sábado, 18 de agosto de 2012

Tiroteio em plena sexta-feira santa

Tiroteio em plena sexta-feira santa
Escrito por José Chirinza, na Beira   
Dezoito anos após a assinatura do Acordo Geral de Paz, AGP, que pôs fim à guerra dos dezasseis anos, as armas dos homens armados da Renamo e dos agentes da Força de Intervenção Rápida, FIR, voltaram uma vez mais a soar no distrito de Marínguè, província de Sofala.

A nova investida militar entre os ex-guerrilheiros da Renamo e a Força de Intervenção Rápida, aconteceu na manhã da passada sexta-feira e durou poucas horas. Não houve registo de mortos e nem feridos, mas a população ficou em alvoroço.
Funcionários públicos, comerciantes e alunos foram obrigados a fugir para as suas residências porque os estrondos do tiroteio foram bastante pesados.
Na sequência do confronto, algumas famílias residentes próximo ao antigo quartel general da Renamo continuam a abandonar as suas casas receando novos ataques.
Segundo o administrador distrital de Marínguè, Absalão Chabela, o tiroteio foi protagonizado pelos antigos guerrilheiros da Renamo.
Tudo começou quando um grupo de jovens da Organização da Juventude Moçambicana deslocou-se à pista de aterragem do aeródromo de Marínguè, reivindicado pelos guerrilheiros como sendo da sua pertença, supostamente a fim de proceder à limpeza da mesma,  foi interceptado pelos guardas armados da Renamo que o proibiram.
A referida pista localiza-se a escassos metros da zona militar da Renamo, onde está instalado o quartel general do movimento liderado por Afonso Dhlakama no tempo da Guerra Civil, e que nunca foi desactivado.
Após a interceptação, os jovens em alusão foram queixar-se à Polícia de que elementos da Renamo os tinham proibido de efectuar trabalhos de limpeza na pista do aeródromo.
Após a denúncia, um contingente de agentes da Força de Intervenção Rápida (FIR) fez-se ao local num carro de assalto, blindado e lá os ex-guerrilheiros da Renamo receberam-no com rajadas de tiros para o ar.
Vendo rajadas de tiros alguns com som de armas pesadas o pouco efectivo da FIR que se dirigiu a pista  entrou em acção disparando igualmente para o ar.
O referido tiroteio não foi à queima roupa, todos dispararam apenas para o ar.
Não é a primeira vez, que os homens armados da Renamo e agentes da FIR trocam tiros por causa deste aeródromo.
Em 2009, os mesmos entraram em colisão bélica quando uma equipa da aviação esteve de novo no local supostamente para organizar o terreno de forma a que o Chefe de Estado e sua comitiva desembarcassem na-quele aeródromo numa visita que iria efectuar naquele distrito no âmbito da presidência aberta.
Entretanto, os chamados ex-guerrilheiros do movimento rebelde da Renamo, por considerar o aeródromo da sua pertença exigem que o governo local peça permissão sempre que queira usar aquela pista de aterragem, o que supostamente não tem acontecido.
Por causa desta falta de diálogo, a população está dispersada e receia novos confrontos entre os ex-guerri-lheiros da Renamo e as Forças de Intervenção Rápida.
Por este tiroteio ter-se registado na semana em que a Renamo havia agendado a sua manifestação em protesto da recusa do governo da Frelimo de renegociar o dossier de Acordo Geral de Paz, que não aconteceu por razões não avançadas, Marínguè está agitado.
Absalão Chabela, afirmou esta terça-feira, em contacto telefónico, que a vida da população tende a voltar à normalidade pese embora estes estejam mergulhados na incerteza de possíveis manifestações violentas naquele distrito.
O distrito de Marínguè “bastião militar” e a cidade da Beira “bastião político” são os locais que o partido de Afonso Dlhakama, havia escolhido para o lançamento das manifestações que iriam ocorrer em todo país.
O tiroteio da última sexta-feira entre as forças rebeldes da Renamo e agentes da FIR, no distrito de Marínguè, reprimiu os seguidores de Afonso Dlhakama a realizarem as manifestações que estavam agendadas para domingo passado em protesto à recusa de diálogo de renegociação do AGP  por parte do governo da Frelimo.
Pelas reuniões do partido realizadas ao longo da semana junto de algumas comunidades na cidade da Beira, tudo levava a crer que as anunciadas manifestações não faziam parte daqueles discursos violentos.
Mas pela ironia de distino e questões obscuras, os membros, simpatizantes e militantes das partes e a massa viva que apoiava a referida manifestação não se fizeram à rua.
Ao certo ninguém do partido quer mostrar a cara para explicar o fracasso.
No entanto, especuladores da praça presumem que a Renamo tenha receado investidas violentas da polícia moçambicana por esta ter lançado um alerta vermelho contra os que iriam aderi-las, alegadamente por serem ilegais.
As principais artérias da cidade e os lugares públicos com maior aglomeração populacional estão guarnecidos por um contigente policial.
 

1 comentário:

Anónimo disse...

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