quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Marcelino dos Santos propõe educação política aos músicos

18/05/2009

Por Fenias Zualo

O histórico da Frelimo e antigo Combatente da Luta de Libertação Nacional, Marcelino dos Santos, disse que alguns músicos moçambicanos precisam de uma educação política para não se desfazer das suas raízes culturais nos conteúdos dos seus trabalhos.
Dos Santos, convidou os músicos a revisitarem as suas raíses, sublinhando que para tal, segundo defendeu, não há necessidade de uma intervenção administrativa. “Os músicos devem ser educados politicamente e ser ensinados a dançar e cantar de uma maneira útil para o país”, disse Dos Santos, afirmando que as culturas ocidentais são ventos que ondulam na cultura moçambicana.
Marcelino dos Santos que falava numa palestra subordinada ao tema “A construção da moçambicanidade através das artes e cultura durante a II Conferência Nacional da Cultura, que teve seu epílogo fim de semana, sublinhou que o mosaico da cultura moçambicana é constituído por todos os mosáicos do povo bantu, sendo que não figuram outras culturas.
“Tal como aconteceu no desporto em que acabamos os nomes dos clubes que ostentavam entre outros, nomes de Benfica e Sporting, na cultura também um dia isso vai acontecer porque essas raízes não são moçambicanas”, defendeu, avançando que “nestas coisas não precisamos andar com dúvidas, as nossas raízes quando deixarem de ser mosáicos culturais, passarão a ser símbolos nacionais”.
Prosseguindo com a palestra, disse que mesmo nos tempos da guerra contra a ocupação estrangeira, as diversidades culturais do país não escondiam as ansiedades, apesar de o colonialismo ter se oposto destas todas manifestações.
“Não estamos contra outras culturas, durante a colonização, as nossas esculturas, canções, danças e línguas, faziam menção de que era tudo de indígenas”, disse esclarecendo que a opressão cultural é um crime.

Aquele veterano disse que a moçambicanidade é uma exigência da própria história e não havia outro caminho para libertar a terra e os homens senão a guerra onde o próprio guerilheiro era um comissário político.
Por exemplo disse que os moçambicanos souberam assumir as suas responsabilidades perante o continente africano e o mundo, recordando que no ano passado, aquando da xenofobia na África do Sul que provocou o regresso de moçambicanos, algumas pessoas questionaram porque estávamos a assistir o cenário sem nenhuma reacção.
"Nós dissemos que não precisamos retaliar, o nosso povo está avançar pela paz, não havendo razão de tirarmos a quem quer que seja. Foi a pureza e a justiça que nos fez não reagirmos aos actos de xenofobia na África do Sul”, disse afirmando que não negamos os problemas que existem, só que devem ser resolvidos de um forma pacífica.
DIÁRIO DO PAÍS - 18.05.2009

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