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Em 8 de novembro, em Pequim se abre o XVIII Congresso do Partido Comunista da China (PCC) no qual deverá acontecer a rotação da elite política governante. Espera-se que o atual chefe do Comitê Central, Hu Jintao, seja sucedido pelo Xí Jìnpíng.
Precisamente, ele terá de chefiar a China nos próximos 10 anos em
que a economia chinesa poderá ultrapassar a americana e se tornar a maior no
mundo. Neste contexto, o próximo Congresso pode ser qualificado de realmente
histórico.
Embora na China não exista o sistema de eleições democráticas de
dirigentes, eles não demoram muito tempo a trabalhar nos seus respectivos
cargos. Desde Dèng Xiăopíng, na China existe a prática de rotação de primeiros
dirigentes de 10 em 10 anos. Com isso, quem será um dirigente seguinte se torna
evidente muito antes do Congresso onde se aprova a sua candidatura. O nome do
novo líder - Xí Jìnpíng - se conhece desde os meados dos anos 2000. Em março de
2008, ele passou a ocupar o posto de vice-presidente e em outubro de 2010 o
camarada Xi se tornou o vice-presidente do Conselho Militar. Depois disso, já
não houve dúvidas de ele vir a suceder Hu Jintão. Xi é um político e gerente
competente e altamente qualificado. Durante muito tempo, dirigiu a província
Fujian que, sob o seu comando, teve um desempenho impetuoso.
O desenvolvimento econômico será a prioridade para Xi também no
novo posto, e mais alto cargo, de Chefe de Estado. Até a sua atitude para com o
PCC tem muito a ver com este problema, considera o diretor do Centro de
Pesquisas Políticas da China, Alexei Maslov.
"Para ele, o PCC é uma espécie de clube de negócios, encarregado
de gerir a China. Este clube tem o nome do Partido Comunista mas, em geral, tem
sido flexível e eclético em relação às idéias e slogans comunistas. Xi pertence
à geração de pragmáticos, ou seja, àqueles que, em prol de desenvolvimento e
crescimento da China se prontificam a proceder, se necessário, a certas mudanças
a fim de alargar a influência econômica e política no mundo".
Enquanto isso, peritos predizem que a China não poderá
desenvolver-se a ritmos tão acelerados como antes. E este não é um único
problema como o qual deverá defrontar-se Xi Jinping. Por um lado, o PCC parece
um organismo monolítico. Todavia, em vésperas do Congresso viveu uma série de
escândalos. O maior deles se prende com a demissão do influente líder
partidário, Bó Xilai, que no início do ano era um candidato mais indicado para
exercer um dos cargos dirigentes no Bureau Político. Mas como a sua esposa foi
acusada de homicídio de um homem de negócios, Bó foi exonerado de todos os
postos e expulsado do Partido Comunista.
Mais um escândalo eclodiu precisamente antes do Congresso. O
periódico New York Times publicou um a artigo a afirmar que a família do atual
primeiro-ministro do Conselho Estatal, Wem Jiabao, possui alegadamente uma
fortuna de quase de 3 bilhões de dólares. Os dados tinham sido fornecidos por um
alto dirigente chinês. Este fator, bem como a resignação de Bó Xilai, comprova o
fato de os conflitos estarem a ganhar vulto, admite o investigador sênior do
Instituto do Médio Oriente, Alexander Larin.
"Claro que isso está ligado ao Congresso, sendo um eco da luta
política na direção chinesa que se tornou mais ressonante por causa do fórum. Na
direção chinesa existem frações que se encontram em conflito constante pela
disputa de postos importantes".
Poderá Xi Jingping reconciliar os grupos dentro PCC? Seja como
for, não vale a pena esperar mudanças radicais na linha política chinesa logo
depois do Congresso. As alterações do rumo irão decorrer de forma paulatina. Por
tradição, as particularidades do estilo da nova direção chinesa se cristalizam
nos finais do primeiro quinquênio.
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