sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Iniciou transferência de reclusos do Comando da PRM para B.O

Em cumprimento das ordens do PGR
 
- Anibalzinho também será transferido, soube o Canalmoz
- Os irmãos Satar continuavam nas celas do Comando, até a noite de ontem
Maputo (Canalmoz) – A Polícia está a cumprir com as orientações do Procurado-Geral da República (PGR), Augusto Paulino, que numa visita recente ao Comando da Polícia na cidade de Maputo, ordenou que os reclusos encarcerados nas celas daquela unidade policial, fossem transferidos para B.O, a cadeia de Máxima Segurança da Machava.
As condições em que estão vivem os reclusos no Comando, são descritas como desumanas. Mas desde terça-feira passada até à noite de ontem, tinham sido transferidos oito (8) reclusos. As transferências acontecem à noite.
Contrariamente ao que foi noticiado ontem, por um jornal da praça, os irmãos Satar (Nini e Ayob), condenados no “caso Cardoso”, continuam nas celas do comando, embora haja certeza de que serão transferidos também de volta à B.O, donde tinham sido retirados no primeiro semestre deste ano, acusado de ser os mandantes de raptos de empresários em Maputo, o que não se provou até aqui. O Canalmoz confirmou com um porta-voz da Polícia que os irmãos Satar continuavam nas celas da PRM, pelo menos até à noite de ontem.
O Canalmoz soube ainda que o famigerado Anibalzinho, que já se evadiu duas vezes da B.O, será transferido de volta á cadeia da máxima segurança.
Mesma fonte policial disse que na quarta-feira foi restituído à liberdade, um senhor de nome Issufo, que estava detido nas celas do Comando, há dois anos e nove meses, sem julgamento.
Estavam encarcerados nas celas Comando da Polícia da República da cidade de Maputo, 44 reclusos, dos quais 25 cumprem penas e 19 são ainda detidos.
O que PGR viu nas celas do comando
Durante a visita do PGR ao Comando da PRM, os reclusos se queixaram de diversos problemas, desde torturas, falta de alimentação, assistência médica, até a casos de mortes estranhas de reclusos nas celas.
Quando o Procurador-Geral visitou as celas do Comando, os reclusos usaram a varanda, onde habitualmente apanham o banho de sol, para se comunicar com a Imprensa que fora proibida de entrar nas celas e dialogar com os reclusos. Foi nessa hora que os reclusos reportaram casos de mortes, interdição de visitas, torturas, falta de assistência médica e graves problemas de alimentação.
“Se nada têm por esconder, deixem a Imprensa entrar nas celas e acompanhar a nossa conversa com o Procurador-Geral. Torturam-nos e dizem que matamos polícias, estão a mentir. Subam para ver e mostrar ao povo as condições em que vivemos”, palavras de um recluso que gritava detrás das grades para os polícias que impediam a Imprensa de dialogar com os reclusos durante a visita do PGR.
As recomendações do PGR
O Procurador-geral da República, Augusto Paulino, depois de ouvir as reclamações dos reclusos na primeira pessoa, elaborou uma matriz de trabalho com a indicação clara das constatações, recomendações e responsabilidades.
Definiu um prazo máximo de 15 dias para que os magistrados do Ministério Público e os inspectores da Polícia de Investigação Criminal, verifiquem situações críticas individualizadas de cada recluso e tomar as medidas necessárias. Foi neste âmbito que um dos reclusos cuja detenção não estava fundamentada, foi restituído à liberdade e os demais começaram a ser transferidos.
Neste momento, apesar da transferência em curso, alguns reclusos encarcerados no Comando da PRM, estão em greve da fome contra as condições de cárcere. (Cláudio Saúte)

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