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História
O conhecimento destas ilhas é provavelmente anterior
à fixação no arquipélago dos portugueses. O seu achamento deu-se no século XV,
quanto aos seus efectivos descobridores existe alguma polémica. As primeiras
ilhas a serem descobertas foram provavelmente a de Santiago, Maio, Boavista e
Sal, em 1460, pelo veneziano Cadamosto no decurso da segunda viagem ao longo da
costa ocidental de África ao serviço de Portugal. As ilhas de Brava, São
Nicolau, São Vicente, Rasa, Branca, Santa Luzia e Santo Antão terão sido
descobertas, em 1462, por Diogo Afonso.
A colonização começou logo após a sua descoberta,
sendo as primeiras ilhas serem povoadas as de Santiago e Fogo. Para incentivar
a colonização a corte portuguesa estabeleceu uma carta de privilégio aos
moradores de Santiago do comércio de escravos na Costa da Guiné.Foi estabelecida
uma feitoria em Ribeira Grande (ilha de Santo Antão), ponto de escala para os
navios portugueses.
Cabo Verde tinha então uma situação estratégica
fundamental, não apenas para a exploração da costa africana e do caminho
marítimo para a India, mas também para o trafego de escravos, o qual conhece
entre os séculos XVI e finais do século XIX um grande incremento para as
américas (Portugal, Espanha, Brasil, Indias Ocidentais, EUA, etc).
No final do século XV, Cabo Verde produzia cereais
(milho), fruta e legumes, algodão, anil, gado (vacas, cavalos e burros).Estava
em franca expansão a apanha e comercialização da Urzela e do sal.
O
Porto de Ribeira Brava é no século XVI um verdadeiro mercado internacional de
escravos e com menor importância destacavam-se o da Praia.
A situação económica do arquipélago agrava-se
contudo durante a dominação filipina de Portugal (1580-1640), nomeadamente
devido aos ataques dos piratas Ingleses, Holandeses e Franceses. Estes ataques
prolongaram-se até ao princípio do século XVIII.
Na segunda metade do século XVII, termina a época dos
arrendatários individuais no comércio de escravos. Em 1664 é fundada a Companhia
Porto de Palmida, com capitais portugueses e franceses.
No século XVIII os portos de Cabo Verde, voltam a
adquirir uma de enorme importância para as navegações de longo curso que cruzam
esta zona do Atlântico. A caça à baleia, a partir do final do século contribui
para reanimar os seus portos.
Marques de Pombal, em 1757, confia a administração
destas ilhas à Companhia do Grã Pará e Maranhão, numa experiência que dura vinte
anos. Mais uma vez, o que está em jogo é o comércio de escravos.
A aridez do território e a extrema irregularidade do
clima tornaram-se um sério obstáculo ao desenvolvimento da agricultura. Entre as
culturas que são introduzidas, destaca-se a do cultivo do café em 1790, primeiro
na ilha de S. Vicente e depois nas restantes. Os resultados nunca se revelaram
contudo muito auspiciosos.
Apesar dos acordos entre Portugal e a Inglaterra para
a proibição do tráfico de escravos em Bissau e Cacheu (1810), e depois a sua
interdição a norte do equador (1815), não terminam com este comércio na região.
Muito pelo contrário assistiu-se mesmo ao seu incremento, embora feito de uma
forma clandestina. Barcos espanhóis, franceses, brasileiros, ingleses, etc,
escalavam dos portos de Cabo Verde cheios de escravos para o Brasil, EUA, Cuba e
outras lugares com bandeiras portuguesas.
O fim efectivo do comércio de escravos, no último
quartel do século XIX, provoca uma profunda crise nas ilhas. O desenvolvimento
de plantações, acaba por ter efeitos devastadores no ambiente: a destruição de
enormes manchas florestais para dar origem a explorações agrícolas agravam as
condições de climatéricas em períodos de seca.A emigração torna-se no principal
recurso para a sobrevivência da população a partir de meados do século
XIX..
A
posição estratégica de Cabo Verde, torna-se um ponto de escala obrigatório para
os navios que se deslocam de e para o atlântico sul. Devido a esse facto foram
então feitos importantes importantes investimentos no arquipélago. Entre os mais
significativos destaca-se a colocação de faróis, e sobretudo a reconstrução do
Porto Grande do Mindelo (Ilha de S.Vicente), para o abastecimento dos navios de
carvão e óleos ( Wilson & Companhy, em 1885). A actividade portuária acabou
por se tornar numa significativa fonte de receitas do arquipélago.
Nesta época foram também amarrados de
cabos submarinos (Western Telegraph Company, em 1874), ligando Cabo Verde (Praia
da Matiota em S. Vicente) à Madeira e depois ao Brasil. Em 1886 Cabo Verde ficou
ligada a África e Europa através de cabo submarino.
Secas prolongadas e epidemias continuaram a provocar
milhares de mortes e uma enorme emigração. A partir de 1880, estes emigrantes
constituem já importantes comunidades permanentes nos portos baleiros dos EUA,
como New Bedford, Providence, Nova Inglaterra, etc.
Em finais do século XIX, dezenas de milhares de
Cabo-verdianos começaram a ser compelidos ao trabalho forçado nas plantações de
São Tomé e Princípe. Entre 1900 e 1922, por exemplo, foram enviados para as
plantações de São Tomé 23.978 Cabo-verdianos, pratica que se prolongou até
1974.
Nas
primeiras décadas do século XX, Cabo Verde, conhece um singular desenvolvimento
cultural e educativo, o que contrastava com a sua pobreza económica.
Em
finais dos anos trinta do século XX, Cabo Verde, é dotada de um importante
aeroporto, modernizado nos anos sessenta.
A luta pela independência eclode em 1964 na Guiné,
conduzida por Amilcar Cabral pretende construir uma pátria comum com a Guiné. A
economia Cabo-verdiana manteve-se ao longo de décadas deficitária, apesar da
protecção que gozam os seus produtos em Portugal.
O derrube da ditadura em Portugal, a 25 de Abril de
1974, precipitou a Independência de Cabo Verde e da Guiné-Bissau. No dia 26 de
Agosto de 1974, em Londres e depois em Argel, o governo português reconhece o
Estado da Guiné-Bissau, assim como o direito de Cabo Verde à Independência. O
PAIGC é também reconhecido como o único e legítimo representante dos povos da
Guiné-Bissau e de Cabo Verde.
Em Cabo Verde é constituído um Governo de transição,
composto por cabo-verdianos e portugueses. A 30 de Junho de 1975 foi eleita uma
Assembleia constituinte, composta por 56 deputados e 72 suplentes, com a
participação de 84% dos eleitores. A lista única proposta pelo PAIGC recebeu 92%
dos sufrágios expressos.
Esta Assembleia proclamou a Independência da
República de Cabo Verde a 5 de Julho de 1975 e promulgou uma lei sobre a
Organização Política do Estado que funcionou como uma Constituição até a
aprovação desta na IX sessão legislativa de 5 de Setembro de 1980.
O Presidente da República foi eleito e alguns dias
depois formou o primeiro Governo do Estado de Cabo Verde, dirigido por um
Primeiro Ministro.
A unificação com a Guiné é abandonada em 1980, na
sequência de um golpe de estado. O PAIGC dá lugar ao PAICV, restringido na sua
acção a Cabo Verde.
Cabo Verde passou depois de 1975 a ser governado em
regime de Partido único, segundo um modelo de inspiração marxista. Dadas as
dificuldades económicas procurou seguir uma escrupulosa política de não
alinhamento por nenhum dos blocos políticos em que o mundo se dividia. Algumas
políticas pouco adequadas agravaram contudo, nos anos oitenta, os problemas do
país.
Em 1991, foi finalmente estabelecido um regime
democrático. Em Janeiro deste ano, nas primeiras eleições livres do país,
Aristídes Pereira foi afastado da presidência e o PAICV saíu claramente
derrotado nas eleições para a Assembleia Nacional. O novo presidente, António
Mascarenhas Monteiro, antigo juíz do Supremo Tribunal, dirigia o principal
partido da Oposição, o MPD (Movimento para a Democracia).
Apesar das enormes dificuldades, Cabo Verde apresenta
hoje um panorama económico e social bastante promissor.
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