quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Hollande está copiando Sarkozy na questão síria: Voz da Rússia

14.11.2012, 11:24, UTC
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François Hollande França
EPA

A França reconheceu oficialmente a oposição síria como único representante legítimo do povo sírio. O antigo presidente francês, Nicolas Sarkozy, deve estar admirado com tal passo do seu sucessor socialista François Hollande, que reproduz na íntegra o “cenário líbio” da anterior presidência francesa.

A “nova” e a “velha” política árabe de Paris misturou tudo de tal modo que agora até é difícil entender quem ocupa o Palácio do Eliseu: Nicolas Hollande ou François Sarkozy?
Sarkozy foi o primeiro a reconhecer o Conselho Nacional de Transição da Líbia em 10 de março do ano passado. Passados nove dias, a aviação da OTAN começou a bombardear a Líbia. Hollande reconheceu em 13 de novembro a Coalizão Nacional Síria das Forças de Oposição e da Revolução (CNFROS), acrescentando que a questão da entrega de armas aos rebeldes “será necessariamente replanejada” pela França logo que a oposição síria formar um governo de transição.
"Estes cenários são praticamente iguais", diz Serguei Fiodorov, colaborador científico do Instituto da Europa da Academia de Ciências da Rússia, :
“Quanto à possível intervenção, o problema não consiste apenas em assuntos jurídicos, tais como o levantamento do embargo da UE aos fornecimentos de armas. As Forças Armadas do presidente Assad são muito mais fortes do que o exército do antigo regime de Khadafi na Líbia. Assad dispõe de armas químicas e, portanto, é mais complicado /os europeus/ meterem-se aí impensadamente, como Sarkozy e o primeiro-ministro britânico Cameron fizeram na Líbia. Tal, pelos vistos, detém os líderes ocidentais de passos precipitados. Por outro lado, as posições duras da Rússia e da China também significam muito”.
No fim desta semana (16 de novembro), irá decorrer em Londres uma conferência de “doadores da Síria”, em que será discutido o financiamento de rebeldes sírios e de seu “gabinete de transição”. O Reino Unido nem esconde que está previsto recolher significativas “doações” da parte das mais ricas monarquias petrolíferas da Arábia, que se reunirão na conferência. Os meios serão canalizados para a aquisição de armamentos. Para tal até nem será necessário levantar o embargo aos fornecimentos de armas à Síria, que por enquanto está em vigor só na UE. Os armamentos serão fornecidos através de países do Golfo Pérsico.
A Europa está muito próxima de uma posição unânime em relação à Síria, mas está longe de unanimidade quanto à intervenção militar, diz o analista de problemas europeus da Academia de Ciências da Rússia, Dmitri Danilov:
“O reconhecimento do governo oposicionista na Síria levará algum tempo. A formação de um consenso na União Europeia em relação a outros problemas, inclusive em relação ao reconhecimento do governo da oposição, também precisará tempo. A meu ver, é pouco provável que a UE possa tomar nos próximos tempos uma decisão sobre o fornecimento de armas à oposição”.
Os Estados Unidos ocupam por enquanto uma posição indefinida. Oficialmente, o Departamento de Estado declara “reconhecer a oposição” como único representante do povo sírio, mas não está disposto por enquanto a reconhecer o governo oposicionista. As autoridades da Argélia, Iraque e Líbano, sem falar do Irã, também se recusam a reconhecê-lo visto que são os países com uma grande percentagem de população xiita. O presidente Assad pertence à comunidade alauita, que deriva do xiismo.
Segundo especialistas, Hollande optou por uma atividade dinâmica no “vetor sírio” para demostrar as suas qualidades de liderança. A sua popularidade de hoje é inferior a 40% em comparação com 60% em maio, logo após a eleição. A taxa de aprovação de um presidente recentemente eleito nunca baixou tanto em toda a história da 5ª república.

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