quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Como é que o “sistema” e seus agentes andam a entreter-nos em retórica e enrolamento

Sintam-se cumprimentados.

Ora, estava eu hoje a fazer um “refresh” em torno do que se tem postado e comentado ao longo desses tempos aqui no “Diálogos Sobre Moçambique”. Usei como “balizas” de análise o sentido de pertença “ideológica” de uns e outros, bem como as respectivas técnicas de “debate” e as “escolas argumentativas”. Pretendia no início fazer uma espécie de “tratado enciclopédico”, com referências a nomes e tal... Desisti e vão perceber depois porquê, ao longo do debate que vou lançar agora.

Usei como “aperitivo” o post sobre as expressões linguísticas para, de modo premeditado, “caçar” alguns “patriarcas” ideológicos e expôr os seus “modus facendis”, heheheheheh... E foi mesmo o que se viu: os “rockets” de sempre procurando aleijar o que eu dizia com uma crítica à mim e não ao conteúdo do post. Pese embora tenha havido um e outro que tentou “discutir” o objecto, foi-me possível ver pelo menos 3 “esforços”:

1. O de tornar irrelevante o que eu disse através da técnica de asfixiação (o juízo de valor sobre a minha pessoa, identidade ou carácter a sobrepôr-se ao meu argumento).

2. A tentativa de pontapear a atenção do objecto do post para lá longe e o de centrar as baterias em tornos das ideossincrasias de um e outro em relação ao Edgar.

3. O truque de me assassinarem o perfil psicológico para, automática e sumariamente, atirarem a validade do que eu defendia para a latrina mais próxima.

Bom, o post nem é para me “vitimizar”, como já devem estar a cogitar os “anti-Edgares” de sempre. Aliás, hoje foi comigo mas, invariavelmente, tem acontecido com um e outro neste Grupo. Ora, há dias estava a ler um clássico de Arthur Schopenhauer (1997), “Como vencer um debate sem precisar ter razão – em 38 estratagemas (Dialética Erística)”, na versão brasileira traduzida e editada pela Topbooks. Podem encontrar a obra na internet. A obra destaca algumas artimanhas que são invariavelmente usadas pelos “sabichões” daqui do Grupo para argumentar ou contra-argumentar num debate sobre determinado assunto. A essência é precisamente essa do seu título: “espezinhar” os outros sem necessariamente ter razão.

São ao todo 38 estratagemas mas eu vou arrolar aqui alguns, técnicas essas recorrentemente usadas pelos “vamos lá engomar esses gajos” para “m´telelar” (de M´telema mesmo) os debates aqui no Grupo e em outros fóruns de discussão de ideias:

1. Esticar a ideia do autor para além do seu território temático, de forma a confundi-lo, enrolá-lo, estonteá-lo ou distraí-lo do seu tópico. Essa técnica tem como fim último desgastar o autor e adormecer o debate por “sono natural”.

2. Associar o tópico à assuntos que pouco ou nada têm a ver com o mesmo, para desvalorizar a sua pertinência e “encegar” ao autor.

3. Colocar o autor a falar de coisas que não são o que ele previamente levantou, de forma que a dado momento do debate o tópico se tenha já desviado do foco.

4. Baralhar o autor, através de questões ou de associações externas ao objecto da discussão, de forma a levar o autor a admitir coisas que não estão no objecto do debate e conduzir o mesmo debate para o parque de Gorongosa.

5. Responder às questões levantadas pelo autor com perguntas... No fim do dia, o autor é levado a “queimar neurónios” tentando responder às questões do antagonista e as questões de debate permanecem em intervalos abertos e indeterminados da geleira do tempo ou das teias do esquecimento.

6. Irritar o máximo possível o autor, de forma a que a dado momento a racionalidade do seu argumento seja atrofiada pela sua emotitividade. Daí até o autor esquecer-se da sua razão e vantagem argumentativa é como a distância entre o Contentor Amarelo e a minha casa...

7. Manipular semânticamente certas palavras, de forma a que o autor não saiba ou se confunda no seu significado específico. Aqui tenta-se distrair o autor com expressões técnicas específicas, fintas linguísticas e flores retóricas dizendo patavina nenhuma. Até consigo imaginar um e outro a reverem-se aqui, HEHEHEHEHEHEHEHEHEHEH....

8. Usar a técnica da falsa proclamação de vitória, do estilo “Edgar, tu não sabes nada disso e eu sim...”. Aqui se usa todo e qualquer tipo de artimanha que legitime a superioridade do oponente e automaticamente inferiorize a competência, informação ou experiência do autor. Imediatamente, e com os punhos rimbombando o seu peito, o oponente retira-se estratégica e triunfalmente do debate, qual “comam mais feijão, seus putos”. Sentiste, né? VOCÊ MESMO!

9. Tornar absurdo todo e qualquer esforço argumentativo do autor.

10. Apelar à falibilidade humana quando se está já sem argumentos, em debates que envolvam pessoas específicas.

11. Impelir o autor ao exagero, no seu exercício argumentativo. Isto é, e já no calor do debate, leva-se o autor a exagerar as suas posições e, como o exagero costuma levar a contradições, o oponente aparece a refutar essas contradições como se estivesse a refutar o argumento original.

12. Usar o “argumentum ad verecundiam” (heheheheheheh, gramei desta expressão), que basicamente consiste em citar autoridades no assunto para refutar uma tese. Este estratagema funciona tanto melhor quanto menores forem os conhecimentos do adversário a respeito do que disse a autoridade invocada e quanto maior for a veneração dele diante de tal autoridade... Apanhaste, né? Consigo até ver-te a rir de ti mesmo, compatriota!

13. Driblar o autor pela falácia da incompetência irónica: fingir que não entendeu o que o adversário disse e declarar isso ironicamente. Nas circunstâncias certas, isso faz o adversário parecer um idiota que não sabe organizar o raciocício ou que está simplesmente declarando algo patentemente falso.

14. Apostar na fisga do discurso incompreensível: maningue blá blá blá num “oceano Índico” de palavras com requintes aparentemente académicos e artifícios semânticos supostamente inacessíveis ao intelecto indigente do adversário, de forma a deixá-lo impressionado, desconcertado ou aturdido e, por consequência, desviar-se da sua razão.

Eish, chega... Querem saber mais como é que o “sistema” e seus agentes andam a entreter-nos em retórica e enrolamento, aqui no Facebook e nos demais fóruns de debate nacionais? LEIAM MAIS...

Now kill me ou se calem para sempre! Bananas.

Eusébio André Pedro, Egidio Guilherme Vaz Raposo, Johane Zonjo, Rui Lamarques, Palmeirim Chongo, Mablinga Shikhani, Miller Martin, Amosse Macamo, Luis Nhachote, Americo Matavele

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