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“É sobre o signo da dúvida”, assim começa um artigo, “Cirurgias a Laser no
Executivo”, de opinião de uns dos Jornais, O País, com que conta o triste
mercado da imprensa angolana. Dando mesmo a entender que a situação de
Governança e Governabilidade em Angola ainda geram dúvidas ( ou só geram
dúvidas), tal que nessa dúvida, como sempre, consiste em legitimar as atitudes
de quem está no poder há mais de trinta anos cometendo as mesmas falhas e
erros: as mesmas brutalidades!
Que se diga, depois de trinta anos no poder, não são meras dúvidas, são
certezas com que todos estamos lidando. E a maior delas é de que quem nos
governa deixou de ser um mito político e ideológico para se transformar num
administrador e gestor incompetente. Essa é a pura verdade, que se tornou
irrenunciável, tornou-se fatídica, e agora deve ser aceita. Até por aqueles que
fazem da defesa do chefe as diferentes guerras que esse povo travou em inúmeros
campos de batalhas. Não estamos aqui fazendo o uso de metáfora nenhuma, guerra
sim no sentido literário da palavra e batalha no sentido Generalíssimo de
combate. Os camaradas ainda pensam que defender o chefe é uma prolongação de
missão a ser comprida pela Batalha de Kifangono, Kuito Kaunavale, invasão em
direção ao sul e leste para derrubar o exercito traidor e vende-pátrias de
Jonas Savimbi. Não faltam mesmo aqueles que vivem acreditando que ainda estão
em guerra e que uma oposição ao chefe é uma declaração de guerra que deve ser
enfrentada em tons de guerra e de campanha de Resistência Popular Generalizada.
Se tivessem que fazer o bom uso das tradições de luta desse povo, a
Resistência Popular Generalizada (RPG) deverá ser, agora, contra a corrupção. E
os inimigos da RPG todos nós já sabemos quem são eles. E para que temam seus
inimigos! Nunca na historia do país se fez tão bem o uso de um instrumento de
resistência para enfrentar seus males.
Paramos e prestamos atenção ao texto, do O País, com o objetivo de
desmistificar um consenso que existe entre os cidadãos angolanos, de que tudo
que vem do executivo angolano, principalmente do seu chefe, é perdoável e pode
ser visto como a obra de um herói que há trinta anos só se dedicou com os seus
“serviços” a gerar benefícios ao povo. O início do texto induz ao cidadão comum
a permanecer nesta eterna inércia, pede do mesmo uma compreensão inexplicável,
com aquele que nunca fez da coragem e da ousadia um instrumento de humildade
para reconhecer suas falhas. Sorte que só são palavras, mas o desejo de vomitar
ao ler o texto foi imenso. Em algumas declarações da imprensa nacional e até
mesmo pelo discurso do presidente já é possível ver o lado não herói de quem
assim sempre se apresentou; o que se vê agora, mas na surdina, é uma apelação
ao caráter humano, e com todas as falhas, do nosso herói com três décadas no
poder. Só que o instinto de covardia é a maior manifestação daquele lado
humano. Por quê? A resposta é simples, o presidente insiste em culpar a
camaradagem, que sempre o apoio incondicionalmente, pelas falhas e os atos de
incompetência da administração pública.
Ainda que fossem só dúvidas, já seria mais do que suficiente para punirmos a
incompetência, a corrupção, a desgovernança “traduzida” no discurso curto e de
improvisação do chefe de Estado. Em que os outros, sempre, é que trabalham com
“métodos desenquadrados”. Por que o Presidente da República e seus defensores
temerários têm tanta certeza de que o seu trabalho – o do Presidente- não deve
ser objeto de nenhum tipo mensuração ou contestação? Que tudo o que o
presidente decide, faz e deixa de fazer não tem porque ser parametrizado,
usando-se simplesmente as noções de bom, regular, medíocre, péssimo ou muito
mau. Por que existe tanta convicção de que aquele homem, que é tão humano como
qualquer um de nós, e que hoje está no poder, não deve ser acusado por
ineficiência e incompetência? Já não estamos aqui a falar de corrupção em que
se precisam de todas as provas legais e convencionais para se acusar alguém de
corrupto.
Estamos falando da percepção de qualidade que cada um de nós seres humano
tem por direito, dever e obrigação de concluir que determinadas obras humanas
podem ser consideradas como boas ou más. Nesta avaliação não é difícil concluir
que como administrador e gestor da coisa pública ao longo dos 30 anos, em que
soube se ocultar, fazendo como escudo e carcaça de proteção as dificuldades que
a guerra trazem a qualquer sociedade, José Eduardo dos Santos soube “mostrar” e
ocultar, simultaneamente, toda sua incompetência. O quanto é inútil como
administrador e até mesmo como guia intelectual de uma administração pública
que sempre precisou dos melhor exemplos, e que nunca apareceram. Ao contrário,
foi vítima de uma mentalidade e discurso promiscuo, vindo do próprio Presidente
da República quando dizia: “que ninguém num país como Angola vivia só do
salário da Administração”, até mesmo quando esse salário viesse da iniciativa
privada. O que se entende que qualquer cidadão na surdina, passando por em cima
das regras, normas e leis poderia se dar no direito de conquistar o que
quisesse, usando meios, fins e métodos que só numa seita ordenada por bandidos
e delinqüentes as pessoas se sentiriam a vontade. Talvez seja isso que o
presidente e todos os seus parceiros, amigos e camaradas, terão de usar um dia
para se defender de supostas acusações de enriquecimento ilícito. Ou, talvez,
seja isso, que impossibilite que ele e todos aqueles de que o mesmo está
rodeado evitam responder as acusações de um sujeito arrojado como Rafael
Marques.
Aquele Jornal, O País, quando sugere dúvidas tenta mostrar a transparência
de Atos Administrativos num país onde nada disso existe. E o pior ainda onde o
seu mais alto mandatário, pode não ser acusado como maior protagonista, mas ao
longo dos anos especializou-se a se inocentar a si mesmo. Um ato que só
caracteriza os covardes e os cínicos, como já dissemos e sugerimos outras vezes
em outros artigos.
E o mesmo Jornal, O Pais, num gesto de comicidade, que só supera o do Jornal
de Angola vem jogar um bom papel na defesa do “nosso intocável Presidente”. Que
hoje, depois de tantos eventos de ridicularização, ninguém mais tem cacife de
chamá-lo de clarividente. Mas que eu aqui insisto em chamá-lo: Ele, sim, é um
clarividente na arte de esconder tanta sujeira de baixo do tapete. Por isso,
ainda, consegue se apresentar diante do público como o homem bonito e bondoso
que todos nós nos habituamos a ver e ter para esconder as mazelas desse povo.
Que ele preserve eternamente sua boniteza e bondade, mas as imundices
provocadas na administração pelo mesmo e os seus companheiros estão mais do que
evidentes. Isso é quase impossível esconder. Quem diz isso? É o próprio,
cansado de tanta reverência pelo que faz, deixa de fazer e nunca fez. Ele sabe
que não merece tanto. Como dizem os Brasileiros, “talvez chegasse a hora de se
tocar”.
A história de uma nação é também a história do seu pensamento e da sua
inteligência. Num instrumento de política vagabunda, o Jornal “O País” mostra
que está muito atrás disso, entregando-se como instrumento que apóia a
corrupção e o mercenarismo contemporâneo: “Escrever para agradar um corrupto
ditador”. A filosofia é a ciência, inquestionável, daquele pensamento e dessa
inteligência. Que quando um dia em Angola tivermos a mesma a funcionar em nome
do povo e da nação descobrirá que José Eduardo dos Santos, em toda sua vida,
foi um troglodita que passou o tempo todo rindo do homem civilizado.
Isto não é uma certeza tirada diante de um conflito político –entre quem
está no poder e quem está longe dele-, e motivado por inúmeras razões
emocionais. Pode ser o inicio de uma certeza científica com tonalidades de
presunção materialista, sim, o que é pior ainda, para quem está no poder e
aqueles que se habituaram, cegamente, a dar proteção ao mesmo: o MPLA.
Para quem está preocupado com este articulista, não cabe o pioneirismo a
este coitado, mas o Universo na sua conjugação de forças tem tempo mais do que
suficiente até para absolver absurdos como daqueles que escrevem aqui no
club-k.
Ao Jornal, O País, e todos os Jornalistas desse país, eu os convido a que
pensemos. Gente, é o mínimo que podemos fazer nesse momento. Em vez de nos
dedicarmos a bajular os incompetentes.
Nelo de Carvalho
Nelo6@msn.com
O que é o Wikileaks?
É a prova de que o Mundo avança, está progredindo e que a evolução da
humanidade jamais dependerá de opiniões e suposições imbecis como aquela que se
nega acessar o club-k, quem sabe mesmo a internet. Aposto que tem funcionário
do governo de Angola, e quando digo funcionário, digo altos funcionários:
aqueles que se alimentam bem, andam em Mercedes de luxo, enviam suas mulheres a
fazerem seus penteados nos melhores cabeleireiros de Lisboa e compram suas
roupas nas melhores grifes das grandes Capitais Européias; que ficarão por um
ano, senão mais, sem saberem “O que é o Wikileads”.
Querem saber o significado da palavra, ou que fenômeno é esse? Se quiserem
acessem a internet, talvez quanto menos, o club-k. Por que se dependerem do
Jornalzinho de Angola, aquele Jornal do papai, pertencente a um líder moribundo
de espírito e de alma, continuarão desinformados pelo resto de vossas vidas. Ou
ao menos até que aquele sujeito continuar no poder.
O Wikileads é a prova de que gente arrogante e burras jamais podem ser
governantes, e nisso inclui em governar um país como Angola, mesmo infestados
de corruptos e todas pragas herdadas de um baú que nem é superado pela caixa de
pandora.
O Wikileads é claro que é uma guerra mundial protagonizada na rede mundial
de computadores; uma guerra em favor da comunicação e do espírito democrático
sedentos em tornar livre qualquer comunicação; é um gesto que protagoniza a
luta pela verdadeira liberdade de imprensa; um gesto de luta contra o fascismo
e todas as ditaduras opressoras da liberdade de expressão e comunicação ( todas
as manifestações fascistas, venham elas de onde venham!). Mas, também, é um
gesto, simbólico ou não, direto ou indiretamente, contra o governo corrupto de
Angola, contra o regime corrupto e decadente de José Eduardo dos Santos. Mesmo
que nos 250 mil documentos jogados ao ventilador como excrementos o nome desse
país que é famoso pela sua corrupção não apareça. É a prova da insignificância
desse país no cenário das nações, que agora, pela corrupção e os vícios que
dariam inveja aos donos de qualquer bordel, tornam objeto de interesse ao
Capitalismo Mundial, não pelo seu povo sofrido, mas por suas matérias primas
vendidas a preços de bagatelas para alimentar uma elite de corruptos.
O Wikileads é também um gesto pela salvação de um partido de massas, que até
bem pouco tempo soube representar o seu papel, esse partido é o MPLA! O
Wikieads é melhor que o Comunismo, é a Liberdade rejeitando todas as
imposições, querendo voar como lhe convém!
O Wikileads é a Grande Rebelião da Humanidade em favor da comunicação
transparente, que se nega a ver no próximo, no estrangeiro ou mesmo no nativo e
nacional, o inimigo a ser abatido pelas suas idéias e suas opiniões. Ou ainda,
seu estilo de vida, sua forma de amar e querer as coisas, suas ambições e
sonhos. É um protesto, um grito e uma negação absoluta a todos os tiranos. É,
ainda, a verdadeira solidariedade para com os espíritos que, por qualquer
motivo, vivem ofuscados, vitimas das sombras do engano e de toda a ocultação
fantasma e diabólica.
Talvez, o Wikileads tenha vindo para ficar. Para muitos como um cavalo
selvagem que só saberá responder aos instintos de sua dona: a humanidade ou a
grande rede de computação.
É a vingança do ser humano contra toda a estupidez!
Nelo de Carvalho
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