Não há nada
mais estúpido na vida que culpar sempre os outros pelos nossos fracassos e
pelas nossas incompetências; nada mais idiota, ridículo e macabro que ver no
clamor dos outros o fim, transformado em desgraça, que não evitamos como
consequência da nossa inaptidão. Acusar a oposição de invadir um quartel das
Forças Armadas Nacional ( Angolana) é desespero de um governo que sempre teve
como agraciamento a burrice do próprio povo que governa ou então do humilde
cidadão.
É por isso,
e outras coisas mais, incluindo a quantidade de substantivos abstratos
referenciado no parágrafo anterior, que urge a necessidade de se dar um basta a
tudo isso que vemos por aí: difamações e culpas. Em que os acusados estão
sempre na mesma direção. A pergunta é a seguinte: se reservistas ou
desmobilizados do exército estão há mais de dois anos sem receber seus
vencimentos e/ou salários, de quem poderá ser a culpa de tais falhas? Por que é
que o MPLA vive de presunção absoluta? Acreditando que tudo que acontece com o
mesmo merece absolvição incondicional. Quem é – e onde está escrito- que pelo
fato de serem os guerrilheiros do MPLA de libertarem o país, isso dá a eles uma
espécie de direitos absolutos sobre tudo que há por de baixo dos céus de
Angola?
Essa
presunção -indiscriminada e abusiva- chega a ser uma falta de caráter de quem
não sabe fazer política e habituou-se a todo os mimos políticos. É além de tudo
prova de que as coisas não andam bem. E, por isso, a culpa é de quem governa, é
de quem diz -de maneira cínica, desrespeitosa e não convincente- que tudo faz
para melhorar a situação da população.
Um governo
que historicamente ao se revelar incompetente tinha e tem como melhor
estratégia de governação “ jogar tudo debaixo do tapete”, em que os resultados
daquela estratégia sempre tiveram como objetivo único inocentar o chefe de
tudo; e culpar ou vitimar até mesmo pessoas inocentes em nome de se salvar uma
transparência; a transparência de quem sempre foi inepto e inqualificável para
ser líder ou dirigente político; que, na verdade, chegou onde chegou por força
do destino e de toda sorte do que por desempenho intelectual e destaque pela
sua capacidade de criação política.
José Eduardo
dos Santos, além de uma farsa, retrata o fracasso de um povo, a derrota de uma
nação diante do que se propôs e nunca alcançou: saúde, educação, emprego,
direito a viver em suas terras sem serem considerados cidadãos de segunda
categoria. E enquanto insistirem no sujeito, inútil, não haverá possível
vitória. Uma coisa é o MPLA vencer diante de suas incompetências, a outra, é o
povo Angolano sair vitorioso diante do que se propôs neste últimos trinta e
cinco anos. Sabe-se que o MPLA tem vencido até diante daquela (a
incompetência). E o povo? O povo angolano é o único derrotado diante das
inépcias dos dirigentes do MPLA ou da direção magnanime e clarividente que esse
partido gaba-se de ter.
Todos os
momentos são momentos possíveis e adequados para se mudarem os destino desse
país e se produzirem transformações necessárias. Até o dia 31 de agosto que aí
vem pode ser um deles. É por isso que agora a quadrilha está preocupada. E vive
acusando seus opositores e “disparando por todas as direções”. Vivem chamando
de traidor quem no passado os apoio e agora não se convencem mais com suas
falcatruas.
Ora vejamos,
elementos das Forças Armadas ficam até dois anos sem receberem os seus
vencimentos e salários, e ainda fazem acreditar a população que tudo isso é um
complot de quem está na oposição. Que o mor chefe, o capitão da nau corrupta e
cheio de bandidos, nada tem haver com isso. Só faltou mesmo, entre todos os
culpados, culparem a minha avó ou mamãe, que todos os dias de manhã precisava e
, talvez, ainda “precise” de se levantar cedo para ir à praça fazer os seus
negócios e quitandas. Só vai faltar, incluindo nessas, culpar as kínguilas
vítimas indiscutíveis desse sistema corrupto, que dá preferência as namoradas
misseis, amantes concubinas na condição de prostitutas protagonizadoras da
poligamia. E que finalmente um sistema corrupto que está mais interessado em
sobre-viver do que salvar o pais da mesmice do atraso e dos vícios.
Num pais
onde todo mundo é responsável pelos seus atos, e até pelos atos imundos de um
governo boçal que só sabe procurar culpados além dos seus atos, faz-se tudo
para se proteger e inocentar o chefe de uma seita. O pais inteiro, numa posição
de inercia e de incapacidade de enxergar aonde está e vem o mal de todas as
coisas, prefere sair, como sempre, caçar as “bruxas” como vítimas. Angola é um
país de zumbis, uma nação neutralizada pelos vampiros chupa sangue, que têm,
agora, e sempre, a capacidade de renascerem dos males que esses mesmos vampiros
têm produzido a nação.
Não adianta
mais acreditar num processo eleitoral justo e humano, em que as pessoas não são
enganadas, um processo em que as pessoas só precisam votar – de preferência de
forma direcionada, bitolada e todas elas enganadas, é uma espécie de estupro
mental, em que a vítima não tem condições nunca de se defender- e quando tenta
ainda por cima é constrangida. Assim é o MPLA com todo povo –de Cabinda ao
Cunene-; assim é o MPLA com os seus “inimigos”; assim é o MPLA com o cidadão
comum e o pacato cidadão.
Diante de
tudo isso – pelo menos para esse formador de opinião-, precisamos entender que
as próximas eleições não serão mais as eleições em que o cidadão precisará se
definir ideológica ou mesmo politicamente. O MPLA foi vencido por todas as
ideologias, sucumbiu diante delas. A prova é a adesão desse partido aos estilos
e vícios burgueses de governança que em nada retratam as necessidades dos
angolanos em geral. A prova é a existência de um Estado idealizado pelos
corruptos e os criminosos que militam nesse partido – com a fachada de
defenderem interesses nacionais- virados a defenderem interesses grupais.
As próximas
eleições não podem ser vistas como as eleições do medo e da chantagem; não
podem ser as eleições do cidadão revolucionário e do cidadão reacionário; ou,
ainda -como sempre nos habituaram-, como quem é do MPLA e quem não é. É preciso
deixar todo simbolismo de lado e clamar pela angolanidade.
Angolanidade
aqui significa sermos pragmáticos diante dos problemas que atravessam o país.
Esta angolanidade consiste na não diabolização do próximo que está vivo e
diante de nós lutando pela mesma coisa. E quando digo os vivos, estou querendo
ser explícito, dizendo: que Savimbi já morreu, Agostinho Neto já morreu e idem
o velho Holdem Roberto. Mas nós, milhões de Angolanos, estamos vivemos e não
queremos e nem merecemos viver só de simbolismo. Queremos mais do que isso:
educação para os nossos filhos, saúde para as nossas mulheres e crianças e
fazer com que os nossos olhos enxerguem as mesmas com alegria em vez de
tristeza.
A luta pela
mesma coisa não será possível se não tivermos em Angola poderes equilibrados e
representativos para todas as forças políticas. A paz e a boa convivência entre
os Angolanos passa por esse equilíbrio. Em que o MPLA não precisa mais ser
visto como o dono do poder, ser onipresente e onipotente nos poderes que formam
e pertencem a República de Angola. Por isso, chegou a hora não só de vencer a
corrupção, mas de vencer também o próprio MPLA e todas as suas falcatruas e a
direção que esse partido diz ter como exemplo.
O MPLA pode
e tem direito de sobreviver, mas para isso precisa reconhecer que está atolado
num lamaçal chamado José Eduardo dos Santos. Esse e todos os confrades da seita
é e são os que deveram ser as vítimas das próximas eleições. O Povo angolano
não tem porque se sentir culpado em penalizar o MPLA. Hoje penalizar esse
partido é penalizar os corruptos e salvar os Estado da inercia viciosa em que
foi levado pelo Presidente da República. É, sim, salvar a nação das ambições
pessoais, das vaidades, do orgulho individual de certos indivíduos.
Quem merece
a vitória final é o Povo e não o MPLA. Se o MPLA não se dá o trabalho de
rejeitar os corruptos do seu seio, então, o povo tem obrigação moral e política
de rejeitar o MPLA.
Nelo de
Carvalho
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