terça-feira, 6 de novembro de 2012

O clamor das hienas

 

Coisas da nossa terra porEdwin Hounnou
Depois do X Congresso do partido no poder, havido em Pemba, Cabo Delgado, de 23 a 28 de Setembro passado, o público tem sido bombardeado por participantes e/ou seus simpatizantes sugerindo não haver nenhuma alternativa ao poder. Dizem os comissários políticos do regime que “a oposição apenas se limita a criticar, assim, não serve para alternativa, o partido no poder se vai adaptando às novascondições políticas e económicas e blá...blá... blá...”.
O Professor Lourenço do Rosário faz parte deste grupo de profetas do diabo. Este discurso roça o ouvido do povo por não ter qualquer sustentação lógica, mais parecendo com o uivar de hienas, à procura dos restos do manjar que sobram da opulenta mesa do poder. Dizer que não há alternativa é um insulto à consciência do povo.
Para os que dizem não haver outros para pegar o poder de maneira responsável, alternativa é o clube dos amigos que, recentemente, estiveram acocorados em Pemba a trincar fundos públicos amealhados através de descontos dos salários dos funcionários públicos –professores, enfermeiros e outros como forma de “apoio voluntário ao glorioso partido de todo o povo”.
Esses comissários políticos de meia tigela estiveram uma semana inteira, em Pemba, a comer e a beber dos salários dos funcionários do Estado que não encontram outra alternativa senão receber o cartão vermelho para garantir que, ao fim do mês, possam dar uma côdea de pão aos seus filhos. Pensam que todos correm para miar debaixo da mesa do poder, gritando viva a este ou aquele, doando aquilo que faz falta à sua própria mesa.
Como se explica que, ao fim de 37 anos consecutivos no poder do mesmo partido, se pense não haver alternativa aos corruptos? Não há alternativa aos que roubam e se proclamam empresários de sucesso, meninos e meninas milionários? O povo sabe como eles se tornaram milionários. Nunca trabalharam, herdaram dos seus avós a pobreza. Não vale a pena as hienas entupirem os ouvidos do povo com cantigas vazias. Um povo sem alternativa não existe. Pedimos aos que insultam o povo para se manterem calados que, deste lado, não existem parvos nem estúpidos para adormecer com discursos do tipo lambe-botas.
A quem engana Lourenço do Rosário? –Apenas à sua turma!
Para não haver alternativa, o partido no poder, nas eleições, faz o enchimento de urnas. O partido governamental para se manter no poder partidariza as instituições públicas. Para vencer as eleições, coloca seus membros na CNE e no STAE. Para manter os seus adversários fora do jogo, lança a Força de Intervenção Rápida para batê-los e prendê-los.
Nos tribunais pontificam juízes partidários para condenarem os que lutam pela alternativa a penas irrecorríveis, como ficou provado no julgamento de Inhambane. Este comportamento do partido no poder abafa qualquer surgimento de uma alternativa.
Fica muito feio uma mentira deste tamanho vir do Professor Lourenço do Rosário que, também, esteve em Pemba a comer dinheiro dos pobres.
CORREIO DA MANHÃ – 06.11.2012

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