sábado, 20 de outubro de 2012

A Relatividade de Ser Moçambicano

 

by Esaúú Cossa on Thursday, 22 December 2011 at 07:05 ·
A Relatividade de Ser Moçambicano

“… Queria ter muito dinheiro, um saco de dinheiro do tamanho de Moçambique, para puder oferecer coisas aos moçambicanos é que sabe Mulungo, ricos ou pobres, sortudos ou azarados, gordos ou magros, mulheres ou homens, todos gostam de ter e receber coisas…” – Ma khosa, in a Confissão no prelo.

Acordei perplexo e reparei que o ano 2011 já se finda, com um sentimento de satisfação e nostalgia misturado, por um lado parece que realmente venci a dura tarefa de sair vivo e aparentemente saudável para enfrentar os duros desafios de 2012, por outro lado este sabor agridoce na boca pelos momentos bons vividos este ano não me permitem fechar a porta desta epopeia anual sem agradecer a todos que tornaram este ano mais humano possível entre erros e acertos. Não cito nomes porque a limitação da memória e a ordem dos amores pode fazer com que eu me esqueça de alguém, estou em crer que as pessoas visadas vão se sentir identificadas neste desabafo público.

Quando um ano finda mais do que recordações olhamos para as realizações e é ai onde o relativismo se instala, porque podemos ser iguais na cor, no sangue, na carne, no espaço e acima de tudo à luz da lei, mas estarmos juntos não significa estarmos mesclados, o pão que o João come não é definitivamente o croissants que o Pedro degusta diariamente e longe de mim querer mesclar essas realidades.

O relativismo moçambicano mora na avaliação umbiguista que fazemos da nossa realidade, se hoje temos pão estamos bem, se não tivermos estamos mal, nessa dicotomia de bom ou mau. Podemos traçar um cenário interessante, contabilizaríamos as opiniões umbiguistas dos mais 21 milhões habitantes deste belo Moçambique e saberíamos se estamos no bom ou mau em termos de bem-estar social. Na minha umbiguista e modéstia opinião de mais um moçambicano que se enquadra nessa estatística de habitantes atrevo-me a dizer a contabilização dirá claramente que no que tange ao pão Moçambique esta no mau, porque ainda padece de fome em todas as vertentes imaginárias.

Em suma, não se fecha uma proeza com tristeza, senão não teremos a insustentável leveza de ser para o próximo ano. O maior presente que todos moçambicanos já se ofereçam este ano, uns até sem se aperceber foi a “ PAZ”, podemos não ter na sua maioria pão em casa, mas temos a paz, este desiderato mor para qualquer ser humano, podemos não ter vinhos e guloseimas a mesa, mas temos a paz e nesta relatividade de ser moçambicano todos são absolutistas em afirmar que esse é o maior ganho que retiramos de 2011.

Esaú G. Cossa (Meu singelo presente de Natal , Festas Felizes...)

Sem comentários: