José
Niza
José
Manuel Niza Antunes Mendes nasceu em Lisboa, a 16 de Setembro de 1938, e viveu
em Portalegre até aos 7 anos. Fez a escola primária e o liceu em Santarém,
residindo actualmente numa aldeia próxima desta cidade, Perofilho. Faleceu no dia 23 de Setembro
de 2011.
16Set1938 >
23Set2011
Alferes miliciano médico (especialista em psiquiatria),
mobilizado pelo RI1- Amadora, embarcou em 12Jul69 no NTT "Vera Cruz" rumo a
Luanda, integrado na CCS / BCac2877, unidade destinada a render o BCac2832/RI2
(aquartelado em Zau - Évua, como reforço da quadrícula do ComSecZai - ZMN),
cujas subunidades operacionais eram as CCac2306, CCac2307 e CCac2308; quanto ao
BCac2877, tinha como subunidades operacionais as CCac2541, CCac2542 e CCac2543.
Desembarcou em Luanda, no dia 21 de Julho de
1969.
O livro:
"Golden Gate -
um quase diário de guerra"
título: «Golden Gate - um
quase diário de guerra »
autor: José
Nisa
editor: Dom
Quixote
Ano de edição:
2012
ISBN:
9789722050975
«Dedico este livro aos
que morreram na guerra e aos que sofreram por causa dela.
Pelos que morreram nada
há a fazer. A não ser a recordação, a medalha póstuma e a magra pensão para as
viúvas.
Para os que sobreviveram
há o apelo de que não permitam outras guerras como esta.
Sendo o Homem o único
animal que fala, a sua espingarda deve ser a palavra e a sua estratégia militar
o diálogo.
Tudo o resto é responder
aos apelos da irracionalidade.
Só quem viveu uma guerra
pode saber, verdadeiramente, o que é a PAZ.»
José Niza
Notícia in "O Mirante" - 29Set2012, 00H05:
José Niza conta em
"Golden Gate" memórias da guerra colonial
A obra “Golden Gate – Um quase diário de guerra”, de
José Niza, é “um livro de memórias” de uma guerra colonial que “aconteceu
durante 13 anos”, escreve no prefácio o compositor residente em Santarém
falecido em 23 de Setembro de 2011.O livro agora editado resulta da
correspondência diária que manteve com a mulher durante o período em que esteve
“naquele mato de Angola, húmido e quente”, no aquartelamento de Zau Évua, entre
1969 e 1971.
José Niza fora destacado para o contexto da guerra no
Norte de Angola como médico. “Uma guerra onde o médico e o capelão eram os
terapeutas do espírito mais ou menos primário e sempre psicologicamente
descompensado, daqueles mancebos que, por exclusivas razões de idade, foram
incumbidos de defender a Pátria contra o fluir da História”. Segundo afirma, “na
consulta havia sempre mais gente que na missa”, a única excepção era a missa de
Natal.
Das cartas enviadas à mulher, foram retirados extractos
que são apresentados nesta obra como páginas de um suposto diário. A 17 de Julho
de 1969 Niza escreveu: “Chegou cá a notícia de que o Salazar está muito mal, que
está mesmo a morrer. Aliás, ele já morreu há dois anos. A certidão de óbito é
que está atrasada”.
Noutro passo, com data de 10 de Dezembro de 1970, dá
conta dos presentes de Natal que os militares ali destacados receberam, enviados
pelo Movimento Nacional Feminino (MNF): “Um pacote de amêndoas, o que dará uma
por cada soldado; meia dúzia de lâminas de barbear; o que dará uma lâmina por
cada caserna; e ainda meia dúzia de pastas de dentes, o que só dará para os
desdentados”.
“Apeteceu-me escrever à Cilinha [Cecília Supico Pinto,
líder do MNF] a agradecer a amêndoa que me coube. E, como deixei crescer a
barba, vou oferecer a minha parte da lâmina a quem
necessitar”.
Há também excertos mais íntimos, e até confessionais,
como a que escreveu a 6 Julho de 1970, dirigindo-se à mulher: “Gostar de ti é
uma vocação, um modo de vida, uma ocupação permanente, uma invenção de sonhos,
uma antecipação do tempo que há-de vir. Estás presente. Amo-te em full
time”.
José Niza, autor de temas como “E depois do adeus”, foi
médico psiquiatra, compositor e deputado e autarca do Partido Socialista em
Santarém, onde durante dois mandatos presidiu à assembleia municipal. Residia em
Perofilho, nos arredores de Santarém.
Como músico trabalhou com Janita Salomé, Tonicha, Paulo
de Carvalho, Simone de Oliveira e Carlos do Carmo, entre muitos outros, tendo,
como autor, vencido quatro festivais RTP da Canção.
Sem comentários:
Enviar um comentário