quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Armindo Ngunga está em conflito de interesses

Presidente do Conselho Superior da Comunicação Social
 
- Considera Ernesto Nhanale, do Centro de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (CEC), que diz que a Imprensa tratou o X Congresso como se de Conselho de Ministros se tratasse
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Maputo (Canalmoz) - A aparição do “camarada” presidente do Conselho Superior da Comunicação Social (CSCS), Armindo Ngunga, no X Congresso da Frelimo, trajado de uma t-shirt “Frelimo a Força da Mudança”, tendo inclusive discursado na qualidade de militante, continua a fazer brotar comentários de vários quadrantes da sociedade.
O Centro de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (CEC) na voz do seu vice-presidente, Ernesto Nhanale, diz que antes de ir discursar na qualidade de membro da Frelimo, o presidente do CSCS tinha que ter consciência daquilo que ele representa. “Todos nós sabemos que o Conselho Superior da Comunicação Social é o órgão regulador e garante da liberdade de Imprensa em Moçambique, segundo a definição constitucional”, disse para acrescentar que se o presidente do órgão aparece como membro de um partido e se apresenta como tal, deixa em dúvida a actuação do seu órgão, a credibilidade das suas decisões em relação ao sistema de comunicação social.
Para o CEC, as decisões que Armindo Ngunga e seus pares vão tomar, sejam elas favoráveis ou desfavoráveis, vão ser sempre discutíveis, porque “são decisões de um membro sénior do partido Frelimo e apresenta-se como tal”.
O vice-presidente do CEC esclarece que todos os cidadãos têm o direito de se filiar a partidos políticos, mas a partir do momento que assumem determinados cargos públicos devem relegar as nossas paixões partidárias a bem do serviço público.
Imprensa tratou o X Congresso como Conselho de Ministros
Não é só Armindo Ngunga que preocupa o CEC, no âmbito do X Congresso. A forma como a Imprensa tratou aquele evento partidário mereceu algumas críticas daquela organização. Nhanale diz que neste ano, os três principais partidos políticos tiveram reuniões de seus órgãos máximos, mas a Imprensa não deu destaque tal como deu ao Congresso da Frelimo. “A Imprensa mobilizou-se na sua máxima força para cobrir o evento. Isso pode gerar uma situação de parcialidade no sentido de que o igual destaque dado ao partido Frelimo devia ser dado aos outros partidos, se quisermos ser imparciais”, disse.
Sobre a justificação de que a Frelimo é o partido no poder desde a independência nacional, por isso merecedor de atenção redobrada, o vice-presidente do CEC respondeu-nos definindo partido político: “uma organização de pessoas que visa conquistar o poder e geri-lo”. Para si, da mesma forma que o congresso da Renamo ou do MDM podia tomar decisões importantes para conquistar o poder, geri-lo aplica-se em relação a todos outros partidos.
Para Nhanale, a Imprensa não viu o congresso da Frelimo como reunião de um partido. “Este encontro não foi do Governo, se não seria Conselho de Ministros. Era o partido Frelimo. Ora quando se trata da Frelimo, Renamo, MDM, PDD estamos perante partidos políticos e a atenção deve ser a mesma”, disse criticando o facto de a media não ter criado condições para fazer “directos” e “janelas especiais” para as reuniões de outros partidos.
“Não estou a querer dizer que a Frelimo e a Renamo se comparam em termos de mobilizar os media, mas os jornalistas têm responsabilidade de mostrar a alternativa e dar força à alternativa política”, disse acrescentando que o discurso construído pela Imprensa sobre o congresso fazia confusão entre o partido Frelimo e o Estado. (Matias Guente)

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