12/01/2010
Por Manuel de Araújo
Hoje assistimos a tomada de posse de 210 dos 250 deputados da AR. Um evento cheio de cor, alegria, pompa e circunstancia! Três notas marcaram o evento: a eleição de Veronica Macamo ao prestigioso cargo de Presidente da AR, passando assim a ser a primeira mulher a assumir tal cargo em Moçambique! A tomada de posse dos deputados do MDM, sendo assim oficialmente a terceira forca politica e a tomada de posse dos deputados do circulo eleitoral da Zambézia, eleitos pela lista da Renamo! Com a eleição de Veronica Macamo, fecha-se o circuito e confirma-se assim a hegemonia do sul nos órgãos de decisão politica e de soberania, a contar o Executivo (chefiado por Armando Guebuza), o judicial (chefiado por Ozias Pondja), o Administrativo (chefiado por Machatine Munguambe) e o Constitucional (chefiado por Luís Mondlane).
Foram sem margem de duvidas momentos emotivos, empolgantes da nossa historia! Ver o passar de testemunhos, ver a tomada de posse da primeira legislatura com um partido detendo a maioria qualificada, assistir a entrada da terceira forca no parlamento, ver o 'insubstituível', paciente e didáctico Presidente Mulembwe fora da habitual cadeira presidencial! Foi emotivo ver a nova geração assumir as rédeas da casa do povo!
Foram sem margem de duvidas momentos emotivos, empolgantes da nossa historia! Ver o passar de testemunhos, ver a tomada de posse da primeira legislatura com um partido detendo a maioria qualificada, assistir a entrada da terceira forca no parlamento, ver o 'insubstituível', paciente e didáctico Presidente Mulembwe fora da habitual cadeira presidencial! Foi emotivo ver a nova geração assumir as rédeas da casa do povo!
Dos três pontos, o que me marcou nesta sessão inaugural, foi aquilo que muitos não viram ou não perceberam! A rebelião silenciosa do circulo eleitoral da Zambézia!
Ao que parece, os 16 deputados eleitos por este circulo 'mandaram passear' Afonso Dhlakama e a sua revelia tomaram posse! O aviso a navegação fora dado aquando da tomada de posse dos membros da assembleia provincial na Zambézia. Note-se que três membros da assembleia provincial de Maputo também tomaram posse e Fernando Mazanga, porta-voz da Renamo afirmou aos media que eles resignariam! Os membros da assembleia provincial eleitos pelo distrito do Gurue tomaram posse, desafiando deste modo as ordens de Dhlakama!
O que terá ditado a emergência desta rebeldia silenciosa? Será um acto isolado ou teremos mais desenvolvimentos nos próximos dias?
Ora esta atitude, aparentemente inocente poderá fazer correr muita tinta, pois na cerimonia de tomada de posse estiveram figuras de peso, tais como o Chefe do Gabinete Eleitoral da Renamo, e membro do Conselho Nacional, deputado Luís Gouveia, o ex-vice-presidente da AR e ultimo Chefe da bancada da RUE, Viana Magalhães, o ex-Vice-Presidente da AR na V Legislatura, ex-Presidente da Comissão de Relações Internacionais na IV e VI legislaturas, e membro do Conselho Nacional, Leopoldo Ernesto, o ex-porta-voz da Bancada da RUE na ultima legislatura e actual membro da Comissão Politica da Renamo, José Manteigas entre outros!!
Desautorizado, encurralado, humilhado e isolado em Nampula, como reagira Dhlakama a este desafio a sua autoridade?
A nosso Dhlakama meteu-se num beco sem saída ao anunciar publicamente que nenhum deputado da Renamo tomaria posse!
Perante a situação Dhlakama tem muito poucas opções de sair deste imbróglio sem se chamuscar.
Dhlakama poderá entre outras engolir em seco o sapo e a humilhação zambeziana, permitindo assim que os restantes deputados tomem posse antes da convocação da sessão extraordinária que elegera os vice-presidentes, os membros da Comissão permanente, os membros das comissões bem como os presidentes, e relatores das comissões especializadas da AR. Esta opção permitiria que Dhlakama pudesse influenciar a eleição do segundo vice-presidente e o chefe da bancada do seu partido.
A segunda opção para Dhlakama, seria manter o orgulho ferido e mandar resignar os deputados que tomaram posse, correndo o risco quase certo de mais uma vez ser humilhado, isolado e desobedecido;
A terceira opção, seria manter o boicote, e ver um a um, seus deputados a tomarem posse pela porta de cavalo, piorando a sua situação de 'líder' isolado e encurralado, sem visão nem estratégia.
Por ultimo, Dhlakama pode ainda sonhar em voltar a Maringue, optando pela estratégia de autoflagelação e suicídio Savimbiano!
Esta revolução silenciosa zambeziana, poderá ser não o principio, mas o meio do fim de um líder! Sim o meio, pois o principio do fim do líder há muito que se verificou!
As próximas horas serão cruciais, pois da reacção de Dhlakama poderão advir consequências e desenvolvimentos interessantes!
Um abraço,
Manuel de Araújo
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