sexta-feira, 10 de agosto de 2012

DIALOGANDO - Reminiscências da guerra

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JÁ disse várias vezes aqui que recordar é um imperativo da verdade, tanto mais quando ela (recordação) está inculcada nas nossas profundas consciências como seres humanos que sofremos muito no passado por causa por, exemplo, da guerra, calamidades naturais, acidentes de viação e outras situações adversas da vida.
Maputo, Quinta-Feira, 9 de Agosto de 2012:: Notícias
E por falar da guerra, diga-se que é um mal que não deveria existir, pois provoca consequências nefastas nas sociedades humanas. Para isso, todos os seres humanos precisariam de tomar atitudes correctas, pautando pelo diálogo permanente na resolução dos seus problemas ou diferendos.
Em todos os países do mundo onde houve guerra, esta deixou reminiscências profundas e negativas na consciência das pessoas. É o caso do nosso país, onde durante 16 anos a guerra fez muitas vítimas, além da destruição de importantes infra-estruturas, entravando, assim, o rumo que o país seguia em termos de desenvolvimento social e económico, depois da conquista da independência nacional.
É certo que no período que se seguiu à independência nacional o país não tinha quadros qualificados em vários sectores de actividades, que pudessem contribuir ou assegurar o desenvolvimento da nação, depois de a maior parte deles, que eram estrangeiros, ter saído de Moçambique. Mas estejamos cientes de que o factor guerra também terá sido decisivo para a estagnação da nossa pátria. Há muitos episódios macabros dessa guerra que não se podem olvidar, embora tenha terminado.
As muitas mortes causadas pela Renamo na zona de Murravale, Muataua e Caramaja, por exemplo, serão sempre recordadas com mágoa. A própria Igreja Católica, que muito contribuiu para o fim do conflito armado em Moçambique, também se lembra com profunda mágoa a perda do seu querido padre na zona de Murravale, e que dada a agressividade dos homens da Renamo não foi possível retirar do local o corpo, onde até hoje jaz. Na vila de Malema, situada entre rios, muitas pessoas morreram por afogamento quando a Renamo atacou. Foi um ataque feroz que deixou alguns veículos blindados dos soldados do Governo destruídos. À semelhança do que acontece noutros pontos do país, essa ferocidade hoje continua a ser testemunhada através de algumas infra-estruturas destruídas, que ainda não foram recuperadas naquela vila.
Foi preciso levar a cabo, sem demoras, um conjunto de acções concretas que facilitassem o entendimento entre os protagonistas, neste caso o Governo e a Renamo, para pôr fim à carnificina em Moçambique. E foi assim que se assinou o Acordo de Paz, no dia 4 de Outubro de 1992, em Roma. Aliás, esta crónica surge a propósito da celebração dos 20 anos dessa assinatura e não para “martelar” feridas quase curadas. Até porque semana passada a sociedade civil nampulense reflectiu profundamente sobre esse acordo porque, na verdade, não basta pensar que a paz é boa, torna-se necessária para daí se tirarem todos os proveitos, nomeadamente a reconciliação, respeito, patriotismo e união.
É verdade que há muitas reminiscências macabras inculcadas nas nossas mentes sobre aquele conflito, mas os nossos discursos não podem servir para esconder a ausência de convicções sobre a necessidade da preservação da paz. É preciso encarar a paz a sério e com a humildade democrática, com ideias bem demarcadas de querer desenvolver o país e não como um mero exercício político. Depois do fim da guerra, é necessário que construamos um país onde a livre expressão e meios legítimos de solução de conflitos, sobretudo políticos, se processem de acordo com o jogo democrático. Continuemos a ser intransigentes defensores da democracia e da sua consolidação aliado à unidade nacional na nossa pátria.
  • Mouzinho de Albuquerque

Comments

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Francisco Moises said in reply to Macaco Novo...
What is good for the goose must also be good for the gander! Isn't it?
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umBhalane said...
A LUTA É CONTÍNUA.
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Macaco Novo said in reply to Francisco Moises...
Renamistas não precisam de dizer nada neste blog. Já temos o Francisco Moisés que vem sempre à frente - ora para bater na Frelimo, quando quer defender a Renamo, ora para bater na Renamo quando quer defender-se a ele próprio.
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Francisco Moises said in reply to umBhalane...
Caro umBhalane,
Talvez eu tivesse sido o primeiro a ter a tentaçao de comentar sobre este artigo, mas cheguei a conclusao de que nem merecia um comentario sequer visto que se tratava duma regurgitaçao da propaganda da Frelimo. Veja que o artigo do tal Mouzinho de Alburqueque nao fala das causas da guerra. É porque ele deu a entender que a guerra nao tinha a razao de ser visto que so foi lançada para baralhar ou frustrar o desenvolvimento que a Frelimo empreendia.
Este artigo nao tem nenhum valor intelectual. Falou da agressividade da Renamo que teria matado um padre. Quem matou o padre Gwenjere, foi a Renamo? Quem matou os prisioneiros politicos a fogo em Mitelela -- foi a Renamo, como alias o inhacoso Sérgio Vieira dito que foram mortos aquando dum ataque da Renamo ao campo da concentraçao da Frelimo para o qual ele, Sérgio Vieira como o terrivel juiz de Nachingwea os tinham enviado e se encontravam? Sabe se, porem, que a Renamo em 1977 nao tinha começado a operar em Niassa.
Que provas tem ele para dizer que os tais massacres dos lugares que citou nao foram perpetrados pela Frelimo? Quem trouxe os zimbabweanos,os tanzanianos, os russos que pilotavam os helicopteros Mi-24 durante a guerra civil -- foi a Renamo ou a Frelimo? Quem afinal de contas desencadeou a guerra contra a Igreja catolica e mandou muitos padres e fiéis a campos de concentracao, ditos de re-educaçao, foi a Renamo ou a Frelimo?
Obviamente, a Renamo de Afonso Dhlakama é tambem muito inutil -- uma grande e triste brincadeira. Até hoje, a Frelimo diz a propaganda que quer e nenhum renamista diz nada neste blog que os renamistas deviam estar a visitar como faz os agentes da Frelimo que nao evitam em assaltar comentadores visto que estes escrevem coisas que eles nao querem ver reveladas.
Ha! os renamistas nao podem visto que ninguem na Renamo deve falar se o capitao-mor nao da a permissao. Todos na Renamo tem medo do capitao-mor. Que democracia é esta do pai da democracia moçambicana cuja actuaçao favorece a propaganda da Frelimo que domina as ondas sem nenhuma oposiçao?
Que pai de democracia é este que fica no poder do seu partido por 33 anos. É Magarila Machel? É Nyerere? E Banda? É Salazar? É Francisco Franco,"caudillo de Espana pela gratia de Dios?"
Sera que os renamistas nao vem que isto nao tem nada de democracia e que deviam mandar o seu caudilho passear para a Espungabera? Mabandidus como este Dhlakama que querem se fazer de dirigentes vitalicios nao se deviam admitir na Frelimo ou na Renamo.
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umBhalane said...
"Este" Mouzinho de Albuquerque deve de ser amigo ou cabrito avassalado dos N'gunis.
É que ele "ESQUECEU" de falar nos massacres da frelimo, nos bombardeamentos com napalm, até que alguns deles, com recurso a mercenários estrangeiros, para massacrar, assassinar o Povo Moçambicano.
Esqueceu também de lembrar as destruições, sabotagens da frelimo a muitas infra-estruturas de Moçambique, para obstar/parar o avanço da RENAMO - nomeadamente pontes.
Fábricas e cidades, vilas e aldeias destruídas.
Até hoje mesmo há um "MUSEU" que tudo isso recorda - o LUABO, mas há muitos outros.
Mesmo em Marromeu há vestígios da senda assassina e destruidora da frelimo, até hoje.
Mouzinho de Albuquerque quer dar lições de moral a quem?
Onde está a isenção, a bondade do seu artigo.
Mera manobra de propaganda a favor da frelimo, ainda que com recurso a palavrinhas mansas, mas envenenadas.
É bom ANALISAR bem o texto.
Conversa para inhacoso (“burro do mato”) dormir.
Fungula masso iué (abram os olhos)
A LUTA É CONTÍNUA

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