segunda-feira, 1 de outubro de 2012

O silêncio do presente vendeu a liberdade do futuro

Canal de Opinião
Por Rui Lamarques
 
Maputo (Canalmoz) – Borges Nhamirre escreveu um artigo onde fala da inocência dos Jovens da Frelimo, no qual afirma que tal inocência levou Valentina Guebuza ao Comité Central. Eu não creio que sejam inocentes. O termo adequado, no meu entender, é cobardia. Não creio que, no seio da Frelimo, eles (os jovens) pensam todas da mesma forma e aplaudam, no âmago das suas consciências, as atitudes e posições da liderança. Eles discordam e até, muitas vezes, julgam-nas (as posições) ridículas, mas não conseguem dizer o que pensam. Isso, para mim, é cobardia. A pior militância para qualquer partido político é o silêncio da consciência dos membros para benefício de ideias cristalizadas, megalómanas e ditatoriais.
Estes jovens cobardes e indignos cometeram, neste Congresso da Frelimo, o maior atentado à memória dos jovens que ergueram o punho no dia 25 de Setembro de 1964, contra o colonialismo português. Hoje, pelos exemplos amplamente demonstrados, nenhuma independência seria possível. Com os jovens de outrora, este Congresso não poderia ser, de forma alguma, um teatro para ampliar os tentáculos de poder do actual Presidente da República.
Há uma deliberada e estranha omissão dos detalhes em volta do silêncio e cobardia destes jovens, particularmente quanto à forma como foi (e ainda é ou continuará a ser) alavancada o percurso dos antigos combatentes dos tempos hodiernos. Os jovens verdadeiramente militantes estão fartos do desprezo, da humilhação e dos lugares mais sujos da hierarquia do partido. Ainda assim são incapazes de erguer a voz e dizer seja o que for.
Eles até sabem o que o país pagará pelas mentiras e demagogias dos que colocam no poder para velarem pelos interesses familiares. Diante dessa cobardia, os jovens fora da órbita do poder é que vão continuar a pagar impávida e serenamente esses insultos à nossa inteligência colectiva, por parte de um e outro Pinóquio de fato e gravata que só sabe erguer a voz nas redes sociais e engravidar o silêncio diante do “Grande Líder”.
Há, agora, uma corja de indivíduos que beneficia dessas nuvens de imprecisões, cobardias exacerbadas e silêncios coloridos de substância nenhuma, que no fim das contas só nos tem prejudicado como nação. Não vale, portanto, o argumento de que ninguém pode opinar o que se passou em Pemba. É legítimo questionarmos e expressarmos a nossa frustração. Até porque era preciso desmentir os que disseram, um dia, que os jovens iriam vender o país. O vosso silêncio confirmou tal aspecto. Só que quem temia tal possibilidade equivocou-se completamente quando julgou que precisariam de poder para o efeito. Vocês venderem o futuro e hipotecaram as nossas liberdades e nem precisaram de agarrar o poder. Simplesmente abdicaram do mesmo.
O futuro deste país foi comprometido pelo silêncio cobarde destes jovens. Não são inocentes. São uns cobardes e cúmplices a troco de coisa nenhuma. Nós sabemos que eles pensam e têm ideias. Só que a cobardia é o maior anestesiante do raciocínio. Borges, as nossas filhas é que irão pagar, no futuro, pela cobardia destes gajos. Não é inocência. É cobardia para indicar outro caminho.... Estúpidos. (Rui Lamarques)

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