terça-feira, 20 de novembro de 2012

Rússia procura nomes dos mortos de Stalingrado: Voz da Rússia

20.11.2012, 11:16, UTC
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Grande Guerra Pátria, cidade de Volgogrado, memória, história, monumentos, históricos
RIA Novosti

Placas comemorativas com nomes de 17 mil defensores de Stalingrado estão sendo instaladas no Cemitério Memorial Militar na colina Mamaev Kurgan, em Volgogrado (a cidade chamava-se Staritsin no tempo dos czares, passou a chamar-se Stalingrado em 1925 e, em 1961, adotou a designação atual - Volgogrado). As placas começaram a ser colocadas no dia do 70º aniversário do início da contra-ofensiva soviética na Batalha de Stalingrado, assinalado em 19 de novembro.

As placas de mármore preto com o nome e patente militar são instaladas no Cemitério Memorial Militar, onde já são eternizados mais de 15 mil nomes de defensores de Stalingrado. O chamado Muro das Lamentações será ampliado em 100 metros.
É importante que as pessoas não esqueçam aqueles que defenderam a cidade, diz um habitante local, Viktor Khorochevski. Ele tinha seis anos em 1942. Sua casa estava situada perto de Mamaev Kurgan e combates encarniçados se desenvolviam literalmente aos seus olhos. “O meu pai foi morto num combate. O seu nome – Timofei Khorochevski – está gravado numa das placas”, conta o reformado:
“As pessoas defendiam a nossa Pátria, Stalingrado, que teve grande importância internacional. Se a cidade caísse, o país seria atacado logo por japoneses, turcos. Stalingrado foi um ponto-chave”.
Destacamentos de busca ajudam a recuperar os nomes dos soldados perecidos. Este é um trabalho árduo, diz uma representante da organização social juvenil Poisk (Busca) de Volgogrado, Svetlana Pervukhina. É necessário trabalhar tanto no campo, escavando no local dos combates, como em arquivos, buscando cartões individuais e restabelecendo listas de divisões. Svetlana mostra uma placa no Cemitério Memorial em Mamaev Kurgan, em que está escrito “Praça Mindagulov Khaidar, 1905 – 1943”. Os restos mortais deste combatente de Nijni Novgorod foram encontrados há alguns anos. Felizmente, foi possível não apenas estabelecer o seu nome, mas também encontrar familiares. “Todos os anos venho aqui para venerar sua memória e agradecer a este homem”, diz Svetlana:
“Neste ano encontrámos mais de 1.300 combatentes. O trabalho foi muito difícil – o verão era quente e a terra estava muito pesada. Foi possível identificar não mais de 60 pessoas, isto é, encontrámos 60 medalhões individuais que conseguimos ler parcialmente. Os medalhões, em forma de pequena cápsula metálica dentro da qual eram colocados os dados do militar, ajudam a recuperar o nome dos que morreram. Infelizmente, embora fosse obrigatório, muitos soldados recusavam-se a usar essas cápsulas-medalhões, por superstição. Houve uma história interessante. Numa altura, encontrámos uma cápsula sem nada escrito.
Passados 70 anos após o início da Batalha de Stalingrado, em 23 de setembro, um dos chefes do nosso grupo abre a cápsula, para estudá-la mais uma vez, e o nome começou a revelar-se. Encontrámos a informação sobre o combatente que, segundo os dados oficiais, tinha sido morto exatamente em 23 de setembro. Acontecem às vezes tais histórias miraculosas”.
Alexei Tsyrulnikov, habitante de uma aldeia na região de Volgogrado, visita todos os anos a 19 de novembro a colina Mamaev Kurgan e mostra uma folha de papel amarelada com o passar do tempo – um comunicado de morte em combate, datado de abril de 1943. Na folha, com tinta violeta meio apagada, comunica-se a morte trágica do comandante de pelotão de tanques, primeiro-tenente Alexander Tsyrulnikov. O túmulo do tio foi encontrado há dois anos, após 67 anos de buscas. O oficial está enterrado numa vala comum no lado leste da colina. Seu nome é indicado numa das inúmeras placas comemorativas, diz Alexei:
“Já na ofensiva, ele participava da libertação de uma parte considerável de Stalingrado e de arredores. O pelotão entrou na parte central da cidade em 29 de janeiro de 1943. Em colaboração com as unidades da 38ª divisão de infantaria e da 143ª brigada de fuzileiros navais, o pelotão participou da captura de uma divisão de infantaria alemã. O oficial foi condecorado com a Ordem de Alexander Nevski, uma alta distinção militar. Em seu último combate, ele destruiu cinco pontos de fogo e um canhão anti-tanque”.
Como está previsto, a colocação de 1.500 placas comemorativas será concluída em 2 de fevereiro do próximo ano, no dia do 70º aniversário da vitória das tropas soviéticas na Batalha de Stalingrado.

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