segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Renamo nega rendição dos seus homens

Na esteira da Dhlakama à Gorongosa
 
- Fernando Mazanga diz que a meta é “acabar com colonialismo Frelimista”
Beira (Canalmoz) - O porta-voz da Renamo, Fernando Mazanga, disse ontem ao Canalmoz, que a “perdiz” não vai vacilar relativamente ao posicionamento que levou o seu líder, Afonso Dhlakama e antigos guerrilheiros a se concentrarem na antiga base, na localidade de Vunduzi, distrito de Gongorongosa, província de Sofala.
Mazanga desmentia assim rumores postos a circular, dando conta que alguns dos antigos soldados da “perdiz” tinham-se entregue às autoridades daquele ponto do país, por manifesta rendição.
“Toda a informação que aponta algum vacilamento dos nossos soldados e de Afonso Dhlakama, o presidente da Renamo, não passa de manobra de propaganda e contra-informação, para enfraquecer o posicionamento da Renamo. Trata-se de um mecanismo recorrente da Frelimo, meramente de fórum psicológico. Durante a guerra faziam o mesmo, diziam que os guerrilheiros da Renamo estavam a entregar-se, e se somássemos o número veríamos que eram muitos, o que era contraditório com a situação no terreno, onde a Renamo levava uma clara vantagem no teatro das operações”, defendeu Mazanga.
Jovens juntam-se a Dhlakama
O nosso entrevistado revelou que neste momento há um crescente número de jovens que querem se juntar ao líder da Renamo. Alguns dos voluntários são do bairro Benfica, em Maputo, com quem reuniram semana transacta. Também há o caso de desmobilizados de guerra de 16 anos, que se afirmaram dispostos a abraçar a causa, disse o porta-voz do maior partido da oposição.
“Aquele que vacilar depois de se juntar à Renamo é porque não se identifica com a causa, e nestes termos nunca ficaríamos preocupados com esse tipo de pessoas. Um facto relevante é que em todo o país há interesse de vários jovens de se juntar à causa da Renamo, que também é a de todo o povo moçambicano”, adiantou.
Acrescentou que a Renamo está em cada moçambicano injustiçado e sofrível, está nos excluídos. “O nosso objectivo não é fazer a guerra, porque amamos a paz, e nós é que a temos mantido”, sublinhou o porta-voz da “perdiz”.
À uma pergunta se a Renamo estaria a conversar com a Frelimo para limar as divergências ele foi lacônico a confirmar o assunto. Todavia, adiantou que a “perdiz” tem estado a manter contacto a vários níveis para a solução das diferenças que a opõem à Frelimo, partido que Governa o país lá vão 37 anos. “Em momento oportuno revelaremos o desenvolvimento destes contactos, que poderá vir a público na voz do presidente Afonso Dhlakama ou outro elemento do nosso partido”, palavras do nosso entrevistado, que se recusou a identificar a estratégias do partido para entender-se com o “batuque e a maçaroca”.
Raul Domingos a caminho de Roma?
Entretanto, também neste fim-de-semana circularam rumores de que o antigo membro da “perdiz” e negociador do Acordo geral de Paz, Raul Domingos, e por ora presidente do PDD, estaria de malas aviadas para Roma, a capital da Itália, tendo no topo da agenda o pomo da divergência entre os antigos beligerantes. Mas Mazanga foi peremptório a recusar esta informação, que classificou de puras insinuações, porquanto Domingos já nada tem a ver com a “perdiz” e não poderia ser chamado a defender interesses alheios. “Raul Domingos está a fazer trabalho de seu partido, por isso é errado confundir-se as coisas. Na actualidade a Renamo tem quadros que podem ocupar-se da agenda do partido”, frisou a fonte.
Questionado sobre o ponto que a Renamo pretende discutir com a Frelimo, Mazanga nomeou: a criação de uma nova ordem nacional, como a despartidarização do Estado, a dissolução de ilhas, quer dizer, áreas onde a Renamo e oposição são proibidos de realizar campanhas eleitorais, como Gaza. Outro ponto é o acesso à riqueza nacional, que desde 1975 beneficia a elite da Frelimo, que ao ascender o poder, tornou-se novo colono. Queremos igualdade de direitos em todas as esferas de vida econômica, social e política, além da justiça.
Não se sabe ao certo o número de antigos militares que Dhlakama junta em Gorongosa. Uns situam em oitocentos, outros em três mil. Todavia, Mazanga afirmou que não o pode revelar por uma questão de segredo. (Adelino Timóteo)

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