segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Reacção ao artigo de Macamo

Por Egidio Guilherme Vaz Raposo O ponto de vista do professor Macamo devia ser considerado nos termos que ele próprio o colocou. Desabafo. E nisto de desabafo não há método. Há em toda extensão do texto muita coisa que se pode questionar. Mas tentemos tirar uma parte, justamente antes da citada pelo Edgar Barroso, para mostrar quão “inoportunas” são as ideias do Professor Macamo. Digo inoportunas porque a serem seguidas a risca nos levariam a um estado hobesiano, ao Estado de natureza; digamos ao estado vegetativo. Existem exemplos? SIM. O Zimbabwe, curiosamente, cuja liderança é efusivamente aplaudida pelo professor Macamo.

O Professor Macamo parte de um tipo ideal da sociedade civil que opera num estado não ideal, num estado tecnicamente falido, num pais que vive há já mais de trinta anos às custas da ajuda externa. eSTE EO TIPO DA SCIEDADE CIVIL QUE O PROFESSOR GOSTARIA DE VER NO PARLAMENTO JUVENIL E OUTRAS ORGANIZACOES.

O Professor Macamo é desde há muito tempo contra a ajuda externa. Criticou o suficiente durante os anos 90 até 2005/9 a ajuda pública ao desenvolvimento principalmente ao Estado, argumentando que ela amputava as relações ente cidadãos e governantes. Porém, esta ajuda continuou. Nos dias que correm, as suas atenções estão viradas ao “tipo de cidadania e de cidadãos que o pais possui, que nem preciso dizer, é péssima: CIP, PARLAMENTO JUVENIL, não sei qual será a próxima.

Tudo bem. Estado pobre, sociedade civil pobre; tudo pobre. Isto não precisava de elaboração filosófica. Está claro. Mas atenção, nos últimos anos nasce em Moçambique uma nova consciência da auto-afirmação que provavelmente o Professor Macamo não se apercebeu. Mas deixemos isto. Voltemos ao PJ 

Há dado passo, o Professor acusa o PJ de “usar problemas sociais reais como meio de atrair para si financiamentos externos que cada vez mais têm contribuído para a externalização dos nossos problemas e fragilização do nosso sistema político.” Desde quando o parlamento Juvenil usou financiamento externo para incitar a violência ou exeternalisar os problemas do pais?

Quer dizer, a existência do PJ é vontade do estrangeiros, que tem uns saquitos de dólares para distribuir à custa do insulto ao seu governo? Não podia ser uma vontade endógena da juventude, carente de um interlocutor valido e que lute pelos seus interesses? O parlamento Juvenil não podia ter sido infeliz simplesmente por serem pessoas normais. Tinha que ser infeliz porque tinham algo a ganhar e, preferencialmente atrair financiamento externo? Em ultima analise, não acha que o Professor Macamo acusa o a liderança e todos membros do PJ de marionetas? Existira alguma diferença entre a critica que faz aos críticos e a sua própria? Existira alguma diferença entre os portugueses, que nunca acetaram o direito de autodeterminação dos povos e que por esta via desprezaram os primeiros gritos de autodeterminação dos moçambicanos que depois pegaram em armas? Estou a falar do desprezo que tem pelo Parlamento Juvenil e da sua incredulidade em relação a originalidade daquela organização.

No fundo a sua tese é a mesma da dos anos 2000, em relação aos efeitos perniciosos da ajuda externa, quando sempre achou que ela retirava a legitimidade das relações entre o estado e seus cidadãos. So que agora aplica-a contra o elo mais fraco, uma organização da sociedade civil que, à custa de apoios externos buscam fortalecer-se e fortalecer a juventude. E neste processo, vao cometendo erros, como aliás, acontece com qualquer outra orgnizacao.

E deixe-me antes de terminar defender um nova ideia. Não concordo no geral que a ajuda externa fragiliza os povos. Os financiamentos externos, quando bem usados contribuem como se pode provar a partir de outros cantos, para o fortalecimento da cidadania, desenvolvimento económico e social. Segundo, não vejo qual é o mal de termos uma organização que vive de financiamentos externos para perseguir fins legítimos. Foi assim com a Frelimo, que vivendo do financiamento externo, conseguiu liderar de forma exitosa a vitória sobre o colonialismo. Vai ser e tem sido assim, que o Parlamento Juvenil, fazendo uso de financiamentos externos consegue pôr o governo a reflectir diariamente nas suas políticas públicas. Pode parecer tosco, de baixo jaez, aos olhos de uns, mas é assim em Moçambique e pode melhorar, se pessoas de bem quiserem ajudar neste sentido.

Países existem que saíram da miséria com o mesmo tipo de ajuda que Moçambique recebe. Países há cujas sociedades saíram fortalecidas com o mesmo tipo que hoje a ajuda oferece a sociedade civil moçambicana. Existem erros? SIM, tantos. Mas tantos, que devem ser corrigidos.

Porem, naturalizar a corrupção galopante no seio dos que nos governam sob pretexto de que GATUNOS SOMOS TODOS NÓS, parece irrazoável.
LEIA NA INTEGRA O TEXTO DO PROFESSO MACAMO AQUI: http://www.jornalnoticias.co.mz/pls/notimz2/getxml/pt/contentx/1538656

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