelo português BCP.
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-Â Â Â Monumentos à Liberdade
-   A concorrida cerimónia contou com a presença do presidente da República, Armando Guebuza e uma centena de “convidados de luxo” vindos de Maputo em voo especial. Entre os convidados foi notada a presença de vários executivos da portuguesa Visabeira, empresa considerada próxima do lobby Frelimo para a energia e turismo.
-Â Â Â Foram inauguradas duas obras monumentais evocando liberdade e mulher, concebidas e edificadas pelo artista Naguib Elias, um natural de Tete. Orçados em pouco mais de 14 milhões de meticais (USD500 mil ao câmbio médio de 28 meticais), os monumentos foram considerados por Guebuza como representando “algo acima do normal”.
-   No evento, que contou com o saxofonista Moreira Chonguiça e a banda Kakana, foi igualmente lançado o livro “5 anos da reversão da HCB” e também feita a premiação a alguns trabalhadores da barragem que se destacaram num concurso cultural aberto pela empresa. O melhor poema foi ganho pelo trabalhador Ilídio Tembe e o prémio de melhor escultura foi entregue a Mariana Milton, uma funcionária que mereceu rasgados elogios do PCA da empresa, Paulo Muxanga. Chonguiça, no seu tom crítico e jocoso, “agradeceu” a Guebuza por utilizar “por quatro vezes” a palavra “ cultura” na sua intervenção.
-Â Â Â Unidade Nacional
-Â Â Â Se cultura foi evocada, o mote de Guebuza foi de facto a “unidade nacional”, uma mensagem forte numa província onde tem vindo a aumentar o tom étnico e regionalista no debate sobre os recursos naturais e os empregos que abrangem todos os moçambicanos e não apenas os originários de Tete.
-Â Â Â Recebido com canções de saudação interpretadas por alunos da Escola da HCB, onde numa delas se destacavam versos como “viva a Frelimo/viva Moçambique independente”, Armando Guebuza considerou que o futuro da barragem está intrinsicamente ligado ao desenvolvimento do país e lembrou que o empreendimento joga um papel importante no reforço da unidade nacional.

-Â Â Â “Como moçambicanos, devemo-nos compenetrar do facto de que a Unidade Nacional não é um destino, não é uma meta. Ela é a condição da nossa existência como um Povo e como uma Nação: ou mantemos a Unidade Nacional e persistimos como um Povo ou desfraldamos os factores de divisão e perecemos como uma Nação, rica na sua diversidade”, frisou Guebuza.

-Â Â Â Num discurso visto por muitos como uma resposta aos tribalistas, Guebuza sublinhou que a unidade nacional é o sangue que corre em todas as artérias da nossa sociedade, “levando o oxigénio da auto-estima, da cultura de paz e da nossa insofismável vontade de vencer obstáculos, rumo ao nosso futuro melhor”.

-Â Â Â “Hoje são também moçambicanos oriundos de diferentes espaços geográficos da nossa Pátria Amada que juntos combatem a pobreza nas suas diferentes manifestações. Por isso, temos cada vez mais espaços cosmopolitas e Songo, é um desses espaços (…)”.

-Â Â Â Guebuza, que cumpre desde esta segunda-feira uma visita de três dias à província de Tete, desafiou os gestores da HCB a identificar modelos que possam concorrer para a viabilização de projectos estruturantes.
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-Â Â Â Quebras nas receitas
-   Intervindo durante o evento, Paulo Muxanga, fez notar que em cinco anos a barragem conseguiu níveis de produção acima da média, atingindo 96.70% da sua capacidade instalada em 2009, um resultado que, nas suas palavras, é fruto de uma gestão que segue padrões internacionais do sector energético.

-Â Â Â Contudo, a HCB, que obteve uma facturação de USD350 milhões em 2011, deverá ver este ano as suas receitas a caírem em 4.0%, como resultado das avarias que recentemente registou.

-   Em finais de Julho deste ano, a HCB registou uma avaria grossa que afectou o processo de transmissão da energia eléctrica para a África do sul. A solução passou pela compra à Eskom da peça avariada, uma bobine de alisamento com um peso de 150 toneladas, que implicou uma complexa operação logística para chegar a Songo.

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