domingo, 7 de outubro de 2012

"SABUJICE E TRAIÇÃO", pelo Dr. Neves Anacleto

Sabujiceetraicao_capa2 Neves_anacleto António Neves Anacleto (1897-1990), advogado, natural de S. Bartolomeu de Messines (Silves) publicou na sua obra A Longa Luta: preso, algemado e deportado, ed. do autor, s.d., com prefácio de António Almeida Santos algumas notas interessantes de memórias sobre a actividade oposicionista em Portugal e em Moçambique. O prefaciador menciona os vinte anos de amizade que o uniam a Neves Anacleto, ambos viveram em Moçambique, e, juntos se envolveram em campanhas de oposição ao governo da ditadura, quando fizeram parte da comissão, que naquela antiga colónia portuguesa, apoiou o General Humberto Delgado à presidência da República.

Francisco Louça, do Bloco de Esquerda, é seu neto.
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PORQUE NOS BATEMOS EM ÁFRICA
Aí por 1912 a Alemanha teve a pretensão de apoderar-se dos territórios portugueses, e o Conde de Bwlov, Ministro dos Estrangeiros alemão, insistia com o Foreign Office para a repartição desses territórios em zonas de influência da Inglaterra e da Alemanha.


Cientes dessas intenções, os democratas portugueses aprovei­taram a guerra de 1914-18 a fim de nela se imiscuírem para, na conferência da paz que se seguisse, terem voz activa no arranjo final das decisões.
No parlamento, na imprensa e nas tribunas públicas, o governo de então defendeu a nossa intenção nessa guerra.
No parlamento havia um grande grupo de deputados que eram oficiais do exército e que defenderam a nossa entrada na guerra como um direito que provinha dos interesses portugueses em jogo, e, honra a esses oficiais, todos eles se ofereceram para combaterem nela e todos se bateram nas trincheiras da Flandres, e aqui morreram muitos que se ofereceram para o combate.
No final, os nossos direitos foram mantidos e, na Sociedade das Nações que se criou, tiveram os portugueses papel de relevo.
Afonso Costa foi eleito Presidente da Assembleia Geral da Socie­dade das nações, e o Portugal íntegro — Metrópole e o Ultramar — foi assegurado pela honra e dignidade do Exército da República.
Depois do traiçoeiro golpe de 28 de Maio, toda a Nação, Metró­pole e Ultramar, ficou submetida à despótica tirania destruída em 25 de Abril último
O peso da ditadura surgida em 28 de Maio de 1926 caiu sobre todos os portugueses quer fossem metropolitanos quer fossem do nosso ultramar.
E todos sofremos dolorosamente essa traição, e quando Salazar, em nome dessa traição, elaborou o Acto Colonial, que transformava em colónias as províncias ultramarinas, todos nós, os democratas, comba­temos, na medida do possível, a lei que nos dividia em colonizadores e colonizados.

P.S.:
O autor foi um dos muitos democratas que estava entalado na ditadura e mais entalado ficou na revolução:
Não era fascista. Não era comunista. Predestinado a ser um entalado.
Esta triste fase da nossa história recente envergonha-nos.
Uma história tabu do PCP, abafada na “solidariedade revolucionária” das esquerdas, com a colaboração da direita envergonhada, como escondida ficou a “vida privada” de muitos dos intervenientes, chamados “ capitães de Abril “ e outros “revolucionários “, que passaram a “novos capitalistas “ a substituir capitalistas com “benesses empresariais “ retiradas da revolução dos cravos.
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