quarta-feira, 3 de outubro de 2012

EUA: Romney surpreende e vence primeiro debate

 

Candidato republicano soma pontos na economia, o terreno onde se sente mais confortável. Obama muito na defensiva.

Por: Filipe Caetano | 4- 10- 2012 4: 30                          
O debate começou em tom bem humorado. Barack Obama recordou que estava a celebrar vinte anos de casamento com a mulher Michelle e Mitt Romney gracejou, disendo que o Presidente escolheu a melhor companhia para celebrar a importante data. Mas os sorrisos ficaram por aí, porque o candidato republicano esteve praticamente imparável.

No primeiro frente-a-frente tendo em vista as eleições de 6 de novembro, os dois candidatos defrontaram-se na Universidade de Denver, no Colorado, para debater assuntos internos, primordialmente a economia. E Romney saiu-se melhor naquele que será o seu terreno de eleição, mantendo a expetativa sobre quem vencerá as Presidenciais.

«O governador Romney tem uma perspetiva que diz que se cortamos os impostos dos ricos e diminuírmos as regulamentação, tudo irá funcionar melhor. Eu tenho uma visão diferente», vincou Obama, enquanto Romney criticava o opositor de reforçar o poder do Estado:

«O presidente tem uma visão muito semelhante à que tinha quando concorreu à Presidência há quatro anos, que é gastar mais, mais impostos, mais regras. Essa não é a resposta correta para os Estados Unidos».

O democrata passou ao ataque, tentanto sublinhar contradições no plano de cortes de impostos do opositor, mas o debate entrou numa parte muito técnica e em que as diferenças ficaram bem vincadas: Romney propõe cortes de impostos; Obama diz que só é possível com redução de investimento na saúde e educação.

O republicano respondeu, dizendo que o caminho de Obama é desastroso. E quase falou de Portugal. «Espanha gasta 42% da sua economia total com o governo e nós estamos a gastar o mesmo. Não quero seguir o caminho de Espanha, mas o caminho do crescimento, com mais emprego para os americanos e mais dinheiro na economia», disse o o ex-governador de Massachussetts, acrescentando:

«É preciso diminuir gastos e incentivar o crescimento. Não podemos gastar as verbas públicas para depois ter de pedir dinheiro emprestado à China. Vou recuperar a vitalidade da América».

Menos decidido na transmissão da mensagem, Obama limitou-se a criticar o rival, tentando apontar as contradições numa proposta que procura «cortar gastos sociais e aumentar investimento noutros setores, como o militar». «Como vamos reduzir o déficie para continuar a investir? Esta é uma questão primordial da campanha», questionou o Presidente, visivelmente na defensiva e talvez surpreendido pela resposta vigorosa do candidato Republicano.

Nas alegações finais, Mitt Romney disse que se Obama for reeleito o desemprego vai aumentar e a classe média vai perder rendimentos. O Presidente, por seu lado, concluiu com a promessa de continuar a lutar pelas famílias da classe média em tempos de crise: «Há quatro anos disse que não era um homem perfeito, que não seria um presidente perfeito, e isto é, provavelmente, uma promessa que o governador Romney pensa que mantive. Mas também prometi que lutaria a cada dia pelo povo americano, pela classe média e por todos o que se esforçam, e mantive esta promessa. Se votarem em mim, prometo que lutarei no duro neste segundo mandato».

As primeiras sondagens após o debate dão a vitória a Romney, mas ainda muito há a discutir até às eleições de 6 de novembro. O próximo debate está agendado para dia 16 deste mês, mas antes, a 11, será a vez dos vice-presidentes.

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