terça-feira, 2 de outubro de 2012

Estado de Segredos", de Frederico Duarte Carvalho (2010)

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Estadodesegredos_capa1 Sobre Wiriamu escreve:
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Finalmente, dois dias antes do 25 de Abril, uma "cacha" na imprensa britânica ameaçava destruir de vez a imagem externa do regime do "Estado Novo". Foi graças ao 25 de Abril que o exclusivo da imprensa inglesa não teve grande efeito internacional e, de certa forma, até ajudou a legitimar os actos dos militares revoltosos.
A novidade foi publicada no diário londrino "The Guardian", a 23 de Abril de 1974, mas não teve o devido destaque nas cronologias oficiais do 25 de Abril, apesar de ter tido direito a uma menção na primeira página daquele jornal e de ter sido registada, igualmente, no diário "The Times", no dia seguinte, véspera da revolução portuguesa. Foi uma notícia que nunca chegou a Portugal.
O "The Guardian" publicou, na íntegra, o relatório secreto, elaborado por militares portugueses, que confirmava, pela primeira vez, no seio do exército português, os massacres de Wiriamu, em Moçambique. Denunciados pelo pa­dre Adrian Hastings, em Junho de 1973, na véspera da visita oficial de Marcello Caetano a Londres, os massacres de Moçambique, perpetrados em Dezembro de 1972, destruíam a legitimidade das acções militares portuguesas na defesa dos interesses coloniais em Africa.
Assinado pelos jornalistas Peter Niesewand e António de Figueiredo, o títu­lo acusava Lisboa de ter dado “licença para matar” a mercenários da Rodésia, país liderado por Ian Smith.
O relatório do exército português defendia que tropas pára-quedistas de luta anti-guerrilha atacaram alvos pré-determinados no interior de Moçam­bique e tinham ordens para não fazer prisioneiros, nem militares ou civis, mas sim «matar todos os que encontrassem». Acrescentava o relatório que as tropas da Rodésia levaram a cabo esses ataques «com o conhecimento e co­operação das autoridades portuguesas» e confirmava o massacre de Wiriamu por tropas portuguesas que teriam actuado debaixo de ordens do comando militar da província moçambicana de Tete.
Explicava ainda o "The Guardian", que o «relatório fora compilado por oficiais que serviram naquela conturbada colónia africana, apoiantes de Spí­nola e das suas teses». E que o relatório mencionava a visita de Costa Gomes, a Moçambique, em Fevereiro de 1974, em que «demonstrou interesse pessoal no inquérito secreto pedido pelo governo de Marcello Caetano sobre os mas­sacres de Wiriamu e Chavola, perto de Tete».
O golpe militar em Lisboa, dois dias depois, poupou o país a um julga­mento público e internacional.
In Estado de Segredos(2010), de Frederico Carvalho, pág.s 45/46

1 comentário:

Anónimo disse...

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