sábado, 24 de novembro de 2012

Razões e Causas - Nelo de Carvalho

Em http://www.club-k.net/index.php?option=com_content&view=article&id=13685:razoes-e-causas-nelo-de-carvalho&catid=17:opiniao&Itemid=124

Brasil - O ódio, o rancor e a raiva encontram nas práticas da corrupção institucionalizada pelo próprio Estado a razão de sua manifestação. Não adianta dizer que a luta pelo poder está acirrada porque é a oposição que é cega pelo poder. Também o inverso pode ser dito.
Fonte: blogdonelodecarvalho.blogspot.com
E o equilíbrio entre as partes é buscada no civismo, na obrigação de que as regras devem ser cumpridas. Não importa quem está no poder, a lei deve alcançar a todos por igual, sem distinção e sem descriminação. Não importa a capacidade de influência do bandido, a coragem diante da ameaça deve ir além, não deve abalar a fé de que o malfeitor a qualquer momento será vencido.
Vivemos a democracia “do barato que sai caro”, do peixe e da fuba barata, mas quando chegamos em casa nos damos por conta que tudo está podre. Pode ser mais barato manter José Eduardo dos Santos a frente de tudo, o preço a ser pago é isso aí.
Razões e causas não faltam, as consequências são a posse desmedida e de forma absoluta por poucos daquilo que é de todos. O MPLA nos últimos tempos ressurge no meio de um Capitalismo, de barriga cheia e empanturrado, que agora optou em mostrar a língua aos miseráveis desse país. O arroto como consequência da saciedade já não é de forma discreta e educada, também, já faz parte do deboche a que nos habituou.
Suas vítimas, estupradas mental e espiritualmente, vivem das glorias do passado. Um anacronismo que o próprio MPLA e os seus dirigentes já superaram. Porque se assim não fosse a ascensão teatral de alguns, agora visto como o êxito de uma burguesia, não estaria refletido no exibicionismo daquele órgão ( a língua).
Trinta e sete anos de independência: a consciência social angolana, aquilo que um povo pensa de si mesmo e até dos outros, continua em declive. E por quê? Porque numa cidade como Luanda, até, para se abrir e erguer uma livraria, e se ter êxito de verdade, você precisa ser amigo dos donos do poder. Quando se sabe que há quem hoje com uma fortuna de 500 milhões de dólares começou com abertura de um salão de cabelereira. Haja água e detergente para se lavar tanto dinheiro roubado. A “mesma” água que falta aos milhões de angolano. Ela pode servir para se lavar o dinheiro podre dos nossos ricos, só não serve para sair das torneiras das milhares ou milhões de casa.
O MPLA deixou de ser um prêmio para os angolanos, para transformar-se num pesadelo cristão –um pesadelo na terra, sem a correspondente recompensa ( esta com certeza não existe). Na verdade, a grande diferença entre o cristianismo arcaico e caduco, e o MPLA ( com a sua militância anacrônica), está precisamente aqui: aqueles (o cristianismo) têm uma promessa e depositam suas esperanças nos Céus, estes veem em cada mentira a ser criada o próximo desafio que deverá ser institucionalizado. O Angolano vive disso, da sua desgraça, das mentiras forjadas no dia a dia; principalmente quando estás vêm de lá de cima.
Não é a razão que torna o angolano otimista. Está não existe mais para se transformar o que há de mais podre nesse país. O angolano é vitima de uma causa. E só uma: esta é a ordem que o MPLA estabeleceu e sonhou para todos nós. A causa é o próprio MPLA que lutou por todos nós, que conquistou o que só eles usufruem hoje ( a independência de Angola); a causa é uma suposta salvação da Nação de quem nesses quase quarenta anos andou pondo a mesma em perigo.
Assim, causas são muito mais fortes, que qualquer um bom raciocínio que leve a razão.
Nelo de Carvalho

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