quinta-feira, 22 de novembro de 2012

S is for Samora, de Sarah LeFanu (2)

 

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Tradução:
SisforSamora_capaA premiada escritora Sarah LeFanu escreveu uma nova e significante biografia de um dos maiores heróis da libertação da Africa com o tiítulo de « S é para Samora Machel. » A autora descreveu o seu livro como uma « Biografia lexicográfica de Samora Machel e do sonho moçambicano ». A biografia toma em conta o discurso de igualdade, liberdade e o camaradismo que animou a luta de libertação da Africa austral nos anos 1960 e 1970 no contexto do decurso da Guerra Fria.
Em 1974, Samora Machel dirigiu a Frelimo, a Frente da Libertação de Moçambique, à vitoria sobre o governo colonial português. No ano seguinte, ele tornou-se o primeiro presidente de Moçambique e 11 anos mais tarde morreu num acidente misterioso de avião que muita gente suspeita de ter sido engendrado pelo governo do aparthheid da Africa do Sul.
Analisando os discursos, documentos, as memórias daqueles que conheceram Machel e evidências anedotais, a biografia apresenta as várias facetas do homem que Nelson Mandela descreveu como “um verdadeiro revolucionário africano. »
Machel foi treinado como enfermeiro, mas ele não podia aturar a opressão colonial e acabou por se transformar no mestre estratega militar.
Filho dum machambeiro com profundos conhecimentos diplomaticos para balançar a relaçao com a China e a União soviética – enquanto atraindo dirigentes ocidentais tais como Margaret Thatcher – Machel era um homem do povo que ao mesmo tempo se encontrava completamente isolado. Embora um proponente dedicado à paz, ele só enfrentava a guerra.
«Fazendo uso do jornalismo, diários e pesquisa académica, LeFanu consegue apresentar vários aspectos de grande profundeza do Machel que ainda não eram conhecidos até à data. A autora apresenta uma profunda imagem pessoal e politica de Machel que o transforma no líder famoso que era, » escreve Patrick Chabal, Professor da História Africana de King’s College em Londres no Reino Unido.
Susan Williams, pesquisadora senior no Instituto de Estudos da Commonwealth, diz na introdução ao livro: « Um livro brilhante que faz uma fresca contribuiçao para o nosso entendimento do Moçambique postcolonial e dos seus vizinhos na Africa austral. »
Sarah LeFanu é a autora da aclamada biogafia “Rose Macaulay” e do premiado livro “In the Chinks of the World Machine: Feminism and Science Fiction.” Ela diza que Samora Machel foi uma pessoa que deixou uma herança fascinante, adiantando que ele era “necessariamente” um homem que falhou e também herói ao mesmo tempo.
LeFanu nota que quando Machel assinou o pacto de não-agressão, o Acordo de Nkomati, com a Africa do Sul em 1984, ele tinha sem duvida sido enganado por Pretória para cometer um dos seus piores erros na vida do seu país. Não obstante, Machel era ao mesmo tempo um homem de dignidade e de humor, que dirigiu uma pequena naçao – quase na bancarota – a uma posição respeitável de influência na sua região e no Terceiro Mundo. E ele mantinha elementos rivais no seu partido durante tempos de adversidade e guiou o seu governo ao longo dum percurso pragmático.
Veja http://www.angusrobertson.com.au/book/s-is-for-samora-a-lexical-biography-of-samora-machel-and-the-mozambican-dream/31059960/

Comments

1
Francisco oises said...
Nao sei quao objectiva esta autora é ou ela quer romantisar um Samora Machel que nao é o verdadeiro Samora Machel. Nao me parece ser verdade que Samora Machel soube balançar a relaçao entre a China e a Uniao Soviética. Embora Machel e Guebuza fossem maoistas, a Frelimo e a sua politica decisiva depois da independencia foi traçada ou forçada por pro-soviéticos tais como Joaquim Chissano, treinado pela KGB; os obsessados pro-soviéticos Marcelino dos Santos,o stalinista Sérgio Vieira; Jorge Rebelo, Oscar Monteiro e outros.
Durante a fase unipartidaria do regime da Frelimo em Moçambique, a China quase tinha sido neutralisada ou marginalisade em favor da Uniao sovieitica que era o maior fornecedor de armas a Frelimo e que tinha a liberdade completa de explorar os recursos maritimos da costa moçambicana do Indico.
Samora Machel concebia-se como um Fidel Castro e tinha declarado guerra ao Ocidente, mas so se aproximou deste quando comprendeu que para alem de armas, a Uniao soviética nao tinha muito a dar a Frelimo. As armas que a Frelimo recebia vinham do bloco soviético enquanto que a comida e algum dinheiro para alimentar as duas tropas vinham do Ocidente apesar de Machel estar a antagonisar os paises ocidentais.
A relaçao com Margaret Thatcher aconteceu como acidente da historia. Margaret Thatcher queria a relaçao com Samora Machel para resolver o problema da Rodésia. Vendo-se a receber muitas porradas dos rodesianos e dos resistentes moçambicanos que iam a Rodésia buscar ajuda material para fazer frente ao seu regime opressivo e totalitario da Frelimo, Machel viu-se obrigado a empurrar Mugabe a procurar uma soluçao diplomatica. Mugabe, em principio, nao queria uma soluçao negociada, ele queria uma soluçao militar contra o regime de Ian Smith. Mas a realidade para Machel cujo regime podia cair por causas das porradas das forças rodesianas e dos moçambicanos por ela apoiados era outra.
Assim tendo usado Machel para resolver o problema rodesiano, Margaret Thatcher viu-se muito agradecida e a apoiar o regime de Machel até ao ponto de treinar certos homens armados da Frelimo no Zimbabwe, um grupo dos quais foram bem batidos pela Renamo na frente de Inhaminga. O treino britanico provou ser um um tigre de papel e inutil perante os aguerridos da Renamo.
"Embora um proponente dedicado à paz, ele só enfrentava a guerra." Samora Machel dedicado a paz? Esta senhora, Sarah LeFanu, parece nao saber do que fala. Samora Machel era um homem de guerra que tinha declarado a guerra ao imperialismo e ao povo moçambicano por causa das suas acçoes que podiam somente provocar uma guerra civil e so ser resistidos armadamente tais como detençoes massivos de moçambicanos, reino de terror, fuzilamentos sem julgamento e mortes em massa nos campos de concentraçao, ditos de re-educaçao. E duvido bastane se esta mulher fala destes aspectos do regime deterror de Samora Machel no seu livro.
Penso que so os Moçambicanos sao os que podem dizer se Samora Machel deixou uma herança fascinante ou nao em Moçambique. Para alem do regime de terror que Machel instalou, o governo de Machel impos politicas que causaram uma fome que dizimou milhares e milhares de moçambicanos, trouxe uma pobreza nunca dantes conhecida e quase a falta de tudo. Nem mesmo os colegas de Samora Machel na Frelimo estao todos de acordo como esta asserçao de Sarah LeFanu. Machel foi um homem que falhou! Sim, isto em grande. E em grande mesmo.
Contrariamente ao que esta mulher diz, Samora Machel nao foi enganado pelo apartheid para assinar o acordo de nao agressao com Africa do Sul. Por detras da maquinaçao estiveram os Estados Unidos que nao queriam que houvesse uma revoluçao na Africa do Sul, o pais que mais importava ao Ociente apesar do apartheid que la regia. Samora Machel era maquiavelico. Na maquinaçao americana, ele viu a sua oportunidade, mas estava enganado. Assinou aquele tratado esperando que a luta da Renamo iria acabar, mas a Renamo ja se tinha enraizada em Moçambique. Dai que ele disse depois de assinar o tratado, "fechamos a torneira, a agua vai parar." Nao penso que é justo descrever a assinatura do acordo com a Africa do Sul por Machel como um dos "seus piores erros." Samora Machel nao foi enganado. No seu estado de desespero, ele enganou-se.

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