quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Clima volta a esquentar em debate entre Haddad e Serra

 

25/10/2012 13:20, Por Redação, com RBA - de São Paulo

Haddad
Haddad e Serra discutiram programas no penúltimo debate antes do segundo turno
Mulheres rebolavam na tela do SBT segundos antes de o apresentador Carlos Nascimento anunciar o início do debate organizado pela emissora e pelo portal UOL, e que colocou frente a frente, pela penúltima vez antes do segundo turno, os candidatos que disputam as eleições para a prefeitura de São Paulo. Junto com as dançarinas de auditório, foi-se embora a amenidade que até então havia juntado tucanos e petistas em sorridentes rodinhas fora do estúdio – com direito a tapinha nas costas, canapés e sucos de maracujá com pêssego.
- Toda campanha tem seus atritos, seus embates e conflitos. É assim mesmo – contemporizou o presidente nacional do PSDB, Alberto Goldman, quando todos já se posicionavam para o começo do confronto. E as faíscas não tardaram a aparecer. O candidato do PT, Fernando Haddad, foi sorteado para fazer a primeira pergunta e resolveu abordar o tema da violência na capital. Segundo o petista, os índices de criminalidade só tem feito aumentar nos últimos meses. Seu rival, o tucano José Serra, recusou a avaliação do adversário e lembrou que os resultados da segurança pública são os melhores dos últimos 12 anos. “Ao contrário do que acontece com governos do país, como é o caso da Bahia”, rebateu.
Assim foi durante todo o debate: uma alternância de ataques e autopromoção, com direito a esquivas de José Serra e inesperada combatividade de Fernando Haddad na hora de responder às insinuações do adversário – sobretudo quando foi acusado de querer “repetir” o mensalão em São Paulo e acabar com a parceria da prefeitura com as Organizações Sociais (OS) na área da saúde. Ainda assim, nenhuma das pessoas ouvidas pela RBA após o fim da transmissão avaliou que houve exageros ou baixo nível. “Achei o Haddad um pouco tenso e nervoso, em alguns momentos agressivo e até desrespeitoso, mas está tudo dentro dos limites aceitáveis”, analisou o senador Aloysio Nunes Ferreira, do PSDB.
Toma lá, dá cá
O coordenador da campanha do PT, o vereador Antonio Donato, justificou a firmeza de seu candidato como uma postura inevitável diante das “tantas mentiras” que o adversário tucano tem espalhado por aí. “Não é bem uma estratégia”, explicou. “A estratégia da nossa candidatura é mostrar as propostas, e isso Haddad fez no debate, mas depende de como venha o tom do adversário a gente vai responder à altura.” Já o coordenador da campanha tucana, Edson Aparecido, tem uma interpretação diferente da postura assumida pelo ex-ministro da Educação. “Os ataques de Haddad mostram que o PT está preocupado.”
Essa preocupação viria das duas últimas pesquisas de intenção de voto, divulgadas na quarta-feira à noite pelo Ibope e Datafolha. Ambos institutos continuam colocando Fernando Haddad em primeiro lugar – e com uma grande vantagem. Porém, Serra teria reduzido a diferença em seis pontos percentuais, segundo os votos válidos medidos pelo Ibope. Agora a peleja estaria em 57% a 43%. Na semana passada, o petista liderava com 60%, ante 40% do tucano. Já os números do Datafolha mantiveram a distância de 20 pontos. Ambos resultados estão, portanto, dentro das margens de erro, que é de três pontos para mais ou para menos.
Haddad fez pouco caso dos números. “Respeito os institutos, respeito minha pesquisa interna, que nos dá uma condição importante, mas eu espero domingo”, alertou, adotando comportamento de jogador de futebol em véspera de final de campeonato. “Vamos trabalhar com muita humildade até o último dia. Sabemos que é uma eleição difícil, mas estamos preparados pra fazer o debate sobre quem tem a melhor solução para a cidade.”
Sí, pero no mucho
Edson Aparecido tampouco leva tão a sério as medições do Ibope e Datafolha. Pesa contra os institutos terem previsto durante semanas consecutivas a vitória de Celso Russumanno (PRB) no pleito do último dia 7, sendo que o candidato sequer passou para o segundo turno. Por isso, assim como faziam os petistas quando Fernando Haddad aparecia em terceiro lugar nas intenções de voto, o coordenador da campanha tucana prefere fiar-se dos números produzidos pelo próprio PSDB. “Nossas pesquisas não mostram diferença tão grande assim”, afirma, reconhecendo que o candidato do PT está na frente, pero no mucho. “Nessa reta final, a gente tá conseguindo entrar no voto dos indecisos, que ainda é muito grande: se somamos branco, nulo e indeciso dá 28%, quase um terço. Acho que podemos ter um resultado positivo.”
Afinado com seu assessor, Serra ressaltou a importância dos eleitores que ainda não escolheram em quem votar. Não admitiu que está querendo conquistar a preferência dos indecisos – “todo mundo é importante” – mas fez um apelo para que o paulistano não deixe de ir às urnas no próximo domingo. “Acho que ir votar é fundamental: não votar em branco, não anular nem se abster, ir lá e manifestar sua opinião sobre quem é o melhor prefeito para São Paulo”, defendeu. “O voto é uma propriedade privada de cada um que é essencial para a democracia.”
Elogios não faltaram à organização do debate. Primeiro, ao horário: promover uma discussão política na tevê às 6 da tarde agradou a tucanos e petistas. “Essa inovação do horário permite que outro público assista à discussão”, afirmou o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), que se disse bastante satisfeito também com o formato do programa. “O modelo de perguntas e respostas diretas é bastante dinâmico, permite boa comparação.”
No fim, os dois grupos comemoraram a vitória de seus respectivos candidatos no debate, e, menos efusivos, previram o mesmo sucesso nas urnas. Antes, porém, haverá mais uma discussão aberta na TV: o último confronto está marcado para esta sexta-feira na Rede Globo, que cancelou o debate no primeiro turno e agora promete encerrar, como de costume, a campanha. Talvez haja canapés e sorrisos antes de os candidatos se fecharem no estúdio para o debate – só resta ver se alguém vai rebolar, como ontem.

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