segunda-feira, 5 de novembro de 2012

A minha aposta em Mitt Romney

 

por LUÍS QUERÓ, CONSELHEIRO NACIONAL DO CDS-PPHoje1 comentário


É fácil discutir as eleições americanas com base em preconceitos. É difícil discuti-las com origem nos verdadeiros programas de cada candidato. A maior parte dos temas e dos detalhes não nos são familiares, e isso faz toda a diferença. Mas é possível preferir tendências e compreender o significado de um ou outro resultado.
Há poucas semanas, um pequeno episódio ajudou a mostrar um pouco a perceção errada que há sobre a política americana. Durante 24 horas, vários órgãos de comunicação social, reproduzidos pelas redes sociais, garantiram que o candidato Mitt Romney achava que se devia poder abrir as janelas dos aviões. Em movimento. Só ao fim de um dia de graçolas, quando os jornalistas que ouviram Romney vieram explicar o que todos tinham percebido, isto é, que naturalmente se tratara de uma piada, é que boato se desfez. Isto tem uma explicação. O conhecimento que temos sobre a política americana é, normalmente, impreciso; e a perceção que temos sobre os republicanos é, a maior parte das vezes, muito errada. E essa é a minha primeira razão para preferir a eleição de Romney. Pelo que ele é de facto e não pelo retrato que dele pretendem fazer.
Enquanto governador do Estado de Massachusetts, Mitt Romney foi moderado, equilibrado e procurou consensos. Não há razões para acreditar que será imprevidente ou radical no exercício do cargo de presidente.
Enquanto empresário, foi empreendedor, eficaz, agressivo, criou riqueza e, detalhe importante, foi muito competente. Apesar da tradicional objeção europeia a quem enriquece, dificilmente consideraria um curriculum destes um ponto negativo.
Há quatro anos, os americanos elegeram Obama porque aspiravam à mudança, e entusiasmaram-se com o que aquele homem, naquele tempo, repre- sentava. É compreensível. Os europeus que, na sua maioria, o teriam eleito se pudessem entusiasmaram-se com o que lhes parecia poder ser o mais europeu dos presidentes americanos dos últimos anos. Para esses, Barack Obama iria conversar com a Europa, coordenar a política externa com os europeus e promover soluções conciliadoras um pouco por todo o lado. Não foi o que aconteceu. A verdade é que o atual Presidente não manifestou um particular interesse pela Europa, não se empenhou na questão do Médio Oriente e, oxalá me engane, pode revelar-se insensato (ou pelo menos pouco atento) quanto ao que se passa na Síria e sobretudo no Irão.
Não podemos deixar de compreender a viragem americana para o Pacífico, e essa tendência também pode vir a ser do nosso interesse. Mas uma América displicente quanto à Síria e ao Irão e pouco atenta à realidade de Israel, única democracia sólida do Médio Oriente, não nos convém.
A Europa, e o mundo, precisam de uma América capaz e com vontade de assumir o seu papel. A nossa segurança depende de uma América presente e de uma parceria euro-atlântica forte, pelo que necessitamos de um Presidente que esteja consciente dessa responsabilidade.
Por outro lado, o mundo, e a Europa, precisa de uma América que volte a acreditar no empreendedorismo, na responsabilidade individual, no mérito e nas oportunidades.
Um Presidente e uma Administração quase tão "socialistas" quanto a maioria da elite europeia não são uma boa inspiração nem uma boa notícia para a nossa economia.
Por isso, enquanto europeu, eu aposto em Mitt Romney.

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