sábado, 18 de agosto de 2012

Moçambique: Situação económica é "muito crítica", diz economista João Mosca

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O economista moçambicano João Mosca considera que a situação económica de Moçambique é "muito crítica" e diz que o país é "dos mais corruptos do mundo".
Economista e professor, doutorado em Economia Agrária e Sociologia Rural, João Mosca comentava à Agência Lusa os recentes conflitos em Maputo, resultantes de protestos populares pelo agravamento do custo de vida, e a  decisão do Governo de subsidiar produtos básicos, entre eles o pão, e  congelar aumentos nos salários dos políticos.
"No contexto em que foi tomada, não havia margem para outra decisão do  Governo", mas "medidas que deviam ter sido tomadas não foram" e o Executivo  "não sabe o que fazer", disse.
A decisão de subsidiar os produtos "foi política" e o Governo moçambicano,  no entender do economista, não sabe que reflexos terá no Orçamento do Estado  nem que consequências terá na economia.

João Mosca deu o exemplo do pão, que o Estado terá de financiar com cerca de  400 mil dólares por dia, sem ter esses recursos.
E quanto à contenção da despesa, congelando por exemplo os aumentos de  políticos, disse João Mosca que não é "completamente verdade", porque há  suspensão de aumentos mas mantém-se a atual situação e por isso "não tem  efeitos práticos".
No entender do responsável, "a situação é muito crítica economicamente" em  Moçambique, onde "o volume de subsídios é imenso", onde o Estado está  endividado, e onde o Governo "viveu muito à custa de uma suposta  estabilidade que já se sabia que não existia".
"A economia moçambicana há muitos anos que de estabilidade tem muito pouco"  e há "estudos internos que demonstram que a estabilidade é injetada de  recursos que a economia não cria", disse João Mosca, acrescentando que os  subsídios vão agravar o défice publico, a dívida pública e a pressão sobre o  metical.
"Na Agricultura, a produtividade é hoje igual ou inferior à de há 40 anos, a  produção alimentar por habitante é 40 por cento menos do que há 40 anos. E  não são números meus, são do Governo", acusou o economista, para quem não se  pode atribuir as culpas à guerra civil, porque "já passaram 16 anos e a  produtividade continua igual".
Ainda segundo João Mosca, "o discurso que dá ideia de que Moçambique é um  país das maravilhas não é verdadeiro e não é sustentado". "Já falo nisto há  três ou quatro anos", assegurou.
Na semana passada, confrontos entre população e polícia, nas cidades de  Maputo e Matola, provocaram 18 mortos, segundo fontes clínicas contactadas  pela Lusa, ainda que o Governo só reconheça 14 mortes.
A população protestava contra o aumento dos preços da água, luz e pão. Na
terça feira, o Governo suspendeu os aumentos e congelou os preços,  prometendo que iria subsidiar, nomeadamente as panificadoras, que aumentaram  o preço do pão devido ao aumento também do preço da farinha.
FP.
 LUSA – 09.09.2010
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