domingo, 4 de novembro de 2012

Soares diz que Passos Coelho é um «súbdito submisso de Merkel»

 

O ex-Presidente da República, Mário Soares, considera que Passos Coelho é um «súbdito submisso de Merkel e só faz o que ela manda». Por essa razão, refere, ignora o potencial de um bom entendimento entre Portugal e Espanha para pressionar a UE e reduzir a austeridade enquanto se relançava a economia ibérica, afirma numa entrevista ao Diário de Notícias hoje publicada. , Soares diz que o primeiro-ministro é «um súbito submisso de Merkel».

Soares considera também que a demissão do actual Governo seria uma «prova de sensatez», mas entende que haver eleições agora «complicaria tudo e pode não resolver nada».
«Tem sido uma decepção», diz, frisando que «entre o que o Governo prometeu nas eleições, para as ganhar, e o que realmente tem feito, não há comparação possível». Passos é «um discípulo reverente» de Angela Merkel, a chefe do Governo alemão, afirma na entrevista, a propósito do seu novo livro «Crónica de um Tempo Difícil», lançado na segunda-feira, onde afirma que mudou de opinião sobre Passo Coelho.

«O actual Governo depende da troika (...). Parece não ter um sentido da pátria», prossegue o antigo líder do PS, que também teve de lidar com um resgate internacional quando teve de pedir ajuda financeira na década de 1980, na qualidade de primeiro-ministro. Porém, considera haver diferenças entre o que aconteceu então e actualmente, exemplificando com as vaias ao Governo, «um fenómeno que nunca aconteceu aos Governos desde o 25 de Abril».

Para o antigo chefe de Estado, num cenário de demissão - que lhe agradaria- terá de ser o presidente da República, Cavaco Silva, a decidir.
Um novo Governo de iniciativa presidencial «não seria inevitável», mas tudo dependeria da actuação do Presidente, considera Soares. «É a quem compete a palavra seguinte. « Garantido», diz Soares, é que a actual maioria parlamentar que permitiu formar um governo de coligação PSD-CDS não se repetiria se agora houvesse eleições legislativas. «Se o Governo fosse hoje a votos ficaria muito longe de ser maioria», afirma.

«Acho que (o Governo) está um pouco desorientado e não tem estratégia», frisa Mário Soares, assinalando que o executivo «tem contra ele a esmagadora maioria dos portugueses, de todas as condições sociais».
Sublinhando que não percebe «muito bem os discursos» do actual ministro das Finanças, Vítor Gaspar, Soares considera ainda que não é garantido que a actual coligação governamental sobreviva à proposta de Orçamento do Estado de 2013, que acentuou divisões entre PSD e CDS

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