quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Carlos Veiga e o caminho do futuro


 Será que se aproxima o fim de mais um ciclo politico na vida deste grande estadista?

Depois da travessia do deserto, regressou para "tirar" a liderança do MPD à Jorge Santos, num processo que continuo sem perceber, por defeito próprio, pensando que seria o homem ideal para derrotar JMN, outro grande estadista, e o PAICV.

O eleitorado cabo-verdiano, dos mais inteligentes que se conhece, pese as acusações de se vender por cimentos, ferros e demais arbitrariedades, entendeu que não, apostando num terceiro mandato para o partido de Cabral, que já fora do próprio Carlos Veiga, concedendo assim, a JMN a possibilidade de permanecer quinze anos como chefe do governo de Cabo Verde, à semelhança do que acontecera com Pedro Verona Rodrigues Pires.

Ironia do destino ou não, Carlos Veiga admite agora, a fazer fé na notícia ora veiculada, não se candidatar a presidência do MPD, numa altura em que Jorge Santos, pensa regressar a liderança do partido ventoinha.

Com que legitimidade pergunto eu? Depois do processo que o despromoveu, a vice liderança do MPD, se quisermos ser mais simpáticos, a número dois do Veiga, não creio que terá condições para voltar a liderar um partido, com clara ambição governativa (pronto a assumir tal responsabilidade sempre que for chamado), como é o MPD, até porque, todo o eleitorado do país se recorda da fuga para a presidência do causídico Carlos Veiga e que promoveu Gualberto do Rosário a primeiro-ministro.

Numa altura, em que se discute, na Cidade da Praia, os caminhos do futuro de Cabo Verde, seria interessante, trazer a luz do dia, a questão das lideranças político-partidária.

Que perfil ou perfis deve ter o líder dos dois maiores, para não dizer, grandes partidos politicos, porquanto, ao ganhar a luta interna, o candidato eleito, transforma-se, de imediato, no candidato a primeiro-ministro, ou seja, por inerência será ou transforma-se, no potencial candidato ao cargo de chefe do governo do país.

Devemos exigir que, ao apresentar a candidatura à liderança partidária, o candidato nos dê um sinal claro do que pretende para o país, ou, ao invés, devemos deixar tal responsabilidade nas mãos do conselho nacional ou da comissão politica do partido em causa?.

Defendo claramente a primeira posição. Fica, no entanto, a questão na certeza de que, nesse período de incerteza, em relação ao futuro do mundo, dada a crise que se agudiza, cada vez mais, sobretudo na zona euro, temos de saber escolher, sob pena de se colocar em causa, o futuro de toda a geração vindoura.

Carlos Veiga foi e continua a ser um grande líder partidário, embora, defendendo ideias novecentista e que, em tempos, o levou a chefia do governo, ideias essas claramente insuficientes e/ou ultrapassadas para o estado social que se pretende agora, para o pais.

Daí, talvez o facto de o próprio pensar, ser a altura ideal para dar lugar a outros, quiçá a jovens com ideias mais claras e renovadoras, até porque, com despesas correntes do estado orçamentada em 80% do bolo, impõe-se, uma reforma profunda do estado cabo-verdiano, com cortes substanciais, em vários aspectos da nossa administração central.

É verdade que estamos falar de um homem, com grande sentido de estado, que ousou pensar o país, em tempos, com mestria e que funcionou durante oito anos, mas, o modelo que continua a pensar e julgo resultar das posições assumidas recentemente, na discussão do orçamento de estado para 2013, já não interessa de todo ao país.

Para um país, como Cabo Verde, onde falta quase tudo, até aquela paz de deus que o Bana cantava, julgo que discutir o nosso futuro, será um must a observar por todos, sem excepção, e passa naturalmente, pela melhor escolha do futuro líder da oposição.

Que nomes? Olavo Correia, Ulisses Correia e Silva, Fernando Elisio Freire, Filomena Delgado, Casimiro Pina, entre outros, quem sabe?!

Macau, 2 de Dezembro de 2012
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  • Nardi de Sousa Reflexão interessante..... caro Adelino
  • Christine Rodrigues Não concordo que o Dr. Carlos Veiga defenda ideias “novecentistas”. Aliás, o Dr. Carlos Veiga sempre que fala dos anos 90, fá-lo e muito bem, e é em forma de réplica àqueles que sempre querem pintar esta época como a pior de Cabo Verde, o que corresponde à mais pura das mentiras dos anos actuais. E ele, em nenhuma ocasião, disse que queria governar os anos actuais com as mesma ideias que teve nos anos 90. Sempre procurou frisar que os actuais momentos são outros e que outro desafios são colocados, logo, só com novas posturas poderemos lá chegar. Peço desculpa mas essa sua análise é daquelas que dá uma no ferro e outra na ferradura com o intuito de agradar a gregos e a troianos.
  • Adelino Correia Christine Rodrigues obrigado por me teres lido e sobretudo por me incluir, pela primeira vez, na lista dos que pretendem agradar a gregos e a troianos. Sem querer acabaste por me fazer um grande favor, porquanto todos, sem excepção, me apelidam de homem de ruptura, em face das posições que assumo publicamente...Ainda bem que assim é...Subjectivismo à parte, já leu um documento histórico do MPD, denominado "Legados dos anos noventa" e que se encontra na página oficial do partido (www.mpd.cv)?...Se leres terás a oportunidade de confrontar o referido documento ou legado "novecentista" com as posições públicas mais recentes do presidente do MPD...Mas fá-lo, criticamente. Hás de concluir que não diferem muito...O tal documento é de leitura fácil e só tem 37 páginas...Basta a leitura do referido documento para apercebermos que o Dr. Veiga não mudou muito, em termos de defesa da coisa pública, pelo que, contínuo a sustentar que a sua retirada, para bem do partido e de todos que defendem ideologia de centro/direita, peca por tardia...Tenho dito...
    www.mpd.cv
    Contrapropostas à proposta de lei sobre o custeio da iluminação pública.O PAICV ...
    não aceitou qualquer das propostas. O MpD vai votar contra na votação final e pensamos suscitar a questão da inconstitucionalidade de algumas das normas aprovadas que violam a autonomia municipal.
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  • Manuel Rodrigues Sr. Adelino esta sua análise mata qualquer doente por contagio. Como confundiu tudo e não soube sequer pôr em dia o que passou ontem, disseste e bem no seu post que, não sabes se é por defeito mas, presumo ser por inconsequencia e falta de tino.Bem disse Carlos Veiga, todos que almejam umas horinhas de gloria, basta que, fale mal de Carlos Veiga, então não é o que vem dando gloria e eleição de certas pessoas??? A verguinha, sacos de cimento e...foram moedas de troca ou compra de voto para os Ladeirista, para os ditos inteligentes foram notas, talves iguais as que muito dos seus receberam pela transação. Menção às 3 maiorias absoluta do Paicv, não retira as 2 maiorias qualificadas do MPD. Veiga transmite aquilo que, cada vez mais antigo, melhor, a VERDADE E O SENTIDO DE ESTADO, talves isso que é novecentista e ultrapassado na optica de muitos seguidores da MENTIRA e endeusamento aos MENTIROSOS, fazer o que???? Sr. Adelino Correia, num país onde não há muitos Veigas não podemos descartar nem perder o Carlos Veiga, pondo em risco de futuramente ter muitos a MACAQUEAR. Sr. Adelino os seus segundinhos de gloria acaba justamente no ponto final deste post. EEhhhhhhh!
  • Adelino Correia Obrigado pela consideracao
  • Joao Tomar Reconheço que o MpD não combateu politicamente e com eficácia toda propaganda ante década noventa (governação do MpD) feita pelo PAICV/governo com o dinheiro publico. Fizeram acreditar por força de uma propaganda/publicidade gigantesca, que a governação desse período (por sinal período mais critico da historia de CV) foi um desastre. Nada mais falso, é só recorrer aos dados oficiais (económico/social) e confrontar. Erros houve e ninguém os esconde e foi assumido corajosamente pelo Carlos Veiga. Parece – me que muita gente infelizmente foi pego no caminho e deixou – se contagiar.
  • Abel Djassi Amado O que queres dizer com a frase, "O eleitorado cabo-verdiano, dos mais inteligentes que se conhece." Sugiro que deixe de lado as premisas do excepcionalismo caboverdiano.
  • Adelino Correia Abel Djassi Amado a constatacao de factos objectivos. Com a abertura politica, ocorrida em 1989, salvo erro, o nosso eleitorado nao hesitou em atribuir a maioria absoluta a um grupo de cidadaos, que se reunira maioritariamente no mesmo ano, no Centro Cultural primeiro de Maio, na Praia, sem experiencia governativa, porque entendeu que seria importante mudar e implementar o sistema multipartidario no pais. Nao e verdade? Na mesma altura decidiu tirar confianca politica ao presidente Aristide Maria Pereira, apostando no presidente do Supremo, Mascarenhas Monteiro, para a presidencia da Republica. Volvidos dez anos, apercebeu-se da ambicao politica do entao Prime, para tirar a maioria absoluta ao MPD, atribuindo-o ao PAICV, com a nuance de o entao primeiro ministro ter abandonado o poder em Junho de 2000 para se candidatar a presidencia da republica, levando ao poder o pior primeiro ministro que o nosso pais ja teve. Nao e verdade?
  • Abel Djassi Amado Mas, pergunto, ja levou a cabo algum estudo sobre os eleitorados dos outros paises, para concluir tal coisa?
  • Adelino Correia Em 2011, depois de ter concedido um terceiro mandato ao PAICV para as legislativas, decidiu penalizar os candidatos deste partido, tanto a nivel presidencial como a nivel autarquico, num processo recente e que criou certo crispacao no partido de Cabral. Nao e verdade? A isso tudo eu chamo inteligencia...
  • Abel Djassi Amado O problema esta no adverbio "mais" e a expressao "que se conhece." Tais implicam que o jovem ja fez (ou leu) varios estudos de casos e estudos comparativos a nivel global sobre o comportamento eleitoral.
  • Adelino Correia Em resposta a sua questao devo responder que preocupo-me mais com a realidade do nosso pais e com a portuguesa, sendo certo que o nosso eleitorado e mais imprevisivel, comparativamente com a portuguesa...E nao se esqueca que andamos nisso a menos tempo...
  • Adelino Correia Obrigado pela expressao Jovem, ja que os meus 43 anos da-me uma certa a vontade para me pronunciar sobre estes assuntos...A final de contas vive a abertura politica in loco, pese ter deixado Cabo Verde em Outubro de 1990...
  • Adelino Correia Abel Djassi Amado muitas vezes da-me a sensacao que nos pronunciamos sobre determinadas materias da nossa realidade sem ir a procura dos fundamentos para o nosso pronunciamento. No meu caso concreto, tive a preocupacao de ler as posicoes dos dois maiores partidos politicos do pais e conclui que o MPD se afastou muito pouco das suas intencoes iniciais, o tal legado dos anos noventa, e entendo que se impoe uma mudanca de mentalidade para o bem da nossa democracia, doa a quem doer...Perguntar-me-a isso implica desrespeitar quem pensou o pais no passado?. Digo-lhe que nao, claramente. Mas e preciso sangue novo e outra mentalidade que, por exemplo Ulisses e Olavo Correia, podem trazer para a nossa democracia...
  • Abel Djassi Amado Adelino Correia por seguir de perto a politica em CV (como nas outras paragens) e que eu critico a expressao "O eleitorado cabo-verdiano, dos mais inteligentes que se conhece." Infelizmente, ainda estou por ver nas ilhas, o uso do chamado voto estrategico (isso sim, isso demonstraria a inteligencia eleitoral).
  • Armindo Pires Convém ter os pés no chão com realismo e não tentarmos "ser mais papistas que o papa",como se costuma dizer na giria em Portugal. Realmente o MPD se pretende ser governo no futuro em Cabo Verde,terá que fazer algumas mudanças,que pode passar por uma nova liderança,com ideias novas e convincentes e também "caras novas". CV é sem dúvida um bom lider com grande carisma na sociedade Caboverdiana mas talvéz esta na altura de dar lugar a outros,o poder desgasta. Até a forma como o MPD vem fazendo oposiçao sobretudo nesta legislatura parece não convençer muito os Caboverdianos. Muita gente confunde resultados eleitorais autarquicos que são eleiçoes locais muito personlizados bem diferentes de eleiçoes nacionais. Quanto ao eleitorado,acho que se divide em vários segmentos muito distintos,não sei até que ponto pode ser considerado um eleitorado "muito inteligente" ou muito esclarecido. Haver vamos!!
  • Manuel Rodrigues Mais uma vez aqui, para dizer ao Adelino que antes de publicar estes considerandos, devia-se ler e conhecer melhor a historia recente da democracia caboverdiana. Não foi em 89 que houve reunião de apresentação de grupo de cidadão no Centro Social, (não cultural) 1º de Maio. Ninguem e nunca pensou-se que a implementação de multi-partidarismo, implicaria a queda do governo de então, aliás era inimaginavel que este grupo em menos de um ano viria a receber a MAIORIA QUALIFICADA, e não absoluta como diz o Adelino Correia, portanto, tudo foi a vontade popular e mérito dos membros da direcção deste grupo, (MPD) que, foram hábeis e contrário ao que o Adelino pensa, tambem mostraram capazes durante as negociações, os programas eleitorais e acabaram por provar depois de eleitos. A substituição de Primeiro MInistro a que referiste, foi um processo normal e que hoje é discutivel, inclusive o atual 1º Ministro pode continuar como 1º ministro e não presidente do Paicv, o que quer dizer que pode-se ser 1º Ministro e não necessariamente presidente do Partido, aliás Veiga na altura argumentou e provou-se que afinal tinha razão, o que talves pode-se tomar como um erro estratégico e que tambem pode ser uma das razões que o povo não sufragou o MPD e consequentemente o primeiro ministro indigitado na altura. Dizer que o primeiro ministro indigitado foi o pior de todos, é subjectivo, pois pra mim o pior é o actual.
  • Christine Rodrigues quem é o pior primeiro ministro que o nosso pais ja teve Adelino Correia?
  • Abel Djassi Amado Responde la a sua questao, Christine Rodrigues.
  • Christine Rodrigues Eu sei quem foi o melhor!!!já o pior ainda estou em duvida Abel Djassi Amado
  • Armindo Pires Esta é fácil GR . Hahahaha

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