domingo, 18 de novembro de 2012

Se houve ou não felicitações dos EUA pela eleição de JES não fazem falta nenhuma - José Ribeiro

Em http://www.club-k.net/index.php?option=com_content&view=article&id=13333:se-houve-ou-nao-felicitacoes-de-washington-pela-eleicao-de-jes-nao-fazem-falta-nenhuma-jornal-de-angola&catid=17:opiniao&Itemid=124



Luanda - Os países só são grandes quando guardam intacta a sua soberania e independência. Se esse fosse o único critério, Angola era o maior país do mundo. Mas tendo em conta todos os critérios, é seguramente um dos maiores, porque os seus dirigentes fizeram sempre tudo para preservar a sua integridade e respeitam as diferenças e opções dos outros países.
Fonte: Jornal de Angola
Angola não recebe lições de democracia de ninguém
Angola não recebe lições de democracia de ninguém. Muito menos de transparência e boa governação. Entre nós nunca existiu o “sub-prime”, a nossa Wall Street nunca faliu porque não temos esse instrumento de perdição, os nossos banqueiros não andaram a esbanjar o dinheiros dos impostos, não temos uma indústria de armamento a corromper os nossos políticos, os governantes da área da Saúde não precisam de se demitir por suspeitas de corrupção como aconteceu recentemente com o comissário Europeu.
Angola tem boas relações com todos os países e povos do mundo. Quando se trata de cooperação, ninguém em Angola pergunta qual é o regime político que vigora nos países cooperantes. Os nossos políticos não andam diariamente a interferir nos assuntos dos outros Estados e muito menos a ingerir. Cada país é como é e os seus governantes estão no poder porque os respectivos povos os elegeram. Os que não são eleitos, incomodam-nos, mas são os respectivos povos que têm de resolver esses atentados aos princípios democráticos.
Nos Estados Unidos da América está em curso uma campanha eleitoral. Como habitualmente, o mundo fica suspenso e pára tudo até se conhecer o veredicto final dos eleitores e dos “colégios eleitorais”. Em Angola a vida continua e os angolanos não estão preocupados com essas eleições. Se ganha Obama ou Romney é indiferente, porque está clara uma verdade insofismável: seja qual for o Presidente dos EUA, a política externa vai ser sempre a mesma.
Não é por causa das sondagens ou dos debates entre candidatos presidenciais que os EUA vão alterar a sua política com Angola. E não é porque um ou outro candidato tem de dar satisfações a grupos de pressão que Angola vai optar por uma posição de subserviência ou subjugação. Ainda o nosso país era administrado pelos portugueses, Richard Nixon resolveu decidir sobre os nossos destinos. Foi ele que teve de mudar e por fim recuar. Kissinger e os seus sucessores, até hoje, tiveram o mesmo destino, sempre que ousaram intervir nos assuntos internos de Angola.
Por isso, estamos à vontade, esperando que os eleitores norte-americanos façam o seu trabalho. O Presidente dos EUA que tomar posse vai continuar a olhar para Angola como um parceiro estratégico e o Presidente José Eduardo dos Santos vai seguramente procurar conduzir os angolanos pelos caminhos da paz e da prosperidade.
Há pobreza em Angola, mas estamos a combatê-la com sucesso. As agências da ONU reconhecem essa realidade e apontam números impressionantes da descida da pobreza. Gostávamos que os EUA tivessem o mesmo sucesso. Naquele país amigo há cada vez mais pobres, milhares de famílias a viver de forma precária e crianças que não têm acesso à escola. Sabemos quanto isso dói a Obama ou Romney, porque além de nos magoarem os pobres dos outros países, magoam-nos e angustiam-nos os nossos pobres.
O desemprego nos EUA é uma catástrofe. Na Europa é uma tragédia. Em Portugal um terramoto que deixa em escombros o frágil tecido social que começou a ser refeito depois de meio século de fascismo. Temos imensa pena que assim seja. Sabemos que o Departamento de Estado, a Comissão Europeia, todos os governos europeus estão em pânico quando assistem ao aparecimento, de um dia para o outro, de milhões de desempregados. Deve ser uma experiência muito traumatizante para os políticos no poder nesses países, terem de reduzir os salários reais mais de 20 por cento, destruindo irremediavelmente a economia e mergulhando esses povos numa pobreza aflitiva.
Pouco mais podemos fazer do que manifestar a nossa solidariedade, porque temos entre nós problemas idênticos. A diferença é que em Angola o Estado Social está cada vez mais consolidado e forte, mercê de maciços investimentos públicos, e na Europa ou nos EUA o Estado Social está destruído e os “mercados” substituíram as suas funções.
As eleições nos EUA são um problema dos norte-americanos. Por isso, é estranho que “jornalistas” escrevam e publiquem notícias em órgãos de informação nacionais sem qualquer relação com a verdade. Essas atoardas vão desde a afirmação de que Washington não felicitou José Eduardo dos Santos pela sua brilhante vitória eleitoral até à insinuação de que membros do Executivo têm a “entrada cortada” em Washington.
Se houve ou não felicitações, desconhecemos. Mas temos a certeza de que não fazem falta nenhuma. Se há membros do Executivo impedidos de ir aos EUA, ignoramos. Mas sabemos que se alguma vez isso acontecer, seguramente que membros do Departamento de Estado ficam impedidos de entrar em Angola, pelo menos legalmente. Angola é um país tão grande como os EUA, porque é soberano e jamais hipotecou a sua soberania.

Sem comentários: