quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Abatida a tiro no santuário



 Observatório do Balão
Arnaldo Santos
 

04 de Dezembro, 2012

 Ultimamente, o empenho com que Nhanga Kalunga, de bom nome na tradição, demonstra na “caça” das sensibilidades juvenis (no sentido do étimo quimbundo que lhe deram como nome – nhanga), tem chamado a atenção de alguma opinião pública. Cabe-lhe como Secretário de Estado para a Juventude, fazer o aggiornamento dos grupos de jovens que enxameiam as nossas urbes caté na diáspora. Eles juntam-se umas vezes como abelhas em construção de colmeias, mas noutras como marimbondos e deles é preciso ter atenção, por ser da sua natureza excederem-se, sob inspiração das eternas utopias e das boas intenções.
A nossa juventude está, pois, longe de constituir um todo homogéneo. Não basta considerar-lhe como o “maior potencial de desenvolvimento do país”, mas tal como o petróleo e os minérios diamantíferos, que jazem no nosso chão, é preciso transformar o que é apenas potencial, em riqueza real.
Talvez seja isso que faz correr o Secretário de Estado, Nhanga Kalunga que de certo não vai querer passar despercebido quando se fizer a história da Juventude Angolana. O atraso nos levantamentos cartográficos e o adiamento do censo, impede de identificar esse potencial de subjectividades colectivas. Quantos e onde estão esses cidadãos cuja idade lhes permite pertencer à juventude? E quantos dentre eles já passaram para a vida activa, devido as contingências da vida?
É mambo que não me respeita mas findas as nossas guerras intestinas em que a Juventude Angolana esteve na primeira linha, bem como as recentes estiagens que afectavam não só o clima como também os próprios debates ideológicos.
O momento parece-me propício a novos desenvolvimentos. A badalada ideia sobre a necessidade do “resgate dos valores morais e cívicos” como aliás, se tem difundido na propaganda poderia encontrar sérias oportunidades. Explico-me.
Agora que as chuvas regressaram e o Partido no poder relançou por orientação do seu Presidente a formação política e ideológica (ainda que apenas para seguir a conduta dos seus dirigentes, responsáveis e quadros) insisto na presunção de que se abre uma época muito auspiciosa para se envidarem projectos de acção dirigidos a toda a Juventude Angolana. Actualmente, já não se lhes pede que defendam de novo as nossas fronteiras nas trincheiras com armas na mão. Que talvez sejam necessárias para combater os caçadores furtivos e defender as “Boas Causas” que tenham o beneplácito de toda a Nação. Uma que nos está mais próxima e urgente é seguir o rasto de sangue da palanca abatida a tiro no parque de Cangandala que uma plêiade de homens amigos da natureza - referência aqui para um grupo de jovens veterinários da Faculdade do Huambo - procuram transformar em santuário.
O lugar foi mais uma vez profanado e é preciso conhecer em que fogos de massuicas ou fogões ela foi servida e a quem.
Na defesa dos nossos animais são precisos líderes com o estofo de futuros generais para que o resgate dos valores morais e cívicos tenha algum significado e não passe de palavras sem conteúdo. É lugar-comum que Angola tem algumas espécies animais únicas no Mundo. Defendamo-las por obrigação internacional e por uma questão de honra.
A nossa juventude habituar-se-á a conhecê-la no ardor da luta pelas boas causas. Mesmo que e por esse facto vá contra os credos daqueles que veneram apenas o “vil metal”.

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