As circunstâncias do crime, ocorrido na manhã de hoje, ainda não estão apuradas e, apesar de muito mal tratado, com golpes de faca e escoriações por todo o corpo, o ex-autarca de São Vicente não corre perigo e, ao que parece, já estará em convalescença na sua residência
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| Não é a primeira vez que Onésimo é vítima de um crime, especulando-se sobre as motivações |
Mindelo, 17 novembro 2012 – Ainda não estão esclarecidas as circunstâncias da violenta agressão de que foi vítima o ex-presidente da Câmara Municipal de São Vicente, ocorrida hoje na sus própria residência em Selada de Baleia. Onésimo Silveira foi encontrado por familiares, deitado no chão e esvaindo-se em sangue, após ter sido esfaqueado em várias partes do corpo, ao que a própria vítima disse, por dois homens encapuçados.
O ex-edil, embaixador, político e escritor, recebeu tratamento no Hospital Baptista de Sousa a um corte na face e apresentando escoriações em várias partes do corpo, mas sendo a sua situação clínica considerada estável, dado não ter sido atingido qualquer órgão vital. E, ao que o Liberal conseguiu apurar, Onésimo já se encontra a convalescer na sua residência.
Nada se sabe, até ao momento, sobre as motivações dos agressores, nem a Polícia Nacional conseguiu elementos sobre a sua identificação e rasto. Mas a entrada da Polícia Judiciária (PJ) na investigação poderá fazer conhecer pistas que levem à descoberta de nomes e motivações, até porque os criminosos deixaram para trás duas armas brancas: uma faca e uma catana.
ANTECEDENTES NUNCA ESCLARECIDOS
Este não é o primeiro caso de natureza criminal que envolve o nome de Onésimo Silveira, pois já em Julho do passado ano, o escritor viu a sua viatura totalmente destruída pelo fogo, frente à sua residência, mas sem que até agora tenha sido, ao que se sabe, encontrada qualquer pista que permita apurar e identidade do autor (ou autores) do crime.
A 26 de Julho de 2011, Onésimo, que foi também conselheiro do atual Primeiro-ministro, deparou-se com a sua viatura completamente consumida pelo fogo, tendo na altura declarado à Inforpress que, segundo a PJ e os Bombeiros Municipais, se teria tratado de um ato criminoso “provocado por substância inflamável”, eventualmente gasolina, que consumiu a viatura em 12 minutos. E, por essa ocasião, especulou-se mesmo que as motivações teriam sido de natureza política.
Especulações que, no entanto, foram afastadas pelo ex-embaixador em Lisboa: “Apesar de estarmos a viver uma situação especial de campanha eleitoral, eu creio na civilidade do povo de Cabo Verde. Não penso que seja encomenda de qualquer partido político”, referiu nessa ocasião à Inforpress. Mas o certo é que a dúvida se manteve, até por se tratar da primeira vez que a viatura pessoal de um político era incendiada em Cabo Verde.
LONGO TRAJETO POLÍTICO
Nascido no Mindelo em 1935, nos anos 60, estudou em Uppsala (Suécia), onde iniciou intenso trabalho de solidariedade com o PAIGC, que nas matas da Guiné-Bissau travava uma luta de guerrilha contra o regime colonial português. E a sua influência junto de políticos daquele país foi fundamental para o apoio da Suécia ao partido fundado por Amílcar Cabral.
Regressado a Cabo Verde em 1990, juntou-se ao MpD, mas cedo se afastou concorrendo como independente à Câmara de São Vicente no ano seguinte e reeleito quatro anos depois. Tendo rompido com o partido ventoinha por razões ideológicas, fundou em meados dos anos 90 o Partido do Trabalho e Solidariedade (PTS) do qual foi cabeça de lista nas últimas legislativas em São Vicente, não conseguindo garantir a eleição.
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