sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Dissuasão nuclear: o mundo precisa de novos estímulos: Voz da Rússia

9.11.2012, 16:18
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RIA Novosti

A dissuasão nuclear continua sendo uma "pedra angular" da estabilidade estratégica, embora a sua estrutura, que se alicerçara no período da guerra fria, está cada vez mais abalada perante novos desafios.

A Conferência Internacional subordinada ao tema Armas Nucleares e a Segurança Internacional no Século XXI foi dedicada exatamente à busca de vias alternativas no mundo em constante mudança.
Por via de regra, "na política não se avaliam intenções, mas sim as possibilidades". Estas palavras, pronunciadas outrora pelo conhecido político e diplomata prussiano, Otto von Bismarck, foram citadas desta vez pelo vice-primeiro-ministro russo, Dmitri Rogozin, no seu discurso de abertura. A citação acima referida diz respeito aos esforços empreendidos pelos EUA no sentido de instalar o sistema DAM e outras medidas capazes de afetar o equilíbrio existente na esfera de armamentos estratégicos. Entretanto, põem-se em causa a necessidade de manter a estabilidade estratégica que se baseia no equilíbrio de forças nucleares russas e norte-americanas.
Depois da guerra fria, deixou de existir a ameaça de guerra de grandes proporções entre a Rússa e a OTAN. Os participantes da conferência estiveram unânimes na opinião de que as duas partes não se oporem hoje como se fossem adversários antigos. Ao mesmo tempo, o conservadorismo dos círculos militares e a tradição política não permitem desistir, com facilidade ou de boa vontade, de conceitos e doutrinas que, durante muito tempo, predominaram nas mentalidades.
É a ameaça nuclear que se vai transformando hoje: cresce o risco do emprego de armas atômicas em conflitos locais ao passo que aumenta o número de países potencialmente nucleares e a arma nuclear se encara como se fosse a única garantia de salvaguardar a soberania nacional, especialmente no caso de um litígio com um país industrializado.
Além disso, não se pode deixar de lado o risco de terrorismo nuclear que pressupõe a criação de carga nuclear relativamente compacta em uma usina privada. Isto deixou de ser um quadro fantástico. No mundo existem determinadas fontes de urânio que nos levam a pensar nisso muito a sério.
Somente através de esforços conjuntos, sobretudo dos EUA e da Rússia, será possível garantir a paz no planeta Terra e renunciar à dissuasão nuclear que continua a ser vista como uma base sólida do equilíbrio de forças, segundo salientou o dirigente do projeto Global Zero, Richard Bert, que encabeça ainda a delegação dos EUA nas conversações sobre a limitação das armas estratégicas (Tratado SALT-1).
Para ele, a atividade da Rússia e dos EUA no domínio de redução de armas nucleares poderia envolver nesse processo outros países, incluindo a China.
Ao mesmo tempo, a questão da cooperação russo-norte-americana na área de reduções se debate com o problema do escudo antimíssil (DAM) desenvolvida pelos EUA. Por um lado, será impossível criar hoje um sistema DAM que repila um ataque de mísseis nucleares russos. Por outro lado, um aumento simultâneo das potencialidades ao abrigo deste programa, inclusive à custa dos meios convencionais de elevada precisão, poderá levar a situações em que uma direção política aventureira e irresponsável de um Estado possa superestimar as suas capacidades, se optar por um conflito com a Rússia.
Tais casos houve muitos na história da humanidade, por isso seria ingênuo pensar que o mundo contemporâneo pudesse alterar a natureza do homem. A única coisa que mudou desde os tempos remotos é o preço a se pagar por um erro humano.

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