quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Dilma critica países ricos em reunião com as nações árabes

 

2/10/2012 12:27, Por Redação, com agências internacionais - de Lima e Rio de Janeiro
Dilma
Dilma, de vermelho, participa da reunião em Lima
A presidenta Dilma Rousseff participou, nesta terça-feira, da abertura da III Cúpula América do Sul – Países Árabes (ASPA), realizada nesta capital. Às 10h Dilma integrou a primeira sessão plenária de Chefes de Estado e de Governo. Em seguida, posou para a fotografia oficial da cúpula que seguiu reunida durante o almoço em homenagem aos chefes de delegação. O roteiro incluia uma segunda sessão plenária e o encerramento do encontro.
No fim do dia, na declaração conjunta assinada por 32 representantes do grupo (Paraguai e Síria estão suspensos), os países se manifestam sobre os principais temas em discussão no momento. Dilma foi a segunda a discursar na abertura do evento, depois apenas do secretário-geral da Liga Árabe, representante de 22 países, Nabil Elarabi, que abordou em seu discurso a questão nuclear para uso pacífico.
Dilma, em seu discurso, pontuou na área econômica os avanços no intercâmbio comercial entre as duas regiões, que no ano passado significou mais de US$ 27 bilhões, em um aumento de 42% “apesar dos efeitos da crise”, afirmou. Dilma insistiu ser necessário ampliar o comércio e “aproveitar a complementaridade” verificada entre os produtos gerados na América do Sul e nos países árabes, a exemplo da energia, mineração, turismo.
– A cooperação é particularmente estratégica. Nossas regiões enfrentam desafios para combater a miséria e a fome – afirmou Dilma.
Segundo a presidenta, “o mundo passa por grandes transformações”. Dilma acentuou que a “persistente crise econômica iniciada nos países desenvolvidos nos propõe novos desafios para assegurar que as turbuências da economia internacional não criem obstáculos ao nosso desenvolvimento econômico”. Segundo a chefe de Estado brasileira, o protecionismo dos países ricos é uma ameaça ao desenvolvimento das demais nações do mundo. Dilma criticou “a flexibilização quantitativa”, política de expansão monetária das nações ricas, que consiste na desvalorização artificial das moedas para aumentar a competitividade comercial frente aos demais países.
– Os países ricos, com essas políticas expansionistas, exportam a crise para o resto do mundo e não resolvem o problema mais grave deles, que é o desemprego. o protecionismo disfarçado visam reduzir nossas exportações, portanto, precisamos fortalecer nossa cooperação em bases que sejam mais equanimes e solidárias – disse.
Outro ponto tocado no discurso da presidenta foi a violência que cresce no Oriente Médio. O assunto constou no documento final, com uma crítica à Síria, que completa 19 meses de conflagração, com o registro de mais de 25 mil mortos; aos ataques contra representações diplomáticas como reação a um filme anti-Islã, produzido nos Estados Unidos e a defesa do direito dos palestinos a um Estado autônomo e independente.
Idealizador da Aspa em 2003, o Brasil é destaque por servir de exemplo a países árabes e sul-americanos nos esforços para o combate à pobreza e nas ações de inclusão social. Os programas de transferência de renda e de ações de preservação e garantia das minorias, inclusive em favor da igualdade de gênero, são examinados pelas autoridades das duas regiões e adaptados por muitos países.
Na declaração conjunta foram também destacados os avanços políticos obtidos no Egito com as eleições presidenciais livres, depois de mais de três décadas de gestão do ex-presidente Hosni Mubarak, e as eleições parlamentares na Líbia, após o fim do governo do ex-líder Muammar Gaddafi.
No total, a união entre os países sul-americanos e árabes representa um Produto Interno Bruto (PIB) agregado de aproximadamente US$ 5,4 trilhões e envolve uma população estimada em 750 milhões de habitantes. De 2005 a 2011, o intercâmbio comercial entre as duas regiões passou de US$ 13,6 bilhões para US$ 27,4 bilhões, registrando aumento de 101,7%.
Coluna
Na coluna Conversa com a Presidenta que o Correio do Brasil publicou nesta terça-feira, na página 9, a presidenta Dilma Rousseff afirmou que o ritmo de crescimento da economia brasileira começou a se acelerar graças às medidas de estímulo ao setor produtivo. Em resposta ao contador André Falcão Ferreira, morador de Teresina (PI), a presidenta disse que o governo tem adotado medidas que não são apenas para estimular o consumo, mas, principalmente, o investimento.
“O ritmo de crescimento da economia brasileira começou a acelerar, e continuamos gerando emprego – foram 2,2 milhões no ano passado e mais 1,38 milhão até agosto de 2012. Isto é resultado das medidas adotadas para assegurar crescimento sólido e sustentável, grande parte delas no âmbito do Plano Brasil Maior (…) Já temos a taxa básica de juros mais baixa da história (7,5%). Em setembro, desoneramos a folha de pagamento de mais 25 setores (…) São exemplos de medidas que ampliam nosso mercado interno e estimulam o investimento privado e do Estado”, afirmou.
Na coluna, Dilma afirmou que o governo quer chegar a 60 mil escolas públicas com ensino em tempo integral até 2014, como parte do programa de Ensino Integral Mais Educação. Ao responder ao sociólogo Juliano Santos, de Guarulhos (SP), ela esclareceu que o Brasil já conta atualmente com 32 mil escolas com este tipo de ensino.
“Muitas vezes, há atividades fora da sala de aula – jogar xadrez, por exemplo, exercita o raciocínio lógico e ajuda no aprendizado da matemática; a música e o esporte ajudam na concentração e na disciplina. Mas a principal atividade é mesmo o reforço das matérias curriculares. Além disso, os alunos têm na escola café da manhã, almoço e lanche da tarde”, destacou.
O estudante Giordano Bispo, de Itabaiana (SE), perguntou à presidenta sobre o andamento das obras de transposição que fazem parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Dilma respondeu que o Projeto de Integração do Rio São Francisco está em obras em nove dos 16 lotes, empregando mais de 4 mil trabalhadores, número que deve subir para 6 mil em breve.
“O Projeto de Integração do Rio São Francisco é uma obra estratégica do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) que levará água para 12 milhões de pessoas em 390 municípios de quatro estados do Nordeste. É hoje a maior obra de infraestrutura hídrica para usos múltiplos executada diretamente pelo governo federal”, disse.

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