domingo, 7 de outubro de 2012

José Niza


 
José Niza
José Manuel Niza Antunes Mendes nasceu em Lisboa, a 16 de Setembro de 1938, e viveu em Portalegre até aos 7 anos. Fez a escola primária e o liceu em Santarém, residindo actualmente numa aldeia próxima desta cidade, Perofilho. Faleceu no dia 23 de Setembro de 2011.
16Set1938 > 23Set2011
Alferes miliciano médico (especialista em psiquiatria), mobilizado pelo RI1- Amadora, embarcou em 12Jul69 no NTT "Vera Cruz" rumo a Luanda, integrado na CCS / BCac2877, unidade destinada a render o BCac2832/RI2 (aquartelado em Zau - Évua, como reforço da quadrícula do ComSecZai - ZMN), cujas subunidades operacionais eram as CCac2306, CCac2307 e CCac2308; quanto ao BCac2877, tinha como subunidades operacionais as CCac2541, CCac2542 e CCac2543.
Desembarcou em Luanda, no dia 21 de Julho de 1969.
O livro:
"Golden Gate - um quase diário de guerra"
título: «Golden Gate - um quase diário de guerra »
autor: José Nisa
editor: Dom Quixote
Ano de edição: 2012
ISBN: 9789722050975
«Dedico este livro aos que morreram na guerra e aos que sofreram por causa dela.
Pelos que morreram nada há a fazer. A não ser a recordação, a medalha póstuma e a magra pensão para as viúvas.
Para os que sobreviveram há o apelo de que não permitam outras guerras como esta.
Sendo o Homem o único animal que fala, a sua espingarda deve ser a palavra e a sua estratégia militar o diálogo.
Tudo o resto é responder aos apelos da irracionalidade.
Só quem viveu uma guerra pode saber, verdadeiramente, o que é a PAZ.»
José Niza
Notícia in "O Mirante" - 29Set2012, 00H05:
José Niza conta em "Golden Gate" memórias da guerra colonial
A obra “Golden Gate – Um quase diário de guerra”, de José Niza, é “um livro de memórias” de uma guerra colonial que “aconteceu durante 13 anos”, escreve no prefácio o compositor residente em Santarém falecido em 23 de Setembro de 2011.O livro agora editado resulta da correspondência diária que manteve com a mulher durante o período em que esteve “naquele mato de Angola, húmido e quente”, no aquartelamento de Zau Évua, entre 1969 e 1971.

José Niza fora destacado para o contexto da guerra no Norte de Angola como médico. “Uma guerra onde o médico e o capelão eram os terapeutas do espírito mais ou menos primário e sempre psicologicamente descompensado, daqueles mancebos que, por exclusivas razões de idade, foram incumbidos de defender a Pátria contra o fluir da História”. Segundo afirma, “na consulta havia sempre mais gente que na missa”, a única excepção era a missa de Natal.
Das cartas enviadas à mulher, foram retirados extractos que são apresentados nesta obra como páginas de um suposto diário. A 17 de Julho de 1969 Niza escreveu: “Chegou cá a notícia de que o Salazar está muito mal, que está mesmo a morrer. Aliás, ele já morreu há dois anos. A certidão de óbito é que está atrasada”.
Noutro passo, com data de 10 de Dezembro de 1970, dá conta dos presentes de Natal que os militares ali destacados receberam, enviados pelo Movimento Nacional Feminino (MNF): “Um pacote de amêndoas, o que dará uma por cada soldado; meia dúzia de lâminas de barbear; o que dará uma lâmina por cada caserna; e ainda meia dúzia de pastas de dentes, o que só dará para os desdentados”.
“Apeteceu-me escrever à Cilinha [Cecília Supico Pinto, líder do MNF] a agradecer a amêndoa que me coube. E, como deixei crescer a barba, vou oferecer a minha parte da lâmina a quem necessitar”.
Há também excertos mais íntimos, e até confessionais, como a que escreveu a 6 Julho de 1970, dirigindo-se à mulher: “Gostar de ti é uma vocação, um modo de vida, uma ocupação permanente, uma invenção de sonhos, uma antecipação do tempo que há-de vir. Estás presente. Amo-te em full time”.
José Niza, autor de temas como “E depois do adeus”, foi médico psiquiatra, compositor e deputado e autarca do Partido Socialista em Santarém, onde durante dois mandatos presidiu à assembleia municipal. Residia em Perofilho, nos arredores de Santarém.
Como músico trabalhou com Janita Salomé, Tonicha, Paulo de Carvalho, Simone de Oliveira e Carlos do Carmo, entre muitos outros, tendo, como autor, vencido quatro festivais RTP da Canção.

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