quarta-feira, 10 de outubro de 2012

«Não somos bodes expiatórios das derrotas da Renamo»

«Não somos bodes expiatórios das derrotas da Renamo»
Bancada da Renamo no dia da tomada de posse
Deputados contra-atacam Afonso Dhlakama
Deputados acusam Dhlakama de procurar culpados pelas derrotas eleitorais dos anos passados.
Os 16 deputados da Renamo que tomaram posse na Assembleia da República, a 12 de Janeiro passado, contestam a posição do seu partido de martirizá-los e torná-los “cordeiros de sacrifício” pela derrota nas eleições do ano passado, apenas pelo facto de terem comparecidos à cerimónia de investidura contra a vontade do seu líder Afonso Dhlakama.
SEQUÊNCIA DOS ACONTECIMENTOS
Reunidos ontem na capital do país, os deputados visados dizem que tem sido hábito do partido encontrar “bodes expiatórios” em cada fracasso eleitoral. A título de exemplo, nas primeiras eleições gerais e multipartidárias, em 1994, referem, em pleno dia de votação houve um pronunciamento por parte da direcção da Renamo, segundo o qual o partido e o seu candidato presidencial se retiravam do processo eleitoral. Esse facto acabou afastando potenciais eleitores, o que, alegadamente, teria conduzido aos maus resultados das eleições que a “perdiz” conseguiu.
Em 1999, o cenário repetiu-se e o “bode expiatório” foi o então secretário-geral da Renamo, Raul Domingos, facto que culminou com a sua expulsão, com a alegação de ter sido o culpado pelos resultados negativos conseguidos, para além de ter sido acusado de ter laços com a Frelimo.
Já em 2004, o mandatário do partido, Francisco Machambisse, foi igualmente acusado de ser “traidor” e de ter vendido os resultados, refere o comunicado em nossa posse.
Neste âmbito, os depuados “lesados” entendem que, Meque Braz, vogal da Renamo na Comissão Provincial de Eleições da Zambézia, ao aparecer às câmeras da Stv, no passado dia 24 de Janeiro do ano em curso, chamando traidores os 16 deputados empossados, certamente está à procura de “culpados” das eleições de 28 de Outubro do ano passado.
“Neste momento, e no rescaldo das eleições de 2009, parece-nos que se está a inclinar para novos “bodes expiatórios” que, provavelmente, serão os deputados da Assembleia da República que tomaram posse a 12 de Janeiro”, referem os deputados.
DEPUTADOS CHAMADOS ESFOMEADOS
Afonso Dhlakama dissera, em grande entrevista concedida à Stv nos finais do ano passado, que os deputados da Renamo não haviam de tomar posse, o que não veio a acontecer. Desobedecido a 12 de Janeiro, Dhlakama acusou os 16 deputados de indisciplinados. Mais tarde, o líder da “perdiz” viria a considerá-los como “deputados esfomeados”.
DECISÃO DE DHLAKAMA TOMADA À REVELIA
O documento que temos vindo a citar diz que na reunião da Comissão Política da Renamo de 19 a 21 de Novembro do ano passado, em Nampula, e que visava analisar o processo eleitoral, apenas decidiu-se pela realização de manifestações pacíficas de dimensão nacional em forma de repúdio da alegada fraude eleitoral. Porém, os deputados dizem terem ficado surpresos ao ouvir o seu co-membro a ensaiar medidas punitivas, contra eles, apesar dessa decisão não ter sido tomada em nenhum órgão oficial do partido.
“É nosso entendimento que as posições do partido são tomadas ou em sede de Comissão Política Nacional, nos termos do n.º 4 do artigo 31 dos estatutos do partido, ou em sede do Conselho Nacional”.
Assim, os parlamentares dizem ter constituído espanto ao ouvir Afonso Dhlakama e vários porta-vozes da “perdiz” a dizer que os deputados da Renamo não tomariam posse, acto que não tinha sido acordado em nenhum órgão formal do partido.

2 comentários:

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