sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Cartas ao Presidente da República (34)

 

LEVIATÃ por Laurindos Macuácua
Bom dia, Presidente. Hoje quero lhe falar sobre o aumento do preço do transporte semi-colectivo de passageiros, o “chapa”.
É que eu, no meu humilde entender, acho que nestas circunstâncias falta ao Governo a lucidez política e audácia intelectual. Isto é empurrar o pobre cidadão para o derradeiro passo do abismo. Isto é cada vez mais deprimente quando todo o carossel de deputados da Frelimo à Assembleia Municipal acredita que o aumento das tarifas vai melhorar o funcionamento dos transportes semi-colectivos de passageiros. Isto é de uma boçalidade desmensurável e pior ainda quando o Governo Central não reage.
O encurtamento de rotas, Presidente, é um hábito fossilizado nas conciências dos “chapeiros”, e encontram cumplicidade na própria polícia municipal. Afinal, para que serve a polícia municipal? É que sei que vive das nossas contribuições mas não nos defende. Chego a pensar que o Presidente também é cúmplice da nossa desgraça. Não está alheio a isto e defende a prática com todo o cinismo. Não é isto provocar uma guerra? Não será pir isto que houve uma greve memorável. Ou o senhor não viu?
Já lhe pedi, Presidente, para que dispensasse o seu carro confortável e, disfarçado de um cidadão anónimo, viajasse de “chapa” para ver- in loco- a boçalidade do motorista e o seu cobrador. É deveras deprimente para o povo, mas é muito bom para o Executivo.
Afinal, por que no lugar de construir tantas mansões, investir em supérfluos, criar fortuna pessoal; não pensa o Presidente em investir no sector dos transportes? Alegra-lhe ver quem o vota a andar apinhado como boi? Viu quando o Mandela recebeu o seu primeiro cheque respeintante ao salário como Presidente da República? Resolveu doar o dinheiro, do bolso dele, para os necessitados. Isto depois de 27 anos nas masmorras do Apartheid. Os governantes da Frelimo são capazes de lhe seguir o exemplo? Nada? Se ainda roubam o pouco que o povo tem com o pretexto de que são os únicos que devem enricar porque libertaram o País do jugo colonial português. Pobreza mental!
DIÁRIO DE NOTÍCIAS – 26.10.2012

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