terça-feira, 13 de novembro de 2012

A Síria pós-presidenciais americanas

 
Raúl M. Braga Pires, em Rabat (www.expresso.pt)
8:42 Segunda feira, 12 de novembro de 2012
Sheikh Mouaz Al-Khateeb, líder da recém criada "Coligação Nacional Síria" para a Oposição e Forças Revolucionárias, cujo objectivo é a união e coordenação entre as oposições Interna e Externa, ao regime de Bashar Al-Assad.
Sheikh Mouaz Al-Khateeb, líder da recém criada "Coligação Nacional Síria" para a Oposição e Forças Revolucionárias, cujo objectivo é a união e coordenação entre as oposições Interna e Externa, ao regime de Bashar Al-Assad.
Google Imagens
Sempre se disse e sempre foi consensual entre aqueles que seguem os acontecimentos na Síria, que a chave para o mesmo estaria nas eleições presidenciais americanas, sobretudo com uma vitória d'Obama, o qual terá muito maior margem de manobra num segundo mandato, relativamente a este e outros assuntos, já que não poderá ser reeleito. Desta forma, certamente que correrá mais riscos.
Sinais dessa mudança surgiram logo a 30 d'Outubro, quando a Secretária d'Estado americana, Hillary Clinton anunciou que os Estados Unidos deixavam de reconhecer o Conselho Nacional Sírio (CNS), sobretudo por não ser suficientemente inclusivo e por estar a ficar refém de personalidades ligadas à Irmandade Muçulmana, o que a poderá tornar presa fácil de movimentos extremistas.
Na verdade, a instrumentalização do CNS pelos americanos, teve numa 1ª fase, o intuito de fazer frente à influência do Partido Ba'ath, o qual rege os destinos da Síria há 49 anos e, tornar-se numa alternativa viável, caso o regime d'Assad caísse a qualquer momento. Com o passar destes já quase 2 anos de revolta/guerra, o CNS foi sendo completamente ultrapassado pela verdadeira resistência armada no terreno, a qual de facto parece estar muito mais próxima de movimentos extremistas islâmicos, do que aquilo que se gostaria, sendo no entanto estes que estão a fazer a diferença. O CNS, reduziu-se a um grupo d'exilados sírios, sem legitimidade dentro do seu próprio país (há uma outra oposição, que não no conforto do exterior), os quais têm passado muito do tempo a degladiarem-se entre facções curdas, islamistas e laicas, falhando também na inclusão sobretudo de cristãos e alaouitas.
Um outro sinal interessante que assinala esta nova etapa, foi o pedido efectuado pela Turquia à NATO, a 02 deste mês, para a instalação de mísseis Patriot, ao longo da fronteira com a Síria.
O "Plano Riad Seif" e a Conferência de Doha.
Concebido pelo Embaixador Robert Ford, último Embaixador americano na Síria, este plano pretende harmonizar as duas oposições, a interior e a exterior, para que aquando da inevitável queda do regime, a tomada do poder não provoque uma nova vaga de "desencontros". Aliás, Riad Seif é um homem de dentro, já que se trata dum grande empresário de Damasco, detentor do franchise da Adidas para a Síria, ex-deputado eleito como independente em 1994 e em 1998, critico do regime, sobretudo da sua economia centralizada, onde o Partido/Estado domina o sector, marginaliza o investimento privado e controla o investimento estrangeiro. Tem também no seu curriculum detenções, várias, fruto das suas actividades consideradas subversivas na fundação do Forum para o Diálogo Nacional e da Declaração de Damasco, de 2005, a qual promovia uma união entre as várias oposições. Desconfio que temos um novo Presidente à vista.
As conclusões da semana de Doha são as seguintes:
- O Conselho Nacional Sírio, elegeu um novo líder, George Sabra, cristão, ex-comunista, laico;
- O CNS foi "engolido" por uma nova entidade, na linha do Plano Riad Seif, chamada de Coligação Nacional Síria para a Oposição e Forças Revolucionárias (CNSOFR), cujo líder é o Sheikh Mouaz Al-Khateeb, 52 anos, clérigo icónico da cena damascena, não só por ter sido em tempos o Imam da Grande Mesquita de Damasco (onde Cristo descerá à Terra, segundo a crença islâmica), mas também por ter liderado a revolta desde os primeiros dias nos suburbios de Damasco, mais precisamente em Douma. Possui a aura dum moderado que sempre conseguiu criar pontes entre islamistas e laicos, tanto em tempos de paz, como de guerra. Também possui detenções no curriculum, o que fica sempre bem para os dias que se seguirão. Tem como adjuntos duas figuras laicas de peso. Suheir Al-Atassy, acérrimo defensor dos Direitos da Mulher e o próprio Riad Seif;
- D'acordo com o Plano do Embaixador americano, a ideia era a Coligação ter 50 lugares, dos quais 20 seriam ocupados pela Oposição Interna, 15 pelo CNS e os restantes 15 por vários outros grupos da Oposição Externa. O Comité Executivo teria entre 8 a 10 elementos, tecnocratas, que não fossem membros do CNS;
- A pressão do CNS e dos vários interesses que representa, que vão desde a Turquia até à Irmandade Muçulmana, obrigou ao aumento do número desta assembleia, tendo já garantido 22 lugares, 11 dos quais são membros do recém eleito Comité Executivo. A lista de nomes, no total da Coligação, está neste momento nos 63, pelo que é provável que ainda venha a aumentar. Destes 63, é possível dizer neste momento que 1/3 são islamistas, outro terço é dominado por elementos "tradicionais e tribais" e o terço final está pulverizado entre laicos e grupos minoritários.
Os objectivos principais desta iniciativa americana, apoiada pelos restantes "Amigos da Síria", é o de garantir desde já a formação dum Governo de Transição que seja legitimado aos níveis interno (sobretudo este) e externo, bem como a formação dum Conselho Militar que demonstre capacidade d'unificação dos vários grupos e milicias que combatem no terreno, isolando ao mesmo tempo aqueles que pertencem, ou estão ao serviço, de grupos radicais islâmicos como a Al-Qaeda.
Israel dispara míssil sobre Síria
Também neste domingo, pela 1ª vez desde 1973, Israel disparou um míssil d'aviso sobre a Síria, a partir dos Montes Golan, em resposta a projecteis de morteiro que, aparentemente, terão acidentalmente caído sobre este território ocupado por Israel desde a Guerra do Yom Kippur.
Raúl M. Braga Pires escreve de acordo com a antiga ortografia


Ler mais: http://expresso.sapo.pt/a-siria-pos-presidenciais-americanas=f766306#ixzz2C9oLRu7V

1 comentário:

Anónimo disse...

When the subject comes up in a small town in sеxy mаѕѕage Michіgan.
That ωill bе ρrovided. Internаtional flights have
becοme a mеditatiοn of sorts for me.

Do nοt sіmply allοw your cаt to continue to not smοke.


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