quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Angola - A polícia “sabe” que a Jéssica tem a ver com isso - diz mãe de Jorge Valério


Luanda - O jornal Angolense contactou a mãe do malogrado Jorge Valério, morto no dia 27 de Setembro, do ano em curso, para sabermos em que pé está o processo judicial do caso e, segundo nos confirmou, nunca mais se ouviu nada. Euridice Sebastião, mãe, sente-se inconformada e clama por justiça.
Fonte: Angolense
A casa onde o meu filho foi morto é do pai do Luís Miguel
Como têm sido os últimos dias?Estamos a tentar viver, cada dia é um dia
Quando apercebeu-se do desaparecimento de Tucho pensou em algo negativo?Quando me apercebi que o meu filho estava ausente de casa não tive pensamentos negativos, porque vivia com os meus três filhos e, o Jorge, quando fosse para a rua, por hábito, nós temos horas de entrar, fiquei preocupada como mãe, dei conta da ausência do Jorge as quatro horas da manhã, liguei para o número dele, estava desligado. Por hábito, quando ele tivesse que ficar fora de casa, mandava sempre… mais sempre uma mensagem, nem que fosse de um telefone alheio. Achei estranho, até queria ir a missa mas não consegui, porque o telefone ainda continuava desligado. Fomos à casa dos seus amigos, na redondeza e ninguém sabia do seu paradeiro, fiquei desesperada e comecei logo a procurá-lo até que o encontramos morto e irreconhecível, com sinais de tortura, coisa triste, meu Deus!...
O Tucho apresentava comportamentos negativos?Era um menino doce, desde que começou a falar as suas primeiras palavras, mas só com quem fosse doce com ele. Tinha muitos amigos, sabia cativá-los mas, tão de repente, passavase sem que alguém lhe fizesse algo de errado. O comportamento nunca mudou, continuava a ser sempre aquele menino lindo, obediente e inteligente. Foi muito amigo do pai, eles tinham muito boas qualidades, era um filho presente, gostava muito de cozinhar.
Como está a decorrer o processo judicial?No fim-de-semana passado a polícia ligou para um tio meu, que estava a acompanhar o processo, desde a primeira hora, que se fez acompanhar do pai do malogrado António Jorge, e foram a Direcção Provincial de Investigação Criminal (DPIC) e mostraram-lhes os quatro elementos que estavam presos. E disseram que estavam a aguardar novas evidências, e até ao momento nada mais nos disseram.
Já constituíram advogado?Já temos sim o advogado, mas de momento ainda não pode fazer nada, porque estamos a esperar que a polícia se pronuncie. Os meninos estão presos, mas ainda não foram ouvidos. Por isso, o advogado não pode entrar neste momento.
Qual é a informação que tem dos supostos autores da morte de seu filho?Dizem estar a trabalhar, mas em justiça de Deus eu acredito, porque a do homem pode não vir a acontecer, mesmo em cem anos. A polícia não os prende porque não quer, têm provas suficientes para condenarem esses meninos e a tal Jéssica Coelho, que foi a que fez com que o meu filho fosse morto. Como é possível ela combinar um encontro a pedir que o esperasse vinte minutos, depois o meu filho desaparece e ela não saber do seu paradeiro? Tivemos a procurar o telefone do meu filho, e o GPS detectava que estava nos arredores da casa dela. Essa menina é uma das causadoras! Como mãe, reflecti e cheguei à conclusão de que naqueles vinte minutos, ela fez ligação aos amigos para raptarem o meu filho!...
Há informações que apontam para existência de mão invisível a protegerem os suspeitos. Qual é a informação que tem?A cada dia que passa, estamos a ouvir muitas coisas. Quando há um crime muita gente gosta de aparecer nas costas dos outros, mas uma coisa digo: sou mãe, e muitas mães devem saber como me sinto neste momento. Uma mãe cujo filho comete um crime e lhe guarda, meu Deus, esta mãe está a plantar o pior para o futuro de seu filho, não esta a ser justa consigo mesma e, se tiver alguma das tripas ao coração a proteger isso, Deus vai cuidar!
Como soube que Tucho estava na Morgue Central de Luanda?Tive informações de que meu filho estava na morgue por intermédio do outro filho que, por sua vez, foi à procura do seu irmão, e encontrou-o lá, atirado ao relento. Em verdade lhe digo; não cheguei de ver o meu filho, porque me disseram que eu não aguentaria de tanta crueldade que fizeram com ele.
Como vocês reagiram quando tiveram frente-a-frente com os supostos marginais?Agimos friamente, porque tinha tanta certeza de que nada de anormal tinha acontecido ao meu filho, nós é que os encontramos, os meninos em suas próprias casas, e pedi que me dissessem onde eles tinham o tinham posto. Um deles disse me friamente que não conhecia o meu filho, não demos tanta importância porque eles não contavam a verdade.
A casa em que seu filho foi morto lhe era familiar?Não, para mim não era uma casa que estava em obras, e é do pai do Luís Miguel, no condomínio “Onjoyetu”, aonde levaram o meu filho e lhe mataram daquela forma. Se lhe levaram em uma casa é porque já tinham tudo planeado. Se dizem que são menores, como foi possível levarem o meu filho de vinte anos… como se deslocaram do Cruzeiro para o condomínio de Viana?
Tem informação do jovem que deu boleia ao Tucho no dia em que o mesmo desapareceu defronte a casa da Jéssica?Temos sim. O jovem que deu boleia ao meu filho era o seu colega da faculdade e, segundo ele, o meu filho lhe insistiu e o mesmo deu- lhe boleia, mas antes de ir à casa da Jéssica, ele passou cá em casa para pegar o carregador do seu telefone, e já não mais vi o meu filho. Segundo o jovem, o Tucho foi a farmácia comprar preservativos e depois deixou-lhe em frente à casa da Jéssica, mas o colega voltou a festa da prima da sua colega, no bairro São-Paulo.
Acha que quem levou o Jorge da casa da Jéssica sabia que ele estava numa zona perigosa?De certeza que sim, porque seria muita coincidência, o Jorge ter esperado vinte minutos a mando da Jéssica, e que depois simplesmente desaparece, e a jovem diz não saber de nada. Isso é mentira! A polícia sabe melhor de que a Jéssica está envolvida nisto!
Como a família está neste momento a reagir com esse choque, lá se vão 31 dias sem o Jorge?Estamos desestruturados. Perdemos alguém muito querido e não tínhamos como estar bem sem antes a justiça não ser clara, transparente e a favor dos que têm razão. E acredito que os amigos do Jorge têm sido neste momento também nossos amigos e agradeço muito pelos gestos e carinhos que nos têm passado todos os dias. Neste momento, estamos a reagir bem para depois sentirmos a paz e a justiça feita, para que nos sintamos ainda melhor.

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