sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Anonymous falam sobre inteligência, liberdade e Rússia

 



John Robles
2.11.2012, 16:08
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Anonymous hackers guerra informativa
AFP

Na terceira parte da entrevista exclusiva com o correspondente da Voz da Rússia John Robles o representante do grupo Anonymous respondeu a perguntas sobre serviços de inteligência, as leis se tornando mais severas, a liberdade do espaço da internet, e compartilhou seus pensamentos sobre a Rússia.


– Em que consiste a filosofia do grupo Anonymous?
– Liberdade. E defesa da internet, porque a internet é o maior mecanismo de liberação em toda a história da humanidade.
– O que você diria àqueles que vos julgam criminosos?
– Eu teria encolhido os ombros, não entendemos o significado da palavra "criminoso". O que para um é crime, para o outro é luta pela liberdade. Qualquer rótulo que nos põem diz mais sobre quem o põe que sobre as nossas atividades.
– Por quê Anonymous são descentralizados, por que vocês não tem um representante oficial?
– Se alguém é rotulado como “representante oficial”, para ele isso é uma marca negra. Nós aderimos à ideia anarquista de gestão horizontal da equipe, onde qualquer um pode se tornar o líder do grupo. E nós mantemos essa estrutura descentralizada, isso é a nossa força principal.
– Você poderia nos contar sobre as tentativas de agências de inteligência e de aplicação da lei de se infiltrarem nas fileiras de Anonymous?
– Para as agências de aplicação da lei a forma mais eficaz de penetrar nas fileiras de Anonymous é recrutar um anônimo. Talvez, o caso mais famoso é o do anônimo Sabu. E os danos causados a Anonymous dependem do tamanho do grupo dirigido por tal anônimo, e de sua influência entre nós. Assim foi com o anônimo Sabu.
Quanto aos serviços de inteligência, eles têm outros objetivos e métodos. Talvez, no mundo não existe nenhum serviço que não tivesse tentado penetrar nas fileiras de Anonymous. A propósito, isso não é tão complicado. Nós somos uma organização aberta, o que permite atrair mais participantes. Mas ao contrário de recrutar anônimos para seus próprios propósitos, os serviços de inteligência buscam informações. E eles são fáceis de detectar, já que eles entram em contato com “ativistas de informação”. Dependendo do cliente, isto é, para quem trabalham os serviços secretos, seus objetivos podem mesmo nem se cruzar com as atividades de Anonymous.
– Conte-nos sobre os “esquadrões da morte” que perseguem membros de Anonymous.
– Membros do grupo Anonymous bem conhecidos diariamente recebem ameaças de morte. Nós também fomos ameaçados por agentes de segurança dos EUA, polícias secretas de vários países do Oriente Médio.
– Você poderia dar um exemplo específico de como o FBI, a CIA ou o MI6 tentaram recrutar um anônimo?
– Eu já respondi a essa pergunta, mas vou acrescentar que não são só os serviços secretos ocidentais que estão perseguindo membros de Anonymous. Eu ficaria incrivelmente surpreso se os russos não estivessem nos perseguindo. As agências de inteligência de países do Oriente Médio e de Israel também estão interessados em nossas ações. E por causa do recente ataque ao site do Vaticano podemos adicionar a esta lista também o serviço de segurança da Santa Sé.
– Por quê os membros da organização estão dispostos a arriscar suas vidas por uma ideia?
– Porque alguém tem de o fazer. Em qualquer geração alguém começa a lutar contra a tirania. A opressão e a ânsia de poder sempre existiram, e sempre existirão, por isso sempre haverá revolucionários.
– Qual é a posição de Anonymous quanto aos meios de comunicação, à lei sobre direitos autorais, à transferência de arquivos e conteúdo?
– A nossa posição é que a ideia de comunidade é mais importante do que a autoria. As leis sobre proteção de direitos autorais e, especialmente, a última lei aprovada pelo governo dos EUA – DMCA (Digital Millennium Copyright Act – Lei dos Direitos Autorais do Milênio Digital) – têm duas consequências negativas. Primeiro, essas leis servem para o enriquecimento de um pequeno e já bastante rico grupo de editores e estrelas do show-business. Segundo, elas introduzem censura e impõem limites estritos para dissidentes.
– Em que país, segundo Anonymous, o ambiente de informação é o mais livre?
– Na Islândia.
– O que pensam Anonymous da Rússia?
– A Rússia é um país democrático moderno e relativamente livre. E, como em qualquer país deste tamanho, tem seus problemas, suas regras que Anonymous está observando.

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