terça-feira, 6 de novembro de 2012

CABO VERDE - Direção- geral das Pescas não fiscaliza navios estrangeiros

 

A DGP só fiscaliza embarcações de pesca nacionais, fechando os olhos às embarcações estrangeiras que operam nas nossas águas. Um escândalo que suscitou a denúncia da ONG que, além do mais, considera lesivo o acordo de pescas firmado com a União Europeia
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Praia, 6 de Novembro 2012 – A grave acusação de que a Direção-geral das Pescas (DGP) só fiscaliza os navios nacionais, foi feita na última terça-feira, 5, por José Melo, dirigente da Organização Não Governamental (ONG) Biosfera I, que sempre se bateu pela fiscalização rigorosa das embarcações de pesca que operam em águas nacionais cabo-verdianas.
Melo, que falava à TCV, denunciou o facto de os dez inspetores, que iniciaram funções no início de Outubro último, nas ilhas de São Vicente, Sal, Boavista, Maio e Santiago, não fiscalizarem os navios de pesca estrangeiros, razão pela qual não existe qualquer informação sobre as suas atividades, nomeadamente no que respeita a navios com bandeira da União Europeia (UE) e, de igual modo, sobre grandes embarcações chinesas que, alegadamente, promovem “actividades científicas” (ligadas às pescas) nas nossas águas. Mais ainda, o dirigente da ONG acusa o Governo de estar de costas voltadas para o diálogo, porquanto, havendo uma parceria com a Biosfera I, “a nível governamental, a parceria é só quando eles necessitam”…
Mais ainda, José Melo, que vai estar presente no próximo dia 27 numa mesa redonda sobre a política de pescas da UE fora do espaço europeu, garantiu denunciar nesse fórum o mau acordo de pescas feito entre a União Europeia e Cabo Verde. É “um mau acordo, um péssimo acordo”, referiu o dirigente da Biosfera I.
No evento, que antecede o debate no Parlamento Europeu sobre o mesmo tema (no dia seguinte, 28 de Novembro), participam várias ONG internacionais, entre as quais a Green Peace, bem como as Nações Unidas e 300 especialistas do sector.
ACORDO BENEFICIA ARMADORES EUROPEUS
A posição da Biosfera I um não é de hoje, já em Maio do ano passado, a associação liderada por José Melo havia denunciado que “o acordo de pesca celebrado entre Cabo Verde e a União Europeia tem a beneficiar apenas os armadores europeus e a própria UE”, adiantando ser “uma forma de continuar alimentando principalmente a Espanha com o grande negócio de barbatanas de tubarões ao mercado asiático sem que as nossas autoridades se preocupem com a carnificina aos tubarões que vem acontecendo nas nossas águas.” É que, para esta ONG, “com a pesca desenfreada dos tubarões nos mares de cabo Verde teremos problemas gravíssimos em todo o ecossistema marinho dentro de muito pouco tempo”.
DEFESA DO PATRIMÓNIO AMBIENTAL
Fundada em 2006, na cidade do Mindelo, a Biosfera I tem tido um papel insubstituível, a nível moral e cívico, no alerta da população cabo-verdiana para os perigos que espreitam o património ambiental do país, particularmente no que respeita aos ecossistemas marinhos (fauna e flora).
Fonte: TCV | Liberal



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