quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Sombras no Futuro do MDM


O futuro promissor associado ao Movimento Democrático de Moçambique (MDM), aquando da sua fundação e na fase inicial da sua existência, é cada vez mais arredado em meios que anteviam a sua afirmação como partido de considerável expressão.

A própria FRELIMO, que viu com apreensão o surgimento do MDM, mudou de atitude. O ponto de vista em que geralmente se baseiam previsões actuais segundo os quais o MDM tende para uma “vulgaridade capaz de o minar” é o de que a sua conduta se vem afastando gradualmente de padrões de ética política e moral anunciados no seu ideário, passando a confundir-se com projectos partidários falhados em Moçambique.

A recente nomeação de Luís Boavida como novo SG do MDM é apontada como mais um elemento elucidativo da “deriva” em que o partido entrou relativamente a intenções que contribuíram para a sua implantação, entre as quais a de rejeitar práticas de compadrio e oportunismo na sua acção política.

Luís Boavida foi nas três últimas legislaturas deputado da RENAMO, função no exercício da qual se considera ter exibido inclinações sectárias. Foi um dos mais contundentes críticos do surgimento do MDM, a que chamava “RENAMO Renovada” (por analogia depreciativa com UNITA Renovada, uma criação artificial do MPLA).

O anterior Secretário-Geral do MDM, Ismael Mussá, demitiu-se em circunstâncias consideradas reveladoras de mal-estar interno provocado pela implantação no partido de métodos “centralistas” de gestão (na pessoa do líder), agravados pelo surgimento de tendências regionalistas e de favoritismos étnicos nos processos de decisão.

A reputação do partido está também a ser ofuscada por uma propagação de rumores acerca de casos apontados como reveladores de inclinações venais de alguns dirigentes na gestão de recursos do MDM.

Um dos mais visados é Lutero Simango, chefe da bancada parlamentar do MDM e irmão do líder do partido, Daviz Simango. Daviz Simango é presidente do município da Beira.

O seu prestígio pessoal, considerado factor determinante da aceitação efectiva de que goza entre a população local, sua base eleitoral, pode estar a ser afectado pela crise em que o MDM entrou – o que, por acréscimo, poderá vir a comprometer futuras vitórias eleitorais.

CORREIO DA MANHÃ – 15.06.2011

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