domingo, 7 de outubro de 2012

“Políticas implementadas tiveram eficácia limitada”

“Políticas implementadas tiveram eficácia limitada”
Moçambique sem dados estatísticos sobre emprego
Revela estudo da ABIODE sobre emprego jovem.
Moçambique continua sem dados para avaliar o primeiro Objectivo de Desenvolvimento do Milénio no capítulo de “garantia de um emprego decente para todos, incluindo mulheres e crianças até 2015”.
Um estudo de “avaliação das políticas nacionais do emprego visando promover iniciativas de geração de emprego para jovens”, produzido pela Associação para Desenvolvimento Sustentável (ABIODE), revela que, apesar de Moçambique não possuir estatísticas actualizadas sobre o emprego dos jovens, a magnitude do desemprego dos jovens constatada pelo primeiro e único inquérito oficial de emprego (IFTRAB 2004/5), sugere que a implementação dos instrumentos de política de emprego, na componente particular de promoção de oportunidades de emprego para os jovens, “teve uma eficácia bastante limitada.” Isto é, um em cada três jovens de 15-19 anos de idade estava desempregado entre 2004 e 2005, contra um em cada dez adultos de 35-39 anos de idade, no mesmo período.
Por outro lado, o desemprego dos jovens reduzia à medida que se avançava na estrutura etária e as mulheres jovens apresentavam os níveis de desemprego mais elevadas entre todas as faixas etárias da população jovem e adulta.
“Moçambique não possui um documento específico de política nem de estratégia de promoção de oportunidades de emprego para os jovens”, refere o relatório, acrescentando que “retrato completo do posicionamento estratégico do Governo com relação à promoção de oportunidades de emprego para os jovens, bem como o plano de acção que definiu as estratégias públicas implementadas para o efeito, foi reconstituído a partir da análise dos instrumentos como Política da Juventude; Estratégia Integral da Juventude; Plano Quinquenal do Governo (PQG) e Plano de Acção para a Redução da Pobreza (PARP).
Uma das constatações do relatório revela que a baixa empregabilidade dos jovens está ligada à baixa qualidade do ensino formal, à baixa qualidade da formação profissionalizante e à exiguidade de estágios profissionais para os candidatos ao emprego.
Os empregadores, refere, notam nos graduados do ensino geral, técnico e profissional e superior a falta de habilidades técnicas e conceptuais para a execução de tarefas básicas na produção de bens e de serviços, sobretudo na primeiro contacto com o mercado de emprego. Isto é, a capacidade dos jovens de traduzir os conhecimentos teóricos e práticos assimilados ao longo do processo de aprendizagem em habilidades para realizar tarefas concretas cuja finalidade é a produção de bens ou de serviços é avaliada como limitada pelos empregadores. “Tarefas básicas como manejar, montar, desmontar, classificar, calcular, observar, interpretar, analisar, sintetizar, entre outras, no acto do desenvolvimento da solução de uma situação-problema específica representam um grande desafio para os jovens graduados do nosso sistema de ensino”, escreve-se no relatório.
Por estas razões, o recrutamento de jovens graduados sem experiência é percebido pelos empregadores como um investimento adicional em factores de produção, que requer acompanhamento e dedicação de técnicos experientes, o que pode contribuir para a quebra da produção, pelo menos durante um certo período inicial, sendo por isso adiado frequentemente por um momento futuro.
Refere ainda que, do lado da oferta da mão-de-obra, nota-se uma desarticulação entre os conteúdos do sistema de ensino e formação e as necessidades do mercado de emprego e a maior parte de instituições de ensino e formação nasceu como resposta ao baixo nível de investimento em áreas de letras, humanidades, ciências sociais, direito e cursos afins e não como resposta a uma necessidade de habilidades por parte do mercado de emprego.
Do lado da procura de mão-de-obra, “é provável que a escala e profundidade das fragilidades dos subsistemas de ensino primário, secundário e ensino técnico e profissional e a falta de estágios profissionais tenham resultado na erosão dos níveis de empregabilidade dos jovens que procuram o primeiro emprego. A questão da baixa empregabilidade dos jovens pode ter evoluído de problema objectivo para uma percepção negativa dos empregadores com relação ao emprego dos jovens, agravado pela falta de medidas concretas que compensassem o risco de empregar jovens e assim estimular a procura pela mão-de-obra jovem, por parte do Governo.”
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