segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Ex-líder guerrilheiro ameaça voltar a pegar em armas em Moçambique

 
GORONGOSA, Moçambique — O ex-comandante da guerrilha moçambicana Afonso Dhlakama ameaçou nesta segunda-feira retomar a luta armada para combater o governo da Frelimo, acusando a formação de se apoderar de todas as riquezas do país, em uma entrevista exclusiva à AFP.
"Eu preparo homens e, se for preciso, sairemos daqui e destruiremos Moçambique", declarou Afonso Dhlakama, ex-chefe da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), antiga guerrilha.
O ex-comandante está concentrado desde outubro com algumas centenas de homens perto de Gorongosa (centro), não muito distante de uma antiga base utilizada pela Renamo durante os 16 anos de uma guerra civil que assolou Moçambique até 1992, deixando um milhão de mortos.
Depois de ter se tornado o principal partido da oposição, a Renamo entrou para o Parlamento, mas conta com apenas 51 parlamentares de 250 e tem perdido força.
O ex-guerrilheiro insiste no fato de que após 20 anos de "paciência", a Renamo começa a se revoltar contra um governo "cleptocrata".
"Nós queremos dizer a Guebuza (Armando Guebuza, presidente de Moçambique, nr): Você come bem. Nós também queremos comer bem", disse.
Moçambique festejou em 4 de outubro os 20 anos do acordo de Roma que trouxe de volta a paz ao país após uma guerra civil que esteve entre as mais brutais do continente.
Mas o ex-líder guerrilheiro está revoltado por não ter suas reivindicações atendidas. Ele exige uma reforma do sistema eleitoral para evitar fraudes, além de uma distribuição melhor dos royalties do carvão e do gás.
Depois de ter sido um dos países mais pobres do mundo durante a guerra civil, Moçambique, antiga colônia portuguesa, é hoje uma das economias do mundo com maior expansão, graças principalmente à descoberta de jazidas de carvão e de hidrocarbonetos.

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