segunda-feira, 5 de novembro de 2012

QUE O DIÓLOGO PREVALEÇA


 
EM PROL DA MANUTENÇÃO DA PAZ EM MOÇAMBIQUE.
Comemoramos, há menos de um mês, 20 anos de concórdia e de harmonia entre os moçambicanos. Festejamos, cada um à sua maneira, os 20 anos de paz. Estes 20 anos testaram a nossa capacidade e vontade de viver em harmonia e demonstraram que a paz é o bem mais precioso que temos mesmo quando comparado com as recentes descobertas de importantes jazigos de carvão, gás natural e outras riquezas disponíveis no nosso solo pátrio. As riquezas só se tornarão numa bênção se os nossos actuais governantes e políticos souberem preservar a paz e a concórdia entre os moçambicanos. De contrário toda a riqueza não passará de uma maldição e as elites políticas actuais poderão, um dia, ser julgadas e condenadas pelas gerações vindouras por terem promovido a desgraça e a humilhação dos seus concidadãos que nada tinham a ver com a ganância desmedida de alguns governantes e políticos e que não souberam, na altura, enxergar que somente dialogando, ampliando os espaços de participação política e repartido os benefícios dos recursos naturais de forma equitativa é que se poderia construir uma sociedade justa e estável. A arrogância e o sentimento de vencedor de nada servirão se o país acordar aos tiros. A propalada auto estima e o orgulho de ser moçambicano somente terá sentido se nos próximos 20 anos voltarmos a comemorar, em paz, mais 20 anos de paz ininterrupta. O resto “é conversa para boi dormir”.
Certamente que haverá muita gente, aparentemente de bom senso, que estará interessada na discórdia e no desentendimento entre os moçambicanos, pois, só assim, poderão tirar maiores dividendos das riquezas do nosso país. Não restam dúvidas de que a nossa discórdia servirá aos interesses alheios aos desígnios nacionais e perpetuará a nossa pobreza e o nosso subdesenvolvimento socioeconómico. Divididos nunca poderemos usufruir condignamente das nossas riquezas e nem sequer distribuir, de forma justa e equitativa, os benefícios destes mesmos recursos pelos cidadãos deste país, que é a razão de existência dos nossos governantes.
Preocupa-me e por vezes até repugna-me escutar algumas vozes que encaram com desprezo ou com indiferença as reivindicações constantes do Líder da Oposição, Afonso Dhlakhama e seus correligionários. Não restam dúvidas de que muitas das suas reivindicações deveriam ter sido acauteladas durante as negociações que culminaram com a assinatura dos Acordos de Paz em Roma e que deveriam ter sido implementadas durante a vigência desses acordos ou seja no período anterior as primeiras eleições multipartidárias ou ainda na pior das hipóteses antes da entrada em vigor da nova Constituição da República que foi aprovada por consenso e unanimidade pela Assembleia da República. Certamente que isto não aconteceu porque algo falhou, e, se algo falhou, naturalmente que as culpas deverão ser repartidas por ambas as partes, signatárias dos Acordo e que a maior responsabilidade deverá ser atribuída a quem detêm o poder político efectivo: ao governo do dia. E cabe, portanto, neste caso em apreço, às autoridades governamentais e a liderança da RENAMO sentarem à mesa e corrigirem o que tiver de ser corrigido sem precisar de intermediação externa e, mais do que nunca, sem antes pôr em causa a nossa dignidade como Estado soberano.
Não nos esqueçamos, caros cidadãos, que as actuais reivindicações do Líder da Oposição, Afonso Dhlakhama, têm sido repetidas ao longo dos anos e muitas delas têm também sido repetidas pela sociedade civil em geral e muito recentemente pela Igreja Católica. Tanto a sociedade civil moçambicana como os religiosos moçambicanos têm exprimido a sua indignação e condenação pela excessiva partidarização do Estado, pela forma pouco transparente como os processos eleitorais têm decorrido, pela ausência de uma lei eleitoral consensual que propicie eleições justas, livres e transparentes, pela exclusão ou reforma compulsiva dos soldados provenientes da RENAMO no exército moçambicano, pela predominância das elites económicas do partido no poder e mais recentemente de uma única ala deste partido nos benefícios das riquezas nacionais em detrimento de outros actores políticos e do cidadão em geral, etc.
Portanto, tudo o que o Líder da Oposição, Afonso Dhlakhama, hoje tem estado a reivindicar não é novidade para ninguém e varias foram as iniciativas de diólogo desencadeadas e promovidas tanto por ele como pelo anterior Presidente da República, Joaquim Chissano assim como pelo actual Presidente, Armando Guebuza, tudo visando aproximar as partes e encontrar-se as soluções mais apropriadas e que satisfizessem ambas as partes. Esses encontros foram sempre encorajados e enaltecidos pelos moçambicanos. Mas, para que hoje, mais uma vez, o Líder da Oposição, Afonso Dhlakhama, volte a fazer as mesmas exigências é porque certamente algo não terá corrido a contento nos encontros até aqui havidos. Provavelmente, para além da troca dos números de telefone entre ambas as partes, muito provavelmente pouco se terá avançado nos pontos relevantes e por isso é que chegou-se ao ponto actual.
Não restam dúvidas de que deverá haver um encontro, o mais rapidamente possível, entre o Presidente da República, Armando Guebuza e o Líder da Oposição, Afonso Dhlakama e não importa que o mesmo se realize em Maputo, em Manica ou em Sofala mas que seja de preferência em território moçambicano e que nesse encontro ambas as partes estejam predispostas a discutir com franqueza e sinceridade as reivindicações apresentadas pela RENAMO. Como cidadãos deste país não gostaríamos de voltar a ouvir que trocaram somente os números de telefone e que se falam regularmente ao telefone, o que os moçambicanos querem é que estas duas personalidades discutam tudo quanto tenham para discutir e cheguem aos consensos necessários e possíveis para que este assunto não volte mais a afectar a vida deste povo.
Enquanto cidadãos deste país queremos continuar a usufruir da nossa santa paz e concórdia entre nós e não iremos aceitar que alguém hipoteque a paz que é uma conquista que muito sangue custou ao povo moçambicano e que todos temos a obrigação de lutar para a sua preservação. Que Armando Guebuza e Afonso Dhalakama se encontrem, conversem, acertem as diferenças e obtenham os consensos nacionais para que a paz e a democracia se mantenha e floresça. Este é o desejo de todos os cidadãos deste país comprometidos com a verdade e com a estabilidade. Nada de radicalismo e de extremismos de ambas as partes.
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