quarta-feira, 14 de novembro de 2012

A conquista da paz e os benefícios do crescimento de Angola - Victor Lima

 Em: http://www.club-k.net/index.php?option=com_content&view=article&id=13592:a-conquista-da-paz-e-os-beneficios-do-crescimento-de-angola-victor-lima&catid=17:opiniao&Itemid=124

Espanha - Qualquer balanço dos 37 anos da independência de Angola, proclamada a 11 de Novembro de 1975, passa pela evocação do período de guerra que o país viveu até Abril de 2002, ano em que a paz foi definitivamente instaurada em todo o território nacional. Para trás ficaram décadas de um dos mais sombrios períodos da História contemporânea de África, marcado pela crise num dos mais ricos e promissores países africanos.

Fonte: JA
Os prejuízos em Angola nunca chegaram a ser totalmente contabilizados, mas é provável que tenham atingido dezenas de milhares de milhões de dólares. Numa guerra nenhum modelo económico resulta e todo o esforço para pôr em funcionamento a economia está condenado ao fracasso.

A paz conquistada por Angola em 2002 abriu as portas para o crescimento do nosso país. A economia regista hoje taxas de crescimento acima da média mundial e africana. As projecções para os próximos anos são optimistas, mas é necessário garantir a sustentabilidade do crescimento económico para que haja reflexos na melhoria das condições de vida das populações.

Mas o Executivo quer que os elevados benefícios do crescimento da economia sejam investidos na melhoria dos indicadores sociais, na qualidade de assistência à saúde, na educação, na habitação, na redução do desemprego e na formação profissional dos angolanos. Assim, nos últimos dez anos, Angola tem vindo a revelar resultados significativos no esforço de reconstrução nacional que encetou. Este é o principal e mais visível ganho conquistado com a paz.

As intervenções no sentido da reposição das infra-estruturas destruídas nunca tiveram uma dimensão como a agora verificada. O Executivo angolano reergueu a maior parte dos empreendimentos destruídos, designadamente estradas, pontes, linhas-férreas, escolas e hospitais e postos de saúde periféricos. Muitos cidadãos espanhóis que vivem e trabalham em Angola são testemunhas dessa realidade. Hoje, já se pode viajar em segurança e com rapidez por alguns milhares de quilómetros de distância, por estradas e por via-férrea, que ligam as diferentes regiões, cidades e localidades das 17 províncias e 164 municípios de Angola.
O conhecido Caminho-de-Ferro de Benguela (CFB) uma linha internacional que ligou no passado Angola, Zâmbia e Tanzânia, permitindo o acesso de muitas exportações africanas às rotas do Atlântico, foi totalmente recuperado.

Os angolanos começam agora a conhecer os efeitos da paz e da democracia. A livre circulação faz ressurgir de forma acelerada o grande potencial do país e atraiu grandes investidores estrangeiros. Há centrais hidroeléctricas em construção, o número de salas de aulas cresceu e milhares de jovens que antes estudavam fora do país preferem hoje as instituições de ensino nacional.

Foram abertas clínicas equipadas com as mais modernas tecnologias de diagnóstico e tratamento especializado de várias doenças, tais como a malária, o HIV e outras. Um ambicioso programa habitacional está a ser executado, com conclusão prevista para 2014, e em paralelo estão em execução projectos de expansão da distribuição de água potável e de energia eléctrica, por todo o País.

Como sinal da estabilidade política verificada em Angola, pela terceira vez desde a independência foram realizadas eleições livres, em 31 de Agosto deste ano, que elegeram o Presidente da República e os deputados para novos mandatos. Os organismos internacionais que enviaram os seus observadores elogiaram o processo como justo, democrático e transparente.

Nas actuais circunstancias de paz e segurança em que Angola vive, tem se registado um crescente interesse de investidores espanhóis, que procuram o mercado angolano para realizar negócios, grande parte dos quais com bastante sucesso. Angola está aberta a intensificação de relações económicas com a Espanha, e acredita que existe um vasto campo de colaboração entre ambos os Países, que pode ser explorado numa prespectiva de ganhos reciprocos. No âmbito do intercâmbio que se vem registando entre Angola e Espanha, poderão vir a ter lugar proximamente alguns eventos que pela sua envergadura ajudarão a criar um quadro bastante mais promissor para o futuro das relações entre os dois Países.

Celebra-se neste ano de 2012 o 35º aniversário do estabelecimento de relações diplomáticas entre Angola e Espanha. É nossa convicção de que até aqui foram dados passos positivos, que encorajam ambos os Países a prossegui-los no sentido do estreitamento e solidificação da amizade que os une.

Ao comemorarmos os 37 anos de independência e 10 anos de paz efectiva em Angola, podemos afirmar, sem qualquer receio, que muito está feito e que a grande obra de pacificação e reconciliação realizada nos últimos anos fez renascer a nova Angola a que todos aspirámos. Estamos no caminho certo.

* Embaixador de Angola em Espanha

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